![]() Em: 15-OUT-1999 António Ribeiro Ferreira Dupla traição Portugal concedeu asilo político ao ex-presidente da Guiné-Bissau para salvar a sua vida, num momento em que os revoltosos da Junta Militar liderada por Ansumane Mané derrotaram, em definitivo, as suas tropas. O gesto do Governo de António Guterres foi bem acolhido pela generalidade dos sectores da vida nacional, até porque estava em causa uma vida e o respeito pelos direitos humanos é algo que ninguém ousa pôr em causa, muito embora na sociedade portuguesa existam ainda situações graves, devidamente assinaladas e denunciadas por diversas organizações internacionais. Dito isto, interessa agora analisar os últimos desenvolvimentos judiciais em torno da figura de Nino Vieira e o recente pedido de extradição formulado pelo procurador-geral da República da Guiné-Bissau. As suspeitas sobre a personalidade e os métodos usados pelo ex-presidente para se manter no Poder desde o golpe de 1980 não são novas. Resta saber se as acusações formuladas pelas autoridades judiciais guineenses têm alguma consistência ou são apenas fruto de um desejo de vingança sobre os vencidos de uma guerra que atirou a já pobre Guiné para a miséria absoluta. Valas comuns, assassinatos, prisões arbitrárias, corrupção desenfreada e riquezas obscenas são o pão nosso de cada dia em muitos países, nomeadamente nas ex-colónias portuguesas, com destaque naturalmente para Angola e Guiné-Bissau. Num momento em que Portugal luta em várias frentes pela independência de Timor e exige nos fóruns internacionais o julgamento dos responsáveis pela morte de milhares de pessoas e pela destruição do território, não pode haver dúvidas sobre a atitude a tomar em relação a Nino Vieira se existirem provas suficientes para o levar a responder em tribunal pelos crimes de que é acusado. Manter o asilo a um criminoso seria uma dupla traição. Ao povo português e aos timorenses que ainda hoje são vítimas das atrocidades indonésias. Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Geocities Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Terràvista ![]() ![]() ![]() |