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Em: 22-AGO-1999

Refugiados voltam à Guiné

Guineenses fugidos à guerra e acolhidos em Cabo Verde desde o Verão de 1998 regressam a casa divididos entre a esperança num futuro de paz e a apreensão quanto às condições que os esperam


Arquivo DN-Eduardo Tomé
EXPECTATIVA. Refugiados guineenses têm esperança num futuro de paz


Os navios Vigilante e Porto Novo partiram ontem do porto da Praia em direcção ao Sal com 180 refugiados guineenses que deverão viajar hoje daquela ilha para Bissau no primeiro voo da transportadora cabo-verdiana desde Junho do ano passado.

Dezenas de familiares e amigos dos refugiados guineenses, que durante mais de um ano encontraram protecção em Cabo Verde em centros de acolhimeto ou em casas particulares, deslocaram-se ao porto da Praia para a despedida.

A maioria dosa guineenses que embarcaram no Sal estavam alojados no centro de acolhimento de São Jorginho, nos arredores da cidade da Praia.

Situado a cerca de seis quilómetros dos limites da cidade da Praia, numa zona onde escasseiam outras habitações, o centro é constituído por vários edifícios térreos. Trata-se de uma estrutura criada especialmente para acolher os refugiados guineenses, e que deverá ser encerrada nos próximos dias.

Os refugiados guineenses partiram dando conta da sua esperança de que a estabilidade tenha finalmente regressado ao país, mas claramente apreensivos quanto às condições que vão encontrar.

"Tenho vontade de regressar", disse à agência Lusa Maurício, um jornalista de 23 anos que fugiu de Bissau a 12 de Junho a bordo do navio português Ponta de Sagres. "Mas quando lá chegar não vou encontrar a minha casa. Está totalmente desfeita." Maurício vivia a 200 metros do palácio presidencial. "Quando a Junta tentava atingir o palácio e falhava, acertava nas casas da zona", conta. "A minha foi uma dessas." O jovem jornalista parece expressar o sentimento da maioria ao manifestar a sua gratidão pelo acolhimento recebido em Cabo Verde. "Tivemos um tratamento adequado", diz, referindo-se aos dois centros onde esteve abrigado.

Um pequeno número de guineenses optou por ficar em Cabo Verde dado ter arranjado trabalho no arquipélago segundo fonte ligada aos acolhimento dos refugiados invocada pela Lusa.

Cabo Verde acolheu 1040 refugiados de várias nacionalidades vindos da Guiné-Bissau desde 13 de Julho de 1998 devido à eclosão do conflito armado que opôs o regime de "Nino" Vieira à Junta Militar liderada por Ansumane Mané. Dos refugiados, cerca de 600 eram de nacionalidade guineense.

As partidas individuais já registadas e as operações de repatriamento realizadas em Maio e ontem deixam ainda em Cabo Verde 250 refugiados, prevendo-se que na próxima semana seja organizado um novo voo para trnsportar mais 180 pessoas de regresso à Guiné-Bissau.

Segundo um comunicado do Ministério da Defesa Nacional cabo-verdiano, os refugiados que decidirem ficar no arquipélago ficarão "por sua conta e responsabilidade", com um estatuto igual ao de qualquer outro cidadão estrangeiro.

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