Em: 19-NOV-1999
Guiné-Bissau tenta dar explicações a Cabo Verde
Ansumane Mané procura prevenir as críticas à Magna Carta na próxima reunião da CEDEAO
Arquivo DN-José Carlos Carvalho
OPINIÃO. Ansumane Mané: "Luís Cabral é um cidadão como os outros" Ansumane Mané foi a Cabo Verde explicar os objectivos da Magna Carta, antecipando a defesa às esperadas críticas na próxima reunião da CEDEAO, apurou o DN de fonte diplomática. Mané e a sua comitiva foram garantir que os objectivos da Magna Carta não são a introdução da ditadura, mas a consolidação da democracia, lembrando a experiência portuguesa com o Pacto MFA/Partidos e o Conselho da Revolução.
Mané e Carlos Veiga estiveram reunidos num jantar, no Hotel Trópico, com os respectivos ministros dos Negócios Estrangeiros, para uma ampla troca de informações. Mais tarde, Mané, comandante supremo da Junta Militar da Guiné-Bissau, escusou-se a comentar as discussões para a aprovação da Magna Carta, por o documento não ter sido ainda apreciado ao nível interno.
Numa conferência de imprensa de pouco mais de cinco minutos, no âmbito da visita de trabalho de cerca de 24 horas que fez a Cabo Verde, Mané reiterou que isso é um "assunto interno". "A roupa suja é lavada dentro de casa", disse Mané, acrescentando que, quando as autoridades guineenses chegarem a uma conclusão, darão "conhecimento a toda a gente".
No entanto, afirmou que "não há resistência" de partidos políticos ou de outras forças ao documento, porque "a mudança na Guiné é para todos os cidadãos". Na cidade da Praia, onde chegou, na quarta-feira à noite, para uma visita de "cortesia e para agradecer ao povo e ao Governo de Cabo Verde a sua contribuição durante o conflito" desencadeado a 7 de Junho de 1998 na Guiné-Bissau, o líder militar teve ontem audiências com o ministro adjunto e da Defesa, primeiro-ministro e presidente da Assembleia Nacional.
Da agenda constam ainda encontros com o Presidente da República e com o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades, Rui Figueiredo Soares, seu anfitrião. Guiné-Bissau e Cabo Verde são, segundo Mané, os países de "dois povos que nunca estão separados". Por isso, adiantou, "fizemos todos os esforços para virmos falar com o Governo e recordar a história que existe entre estas duas metades do mesmo povo".
O brigadeiro guineense defendeu que "está na altura de continuar e fortificar" os laços que unem os dois países, "um objectivo que vai beneficiar os dois povos". Questionado pela Agência Lusa sobre o papel reservado na Guiné-Bissau ao seu primeiro presidente, Luís Cabral, Ansumane Mané disse que ele é "um cidadão guineense e, além disso, um antigo combatente". "Tem direitos na Guiné como qualquer outro cidadão", afirmou, sem mais pormenores.
"Magna Carta" dita manifestação em Lisboa
A Associação Guineense de Solidariedade Social convocou uma manifestação para amanhã, em Lisboa, contra "a tentativa de subversão do regime democrático pela autoproclamada Junta Militar na Guiné", forçando os partidos políticos a subscreverem a denominada Carta Magna e "abrindo o caminho para se perpetuar no Poder contra a vontade expressa pelo povo no dia 28 do corrente". Às 15 horas, na Rua da Alcolena, frente à embaixada da Guiné.
Jornal Diário de Notícias: E-mail: dnot@mail.telepac.pt
Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Geocities
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