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Em: 05-DEZ-1999

Coligação à vista no Governo de Bissau

Partido de Kumba Ialá deverá liderar futuro executivo. Resultado acalma militares de etnia balanta

Luís Naves em Bissau

Lusa-Manuel Moura

APOSTA. Malan Bacai Sanhá ainda pode sonhar com a vitória

O PRS de Kumba Ialá venceu as eleições legislativas na Guiné-Bissau. Quando falta apurar apenas uma das nove regiões do país, os renovadores têm 158 mil votos, conseguindo eleger até agora 30 deputados. O partido de Hélder Vaz, RGB (Resistência da Guiné-Bissau - Movimento Bafatá) está em segundo lugar, com 123 mil votos e 24 deputados eleitos.

O PAIGC ocupa o terceiro, com 104 mil votos e 21 deputados. A manterem-se estes números, o PRS formará o próximo Governo, não sendo de excluir uma coligação com qualquer dos seus dois oponentes. A divulgação destes valores também deverá implicar uma distensão na situação política interna, que estava a ser comprometida por um clima de suspeição em torno dos trabalhos da Comissão Nacional de Eleições (CNE), um órgão politizado com estranhos episódios de atraso na divulgação dos resultados. Dos valores até agora divulgados, saliente-se a curiosidade de a Aliança Democrática, com apenas 29 mil votos, ter já conseguido eleger cinco parlamentares, enquanto a União para a Mudança, de Agnelo Regala, com 44 mil sufrágios expressos, apenas elegeu um.

Nas presidenciais, Kumba Ialá, com uma percentagem de votação entre os 36 e os 38 por cento, parte como favorito para a segunda volta, mas com um resultado abaixo das elevadas expectativas do seu partido. Bastante atrás, mas com boas hipóteses de vitória, está o candidato apoiado pelo PAIGC, Malan Bacai Sanhá (que obterá 26 ou 27 por cento dos votos), com peso político nas regiões muçulmanas. A sua votação foi melhor do que a do partido.

O anúncio dos resultados quase totais já com nítidas tendências deverá agora permitir suavizar a crise política que se avolumou nos últimos dias. As legislativas, dando a vitória à oposição, permitirão igualmente um equilíbrio de poderes mais saudável. A Junta Militar deverá permanecer fora da política governativa, mas o resultado permite apaziguar os militares de etnia balanta - a etnia de Kumba Ialá - e satisfazer os membros do PAIGC nas forças armadas.

Se Malan Bacai vencer na segunda volta, o equilíbrio será total, porque o PAIGC ficará com um dos três pilares do Poder neste complexo país, ao mesmo tempo que os muçulmanos evitam um excessivo domínio balanta. Se Kumba Ialá vencer, ainda haverá o contrapeso do general Ansumane Mané, de etnia mandinga e religião muçulmana. O cenário de pacificação depende, naturalmente, da aceitação destes resultados por todos os protagonistas.

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