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No limite da vida

Poucas pessoas sabem que, para poder se recuperar plenamente, quando se está hospitalizado, se faz necessário, um trabalho que ainda é muito pouco reconhecido pelos pacientes, e também pela sociedade em geral., a Fisioterapia. O trabalho do fisioterapeuta dentro de uma UTI é tão importante quanto o de um médico.

"É um complemento indispensável", afirma o fisioterapeuta Denylton Tossi, que já foi fisioterapeuta particular da jogadora de basquete Hortência, e hoje faz parte do corpo clínico da Casa de Saúde, de Campinas

. "O fisioterapeuta é o profissional que completa a equipe multiprofissional e que, em conjunto com esta equipe, desenvolve ou evolui os procedimentos que dizem respeito ao sistema respiratório e cuidados gerais dos pacientes críticos", explica a fisioterapeuta Márcia Picoloto, do Hospital das Clínicas da Unicamp.

Para a médica Ana Cristina Rupp, a Fisioterapia é de suma importância para a recuperação. "No meu trabalho, estou fazendo com que paraplégicos que antes estavam desenganados, hoje já estão podendo dar os primeiro passos, e isso só é possível, com o trabalho intensivo da Fisioterapia", explica a médica. A Dra. Ana Cristina conseguiu sintetizar o líquido cinovial (que percorre por dentro da coluna), e através da medicação, alidada a Fisioterapia, está tendo 90% de êxito, dependendo do caso.

Algumas pessoas se referem erroneamente à UTI como CTI, Centro de Terapia Intensiva, que é o conjunto de várias UTIs sob a mesma direção, enquanto UTI é uma Unidade Intensiva. Há controvérsias sobre a criação das UTIs. O médico Renato Giuseppe Giovanni Terzi, autor de várias publicações sobre o tema, e ex-presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), diz que elas nasceram na Escandinávia em 1952, durante uma epidemia de Poliomielite. Outros dizem que nasceu durante a guerra do Vietnã, nas enfermarias improvisadas para salvar a vida dos soldados feridos gravemente.

A Fisioterapia é a profissão mais nova que as demais da área da saúde. Em 1951, o Hospital das Clínicas de São Paulo promoveu o primeiro curso para a formação de Técnicos em Fisioterapia. Associada à Terapia Ocupacional, somente foi regulamentada em 1975, data em que foram criados os Conselhos Federal e Regional.

Um dos centros de referência nacional em saúde, o Hospital das Clínicas da Unicamp, somente contratou os primeiros fisioterapeutas intensivistas em 1990. Anteriormente, os fisioterapeutas eram requisitados, quando necessário. "O fisioterapeuta é o profissional que completa a equipe multiprofissional e que, em conjunto com esta equipe, desenvolve ou evolui os procedimentos que dizem respeito ao sistema respiratório e cuidados gerais dos pacientes críticos", explica a fisioterapeuta Márcia Picoloto, do HC da Unicamp. Ela ainda reitera: "Quando se trata de saúde deveríamos falar em "condições ideais". No HC, como em outros locais, nossa grande dificuldade é com relação a recursos materiais. Só não pecamos na qualidade dos serviços realizados, porque contamos com profissionais altamente qualificados, que superam com muita criatividade os problemas decorrentes da falta de materiais e equipamentos", diz .

A deficiência na parte fisioterápica, pode ser medida até mesmo pelos números, é o que explica Denylton Tossi. "Enquanto aqui temos, em

média, 4 fisioterapeutas para cada hospital, na França, esse número chega a 100", afirma.

"Acho que estamos falando aqui de qualidade de vida. Em países desenvolvidos, não se discute mais a necessidade de implantação de alguns tipos de serviços em saúde (neste caso, a Fisioterapia), mas sim a sua qualidade de atendimento. A nossa realidade, porém, é bastante diversa. Ainda temos que pensar em prioridades, e certamente a fisioterapia ainda não foi incorporada em nossa cultura como sendo prioritária. De certa forma, não podemos falar em "morte por falta de fisioterapia", mas sem dúvida alguma, podemos falar na "qualidade de vida" daqueles pacientes que foram privados da Fisioterapia, nas seqüelas adquiridas, ou nas complicações que poderiam ter sido evitadas", diz Márcia Picoloto. Ela reitera: "Outro aspecto relevante e de suma importância para a carência de fisioterapeutas nos hospitais, é a falta de visão administrativa.

Então, veja: Um paciente hospitalizado pode ter sérias complicações decorrentes do ambiente hospitalar, da imobilização no leito, da própria doença de base que o levou à internação, etc. Supondo-se uma infecção de vias respiratórias: muitas vezes será necessário utilizar medicamentos de alto custo; o tempo de utilização daquele leito será maior do que o habitual, impedindo que outros pacientes possam ser atendidos; os recursos materiais e humanos gastos serão muito maiores", explica Márcia Picoloto..

O papel da fisioterapia é atuar não só na recuperação, como também na

prevenção destas complicações. De modo muito genérico: mantendo-se um paciente com vias aéreas livres e higienizadas, pode-se evitar infecções, o que pode permitir a alta precoce, o que exigirá menos gastos com recursos humanos e materiais. Portanto, é indispensável contar com este profissional não só no atendimento em UTI's como em todos os leitos hospitalares.

Enquanto a Fisioterapia em hospitais luta por maior reconhecimento, há um ramo da Fisioterapia que é amplamente conhecido, que é a Esportiva, pela exposição na Mídia. O trabalho na recuperação de grandes craques do esporte já mostrou a sua importância. Quanto aos fisioterapeutas intensivistas, são desconhecidos da sociedade. A maioria dos familiares dos pacientes internados desconhece sua presença, já que o contato desses, fica por conta do médico. No entanto, o trabalho do fisioterapeuta tem uma importância vital na Unidade, pois 90% dos pacientes internados na UTI se utilizam do suporte ventilatório mecânico, base do trabalho do terapeuta intensivista.

" Trabalhamos em conjunto com os médicos, na prevenção de possíveis complicações respiratórias. Esse é o início de nosso trabalho, mas também trabalhamos a parte motora dos pacientes", explica o fisioterapeuta do Hospital Mário Gatti, Leonardo Assis.

"O trabalho dentro de uma UTI, é cuidadoso, vai desde a manutenção da função respiratória, associada à ventilação mecânica, até a Cinesioterapia (Terapia dos Movimentos) e da Eletroterapia", afirma Assis.

De acordo com Denylton Tossi, o início do trabalho da Fisioterapia é a parte respiratória por que o pulmão é a parte mais sensível dos pacientes dentro da UTI. "Temos de tomar um cuidado todo especial com os pulmões por que eles são a parte mais suscetíveis às infecções", diz. "Depois de reabilitarmos o paciente, é que se inicia o tratamento da parte motora do paciente, para prevenção de escaras (feridas de difícil cicatrização que surgem pelo contato intensivo da pele com lençol), e de possíveis problemas nas articulações", diz Tossi.

"Hoje, sem o trabalho do fisioterapeuta dentro da UTI, não existe recuperação, por isso se faz cada vez mais necessária a integração médico-fisioterapeuta para que ocorra a melhora substancial no quadro clínico dos pacientes internados numa UTI ", afirma Leonardo Assis.

Giovana de Paula