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Em: 07-JUN-1999

Guiné-Bissau autoriza saída de Nino Vieira

Ex-presidente abandonou ontem a capital guineense com destino a Portugal, via Gâmbia

DN-Leonardo Negrão

NORMALIDADE. O quotidiano em Bissau vai voltando ao que era

As autoridades guineenses decidiram ontem permitir a saída do ex-presidente João Bernardo Vieira do país, precisamente na altura em que se completa o primeiro aniversário da insurreição militar liderada pelo brigadeiro Ansumane Mané e que terminaria com o derrube de Nino a 7 de Maio passado.

O ex-presidente partiu ontem mesmo do aeroporto de Bissalanca para a capital gambiana, de onde seguirá "posteriormente" para Lisboa, segundo declarou à Agência Lusa o porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros português. Segundo fonte partidária citada pela Lusa, a partida de Nino - que se encontrava refugiado na Embaixada de Portugal em Bissau - foi assumida pelo Governo por motivos humanitários, dado que o seu estado de saúde requer cuidados médicos no estrangeiro.

A decisão foi tomada no decorrer de um encontro entre o Presidente interino, Malam Bacai Sanhá, o comandante da Junta Militar, Ansumane Mané, o primeiro-ministro, Francisco Fadul, os responsáveis dos partidos políticos guineenses e líderes parlamentares. O desbloqueamento da situação parece ter sido conseguido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros gambiano, Sadat Jobe, que há vários dias se encontra em Bissau.

Aparentemente, os partidos políticos não terão votado nem a favor nem contra a saída de Nino. Hoje, dia 7, completa-se o primeiro aniversário do levantamento militar, que é visto pelos pelos partidos políticos guineenses como o segundo movimento de libertação, tratando-se não já da independência, mas sobretudo da "dignidade da pessoa humana, da justiça e da democracia".

"Representa o fim do poder pelo poder e o fim da corrupção", afirma o presidente do partido da Resistência da Guiné-Bissau/Movimento Bafatá (RGB/MB), Domingos Fernandes, palavras que se assemelham às do líder do Partido da Renovação Social (PRS), Kumba Yalá, que afirma que a data representa "a verdadeira libertação da Guiné-Bissau e do povo guineense. Éramos independentes, hoje somos livres". O presidente interino do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), Saturnino da Costa, vê no 7 de Junho um levantamento militar "para repor o respeito e a dignidade do homem", enquanto para o presidente da União para a Mudança (UM), Rambou Barcelos, é um movimento "capaz de mudar a história da Guiné".

"O país viverá uma fase totalmente diferente, garantia de que vai haver uma mudança na mentalidade das pessoas, desenvolvimento e mais responsabilidade pública", afirma Kumba Yalá. Saturnino da Costa, que saúda "a reposição do respeito pela dignidade do homem", preocupa-se ainda assim em desculpar o seu partido: "Se houvesse bom senso da parte de Nino, não haveria necessidade de chegarmos aos acontecimentos de 7 de Maio de 1999. Infelizmente, o presidente nunca quis o diálogo com a outra parte e deu no que deu." Barcelos descreveu a insurreição como "resultado da estratégia de Nino de pretender estar no Poder apenas pela força das armas".

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