Em: 26-MAI-1999
Ecomog vai retirar da Guiné-Bissau
Junta destruiu duas mil minas, no intuito de chamar a atenção para a necessidade de ajuda
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da África ocidental decidiram ontem, em Lomé, a retirada das tropas da Ecomog estacionadas na Guiné-Bissau desde o início deste ano. Cerca de 600 soldados da Gâmbia, Níger, Benim e Togo foram enviados para a Guiné-Bissau como força de paz, na sequência dos acordos assinados em Abuja entre o então presidente João Bernardo Vieira e a Junta Militar.
Com a deposição de Nino, no passado dia 8, a presença da Ecomog enquanto força de interposição deixou de ter sentido, mas, ainda assim, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Ilia Barber, havia pedido no início desta semana a sua permanência. Num comunicado publicado no final da reunião de ontem, os ministros registaram o pedido de Barber, mas acordaram por consenso na retirada da Ecomog.
Entretanto, a Junta Militar procedeu ontem à destruição de 2055 minas e cinco granadas de obus, numa tentativa de chamar a atenção da comunidade internacional para a necessidade de ajuda para acções de desminagem na Guiné-Bissau. As minas, 1912 antipessoais e 143 antitanques, foram rebentadas na zona do Enterramento, na cintura de Bissau, numa operação fiscalizada pelo capitão João Miguel, do comando supremo da Junta Militar.
"Só neste pequeno perímetro calculamos que estejam colocadas mais de quatro mil minas", acrescentou. As minas terão sido colocadas pelas tropas fiéis ao ex-presidente Vieira. "As forças da Junta não precisavam de minar esta zona. As tropas de Nino Vieira, que estavam na defensiva, é que a minaram", acrescentou o responsável da Junta Militar. Segundo estimativas das Nações Unidas, deverão estar colocadas à volta de Bissau cerca de 20 mil minas, elevando-se já a mais de uma dezena o total de pessoas que, depois da guerra, foram mortas ou mutiladas por rebentamentos daqueles engenhos.
Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt
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