Quando ligamos a tv, jamais nos passa pela cabeça
que o que assistimos não é reflexo da realidade. Não paramos para pensar que tudo o que
vemos ali é fruto de uma corrida desenfreada em busca de audiência. E nessa corrida,
não há limites. Os meios de comunicação exploram plenamente paixões primárias.
Verificamos esse jogo de sedução a toda hora. Os exemplos mais clássicos atualmente
são programas do nível de Programa do Ratinho, Leão e até mesmo Fantástico, que não
raras vezes, cai nas mais pura e clássica apelação.
O resultado dessa avalanche de socos, pontapés e
lágrimas (regados a muita encenação, claro) é que a TV se transformou em um meio de
opressão simbólica. Há um antagonismo nisso. A TV é o que há de mais forte na
representatividade da democracia, e vem sendo usada como um meio de "podar" o
conhecimento da sociedade. Opressão simbólica, uma vez que não a percebemos. Ela é
sutil, mas eficaz. Ela vai minando toda a capacidade do ser humano de ser único, uma vez
que ela gera uma uniformização social. Todos acabam pensando igual, ou seja, todos
acabam não pensando em nada.
Todo esse processo de homogeinização do ser humano
fica bem mais complexo num mundo onde, dizia o comunicador Barkelev, "ser é ser
percebido".
Apesar de todo esse processo pelo qual a TV vem
passando de emburrecimento e deseducação da sociedade, é totalmente ilógico, descabido
e desprovido de todo e qualquer sentido a volta da censura, por pior que esteja a TV.
Qualquer forma de censura, por menor que seja, constitui numa violência quanto ao pensar
e ser.
O ser humano é um ser plural, multifacetado, e como
tal, há pessoas que vieram ao mundo única e exclusivamente para aparecer. Há quem
goste, há quem recrimine. Mas todos temos o direito de nos expressarmos, e esse direito,
jamais pode ser coibido. "A censura faz com que a TV se transforme num meio de
manutenção da ordem simbólica", nas palavras de Pierre Bordieu.
Ao contrário da censura, o que o povo precisa é de
poder de escolha. E este só vem com o estudo, educação. Não se faz necessário que
alguém diga ao povo o que ver, mas sim, que todos tenham poder de discernimento do que é
útil, separando do inútil.