![]() Em: 14-AGO-1999 Reconciliação guineense não significa impunidade Presidente discursa na ausência de Ansumane Mané O Presidente da República interino da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, pediu ontem aos guineenses para meditarem profundamente sobre as causas que levaram a que disparassem uns contra os outros, como forma de se chegar à reconciliação nacional. "Vivemos uma guerra onde filhos levantaram armas contra pais, sobrinhos contra tios e cunhados contra cunhados. Este povo não pode continuar eternamente a ver as suas famílias a morrer. Temos de parar de uma vez para sempre", disse Bacai Sanhá. O Presidente lançou este apelo quando discursava na sessão de abertura da Conferência de Reconciliação Nacional, que se iniciou na base aérea de Bissalanca e em que participam delegações de todo o país e da comunidade residente no estrangeiro. Bacai Sanhá, que encerrou a cerimónia de abertura dos trabalhos, sublinhou que à luz do acordo de Abuja "ninguém pode ser perseguido por ter estado de um lado ou outro" das partes beligerantes, mas foi claro em afirmar que "quem cometeu crimes tem de responder perante a justiça". "Temos de ter coragem para denunciar as pessoas que fizeram isso", afirmou, acrescentando que "a reconciliação não pode passar pela impunidade" das pessoas que cometeram crimes. O Chefe do Estado sublinhou que a "reconciliação" tem de passar também pela justiça, uma condição que considerou indispensável "para que, de uma vez para sempre, a família guineense possa dar as mãos e afirmar que chegou a hora da mudança e do renascimento da esperança". Mas, para que isso aconteça, realçou a importância da realização das eleições na data prevista, ou seja, no próximo dia 28 de Novembro. "É um passo indispensável para que o país possa regressar à normalidade institucional. Para que tenha um presidente da República, um governo e um parlamento legitimado", frisou. Ao contrário do que estava anunciado, o comandante supremo da Junta Militar, brigadeiro Ansumane Mané, não esteve presente. O Presidente justificou a ausência por Mané estar, naquele momento, noutra reunião. A Conferência de Reconciliação Nacional, que é promovida pelo Movimento Nacional da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento, criado no decorrer do conflito político-militar, prossegue os trabalhos até amanhã com a apresentação e debate de seis temas relacionados com a reconciliação nacional e a consolidação da paz na Guiné. Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Geocities Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Terràvista ![]() ![]() ![]() |