Jornais

Diário de Notícias

Diário de Notícias

Em: 21-MAI-1999

Nino renuncia sairá da Guiné e a sua cúpula está desfeita

Major Melcíades Fernandes garante que a Junta simulou um rapto para salvar presidente deposto

Carlos Albino


Arquivo DN-Eduardo Tomé ALVO. Major Melcíades diz que a Junta quis acabar de vez com a corrupção

"Nino vai renunciar, garanto", disse ontem ao DN o major Melcíades Gomes Fernandes, membro destacado da Junta Militar e um dos colaboradores mais próximos de Ansumane Mané. "E sei que vai sair da Guiné", acrescentou, sublinhando que "há uma saída" para a questão do julgamento.

Melcíades Fernandes, juntamente com o coronel Bota N'Batcha, foi quem levou Nino para o refúgio proporcionado pela embaixada portuguesa. "Foi uma espécie de rapto que tivemos que simular", explica o major Melcíades, sublinhando que de outra forma Nino não teria sobrevivido à fúria popular. E quando se dirigiu ao comando supremo da Junta para relatar o sucesso da colocação de Nino na nissão portuguesa, Ansumane Mané disse-lhe: "Foi a melhor coisa para evitar o pior."

O major Melcíades afirma que, em todo o caso, a Junta "nada vai decidir por cima do Governo, pois o que pode resolver, daqui para a frente, será apenas do âmbito militar", pelo que "a Junta não vai julgar ninguém e, se houver acusações, estas devem ser fundamentadas e correr pelos tribunais em conformidade com as leis".

"Criámos a Junta precisamente para acabarmos com a corrupção e iniciarmos uma era da maior transparência democrática possível na Guiné. Foi por termos este objectivo que ganhámos e que em torno dele houve a total adesão popular. Foi por assim dizer uma ofensiva geral, pois o que se passava na Guiné era intolerável. Basta dizer que um indivíduo que fosse acusado em tribunal por um crime bastar-lhe-ia telefonar para o Nino e este dava ordem para a acusação terminar...", diz o major Melcíades, sublinhando que Nino "tinha uma cúpula impenetrável", mas que "isso está tudo desfeito".

No entanto, foi a Junta que acabou por proteger os fiéis de Nino para evitar, tanto quanto possível, a justiça de rua. "Eles sabem disso e portanto sabemos que não vão agora organizar-se contra o nosso objectivo de reposição da legalidade e da democracia", garante o major Melcíades, para quem o Senegal, depois da pesada experiência que colheu na Guiné, "também já não quer mais conflitos militares connosco".

O major Melcíades admitiu ao DN que o Presidente senegalês Abdou Diouf já reconheceu que errou na Guiné.

Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt

ÍNDICE DO JORNAL

Contactos E-mail:

Geocities:  bissau99@oocities.com

Outros endereços referentes a este tema:

Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Geocities

Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Terràvista

     Get Internet Explorer