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A saga da cidade destruidora

A arte de representar, expressar sentimentos, passar a realidade , sonhos, ilusões... São cores, formas, telas, personagens, figurinos, passos, caretas, alegrias, risos e tristezas num misto de sincronismo, música e tradição de uma Campinas que não existe mais.

Campinas sempre se destacou no cenário nacional porque era considerada a cidade que inspirava, transpirava e aspirava cultura. Em contrapartida, também se destacou por destruir tudo que fazia parte de sua tradição artística e cultural.

Há quem diga que a cidade só teve destruidores à frente do poder Executivo. Vejam só o atual prefeito Francisco Amaral (PPB) com seu projeto arquitetônico Campinas Renasce.

Parece que a cidade está em busca do novo, do inédito e jamais se renova. Até porque todos os projetos de reurbanização ou arquitetura que foram lançados, nenhum foi concluído.

Desde 1842, quando era chamada de Vila São Carlos, Campinas já começava a cavar seu próprio buraco. Para mais tarde ser apelidada de demolidora de prédios e, mais especificamente, de Teatros.

Em 21 de abril de 1816 foi publicado um edital para a construção da Casa de Câmara e Cadeia cujo terreno foi demarcado no ano de 1797. Esse prédio localizava-se na atual Praça das Andorinhas, no centro de Campinas. Resolveram transferir o prédio e em pouco tempo o demoliram.

Em 1887 são demolidas as torres da Igreja do Rosário. Não contentes e alegando mau estado de conservação optaram por derrubá-la inteira.

Em 1939 demoliram o Teatro Rink para dar lugar ao Cine Rink que desabaria em 1951. Recentemente, a prefeitura decidiu que demoliria também o Teatro José de Castro Mendes. Vereadores e cidadãos mobilizaram-se e impediram seu desabamento.

Um dos teatros mais famosos que Campinas já teve foi o falecido Teatro Municipal Carlos Gomes, posterior ao primeiro, o Teatro São Carlos que também foi demolido após 72 anos de efervescência cultural.

A história do Teatro Municipal Carlos Gomes começa em 4 de julho de 1921 e sua construção em 1924 nos moldes do teatro Opera de Paris. Nesta época Miguel Penteado era o prefeito municipal. Já em 1926, a prefeitura resolveu concluir o edifício porque o então prefeito Orosimbo Maia rescindiu o contrato com o engenheiro Mariano Montesanti.

Após oito anos de espera o prédio do teatro foi concluído em 10 de setembro de 1930.

Na noite de inauguração, uma quarta-feira, todos os convidados congestionavam as ruas 13 de Maio e Costa Aguiar. O povo assistia a chegada das distintas famílias campineiras que se dirigiam ao teatro. Nesta época, como hoje, o povo não tinha acesso ao teatro, apenas a elite. A partir daí, o dia-a-dia do teatro era repleto de apresentações de grandes companhias de teatro, óperas, saraus, cerimônias, eventos, bailes, entre outros que simbolizavam o encontro social da elite campineira. Com o tempo o teatro se popularizou, foi inaugurado no seu espaço uma biblioteca, cinema e galeria de arte.

O teatro chega ao fim em novembro de 1964 quando a Secretária de Cultura Jaci Milani e a Secretária de Obras Ondina Rocha Novaes anunciam a demolição do teatro. Imediatamente foram suspensas todas as atividades programadas no teatro e, em seguida sua interdição. Alegavam irregularidades no edifício.

Com os laudos em mãos, o então prefeito Ruy Novaes determinou a demolição do Teatro Municipal de Campinas.

As peças, em estilo italiano, que decoravam o teatro foram distribuídas por toda a cidade e região, outras tombadas pelo Patrimônio Artístico da cidade.

A demolição do Teatro Municipal foi uma das coisas que mais marcou a gestão do prefeito Ruy Hellmeister Novaes. Conhecido por suas revoluções arquitetônicas na cidade e suas equipes de demolição. Desde então, ficou taxado de " O Demolidor ". Depois de 35 anos, todo o glamour do Municipal foi abaixo, virou pó.

Patrícia Santos