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Cultura e dinheiro: O problema

Campinas é uma cidade altamente industrializada, segunda maior praça bancária do país. Diante desse quadro, podemos pensar que a cidade possui, juntamente com sua tradição econômica, uma indústria cultural que acompanha seu desenvolvimento. Mas o que assistimos em Campinas, é uma indústria cultural que não funciona, empresários que possuem visões distorcidas do que seja investimento cultural.

A Clips Brasil foi ouvir a maior autoridade no assunto, em Campinas, que é o ex-secretário Municipal de Cultura, o médico João Plutarco.

Ele explicou que o que mais atrapalha o andamento de projetos culturais na cidade, é o amadorismo. "Se você apresentar um excelente projeto, com certeza, terá apoio, não só por parte da Prefeitura, mas também do empresariado campineiro, mas falta aos artistas, a visão profissional da arte". Plutarco ainda reitera. "Muitas pessoas chegam até mim com mega-projetos, investimentos altíssimos que a Prefeitura não tem a verba suficiente. Precisamos tomar cuidado para que o individual não se sobressaia sobre o coletivo", afirma o ex-secretário. "P., quem não quer R$ 15 mil por mês, você não quer?", questiona.

"Sem contar, que apenas a Orquestra Sinfônica de Campinas consome 80% da verba da Prefeitura destinada à Cultura, que é a menor de todas as Pastas", diz Plutarco. O Secretário não quis divulgar qual é o total da verba que a Prefeitura destina à Cultura.

Apesar de afirmar que tendo um bom projeto, qualquer um consegue um patrocínio, ele ressalva. "Infelizmente, os empresário tem que ter ‘o’ dinheiro, eles não gostam de gastar, nem de movimentar o dinheiro. O que gera o lucro, e cada vez mais dinheiro, é a movimentação financeira. Aqui em Campinas, se ganha muito dinheiro, mas não se reinveste esse dinheiro, ele fica parado, e dinheiro parado não gera renda", afirma Plutarco. "Em Campinas, há um desentrosamento entre Cultura e Economia", diz. "A situação é complicada. Quando alguém vai ao teatro em Londres, ou Nova Iorque, paga U$ 200,00 sem ‘chorar’, enquanto que aqui, recebo muitas ligações pedindo ingressos gratuítos, ingressos que não custam R$30,00. As mesmas pessoas que vão ao teatro no exterior, não gostam de gastar com os ‘produtos nacionais’, diz Plutarco.

Quando questionado sobre a tradição da cidade em destruir seus templos culturais (um exemplo é o teatro Carlos Gomes), Plutarco afirmou: "Quem faz uma coisa dessas, só pode ser considerado insano, é uma loucura. No Rio de Janeiro, quando demoliram o Palácio Monroe, que abrigou o senado na época em que o Rio era a capital, foi de cortar o coração. Não têm explicações essas atitudes", diz Plutarco. Ele explica. "Há falta de ligação entre desejo de manutenção dos prédios históricos e recursos", diz.

Foi perguntado ao ex-secretário, por que não se aumenta a Campanha de Popularização do Teatro, em Campinas, a resposta obtida foi: "Para quê? Para meia dúzia de pessoas que comparecem? O investimento não compensa. Aí caímos na questão da má utilização dos espaços culturais, teatros. Um dia por semana (segunda-feira) é destinado às pequenas companhias de dança, teatro, só que quase ninguém vai assistir. Acho que o problema é cultural. Se tem teatro de graça, dança de graça, e meia dúzia vão assistir aos espetáculos, numa cidade de quase um milhão de habitantes, não me resta dúvida, o problema é cultural", diz o ex-secretário.

Giovana de Paula