![]() Em: 10-JUN-1999 Nino Vieira recusa ficar na Gâmbia Estatuto de protecção garantido por Portugal ficou suspenso e tramitação do asilo político entrou numa zona de precariedade Carlos Albino ![]() Arquivo Lusa-João Relvas SALVO-CONDUTO. Nino quis a companhia do embaixador António Dias até Banjul. Foi o que lhe valeu Nino Vieira estava ontem metido num verdadeiro imbróglio sem que fosse possível caracterizar o seu estatuto desde que abandonou a embaixada portuguesa em Bissau rumo à capital da Gâmbia. O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que está a conduzir directamente o processo no que diz respeito a Portugal, disse-nos ontem ter "expectativas" de que Nino possa sair de Banjul para Lisboa "a qualquer momento", mas escusou-se a adiantar pormenores de conversas que tem mantido por telefone não só com autoridades gambianas, designadamente o MNE, Lamin Sedat Jobe, mas também com o próprio Nino Vieira. Luis Amado confirmou, no entanto, que o embaixador António Dias está a acompanhar Nino a pedido expresso do presidente guineense deposto. Amado reiterou que Lisboa não teve interferências nas negociações entre Banjul, o próprio Nino e Governo/Junta de Bissau. Entretanto, o DN soube que a situação embaraçosa em que Nino ficou colocado em Banjul resultou da forma como decorreram as negociações para a sua saída de Bissau. Fonte diplomática afiançou-nos que durante essas negociações "foi prometido a Nino uma coisa e coisa diferente à outra parte", pelo que não é possível caracterizar com precisão o estatuto do presidente guineense deposto. Também no Palácio das Necessidades ninguém ontem era capaz de definir a situação de Nino, uma vez que não tinha sido cumprida a tramitação do asilo político garantido por Portugal na sequência do pedido de Nino. Além disso, a protecção igualmente garantida por Lisboa nas instalações da missão diplomática em Bissau ficou suspensa com a partida do ex-líder guineense para Banjul num Falcon gambiano. Com existência formal apenas existe a concessão de asilo político por Portugal ao ex-presidente guinenense, mas o processo está longe de estar finalizado. As autoridades portuguesas não escondem o melindre da questão, que Luís Amado define como "essencialmente política". Estamos em condições de afirmar que Nino Vieira fez transmitir a Lisboa que não deseja ficar na Gâmbia onde se considera retido devido a escala técnica. O ex-líder guineense quer viajar para Portugal e ter a possibilidade de se submeter a vigilância médica em França. Ao mesmo tempo que a informação sobre a vontade de Nino chegava a Lisboa, o MNE gambiano, Lamin Sedat Jobe anunciava em entrevista telefónica para Dacar que o ex-presidente guineense recebera asilo em Banjul mas que ele deveria partir em breve para Lisboa num avião governamental português. Antes, a Gâmbia terá exigido aparentemente duas condições para permitir que Nino prosseguisse viagem para Lisboa. Por um lado, Banjul terá querido possuir uma prova documental oficial de que Portugal concedeu asilo ao ex-presidente guineense, o que Lisboa fez seguir independentemente da tramitação do processo nos termos da lei portuguesa. Por outro lado, outra condição de Banjul a de um encontro entre Nino com o Presidente da República da Gâmbia, Yaya Jammeh. Este encontro ocorreu ontem à tarde. Sempre acampanhado pelo embaixador António Dias, Nino deslocou-se ao interior do país e foi recebido por Yaya Jammeh num local a cerca de 300 quilómetros de Banjul, não tendo sido divulgados pormenores do encontro. Registe-se, entretanto, que Manuel Macedo, descrito pela agência Lusa como conselheiro especial de Nino Vieira, afirmou que, ao contrário do que tem sido aventado por círculos políticos portugueses, é intenção do ex-presidente "jamais voltar a falar de política e deu indicações aos filhos para não falarem de política" quando estiver em Portugal. Segundo Macedo, Nino sofre de "problemas hepáticos não especificados" e necessita de cuidados médicos "com muita urgência". Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Geocities Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Terràvista ![]() ![]() ![]() |