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Em: 23-NOV-1999

Militares que não querem regressar aos quartéis

Se a "Magna Carta" tivesse sido assinada pela Junta e políticos, então as eleições de domingo não fariam grande sentido

Luís Naves

O que vai fazer a Junta Militar depois destas eleições é uma pergunta para a qual os políticos liberais não encontram resposta. Informalmente, dizem-nos que há três sensibilidades na Junta Militar e que o grupo formado pelos mais modestos combatentes não pretende desmobilizar e regressar aos quartéis. Depois de ano e meio de existência da Junta, alguns dos militares não querem agora simplesmente entregar o Poder. Por outro lado, existe uma ala considerada mais aberta a um poder civil e, finalmente, há a figura do general Ansumane Mané, cujas exactas intenções não são conhecidas.

Neste contexto, é significativa a história da "Magna Carta", um abortado documento que pretendia prolongar o poder da Junta. Se tivesse sido assinada pelo presidente interino, Bacai Sanhá, pelo comandante supremo da Junta militar, Ansumane Mané, e pelos restantes políticos, então as eleições de domingo não fariam grande sentido. Perante a indignação pública, a carta foi retirada, de forma tão misteriosa como tinha surgido. O fracassado documento criava um poder paralelo que daria dez anos de gestão política aos homens da Junta Militar. O regime seria presidencial e a assembleia teria escasso poder, como, aliás, sucedeu na anterior legislatura, onde o PAIGC dominava os trabalhos parlamentares. Esta espécie de pacto entre os partidos e a Junta deveria limitar seriamente a acção do Governo.

Desaparecida a "Magna Carta", resta o problema. Irá a Junta Militar aceitar o seu desmembramento e as forças armadas a subordinação ao poder civil? Ninguém sabe responder a esta pergunta. O povo guineense decidirá no domingo, mas o general Mané tem uma palavra decisiva a dizer.

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