O fascinante trajeto da
sexualidade humana
Freud, o pai da Psicologia, foi o responsável por
chamar a atenção da sociedade para a importância da sexualidade infantil. Ao analisar
os adultos, o cientista concluiu que os fundamentos da vida sexual e das dificuldades
sexuais faziam remissão à adolescência e infância.
De acordo com a psicóloga clínica, Josiane alberte, mestranda
pela Unicamp, o conceito de libido (termo biológico que significa a energia que está à
disposição dos impulsos vitais ou sexuais) foi usado por Freud na tentativa de mapear as
fases do desenvolvimento da personalidade humana: "Em cada fase, a pessoa deve
aprender a resolver certos conflitos específicos, originados do próprio crescimento
físico e da interação com o meio ambiente", explica.
A psicóloga conta que, na fase oral, primeiro ano de vida do
indivíduo, a libido está concentrada na porção superior do trato digestivo. "A
energia está fundamentalmente à disposição do impulso de auto-preservação,
especialmente ligada à necessidade de alimentar-se", discorre.
Estabelecida na infância e no desenvolvimento infantil, a base da
saúde sexual acredita a especialista - se dá no processo de reduplicação da
infância, a puberdade. "As aberrações e anormalidades sexuais da vida adulta são
igualmente implantadas nos tempos da infância. Além disso é nesse tempo que se
alicerça toda a saúde mental do indivíduo", diz.
A Psicologia acredita que a fase anal corresponda ao segundo e
terceiro ano de vida. Neste período, a energia libidinosa, concentra-se no ânus da
criança, o que explicaria o fato dos pequeninos não conseguirem segurar o cocô. Esta
prática, seria uma forma de atrair a atenção dos pais e este ato representaria uma
forma da criança também lidar com a carência afetiva. Já na fase fálica, o interesse
libidinoso dirige-se de acordo com Josiane Alberte, para os órgãos genitais. "Neste
período, que vai dos três aos cinco anos, a criança passa pela mais importante
experiência de seu desenvolvimento psicológico. Nesta fase, alguns pais acham difícil
suportar as tendências que as crianças têm de dominar o ambiente familiar em função
do seu progenitor do sexo oposto.".
Para Josiane, nem todos os pais compreendem que a criança passa
por um difícil conflito emocional e que precisa de apoio. Exemplificando, ela acredita
que o menino ao dirigir-se para outras mulheres, do lar ou de fora, vai aos poucos
dessexualizando sua ternura para com a mãe e imagina que, no futuro, será
tão valoroso quanto o pai, casando-se com uma mulher tão boa quanto a mãe. A psicóloga
recomenda que a educação sexual na fase fálica deva ser simples, recatada e segura na
explicação de conceitos e demonstração de atitudes. "Para tornar-se um adulto
sexualmente normal, uma criança não precisa, por exemplo, presenciar os pais nus ou
participar de conversas de adultos cheias de espontaneidade no que se refere a
sexo, como querem alguns. Pelo contrário: ela deve ser protegida de cenas e experiências
que ainda não possam compreender e dominar, para evitar angústias e frustrações",
recomenda a psicóloga.
Masturbação: um problema da
sexualidade infantil?
Embora a masturbação seja revestida de preconceitos e estigmas,
uma grande parte da Psicologia a encara como um fenômeno normal e universal
no desenvolvimento da personalidade. Josiane Alberte é adepta à esta tese. "Muitas
pessoas acreditam que deva haver algum mal na masturbação, além de ser universal, é
necessária para um desenvolvimento sexual satisfatório. Desde o primeiro ano de vida, a
criança sente prazer manipulando a área genital", elucida.
Os especialistas da área comportamental acreditam que no período
fálico e na adolescência, a masturbação é mais intensa, mas nunca se constituirá num
problema social ou pessoal quando bem administrado pelos pais.
Entretanto, encarado como algo pernicioso, o ato da masturbação
poderia, em alguns casos, levar a criança a ter sentimentos de culpa e fantasias de
punição ou danos físicos, o que interferiria, mais tarde, em sua vida sexual adulta.
Fase da latência: o freiar temporário da sexualidade
Período caracterizado por uma aparente interrupção do
desenvolvimento sexual, a fase da latência vai dos cinco aos dez anos. Neste ciclo, a
criança se afasta, segundo a Psicologia, dos interesses sexuais, utilizando a energia
psíquica para o fortalecimento do ego, que se tornaria melhor equipado para
lidar com os impulsos e principalmente com o mundo externo. Nesta fase, - afirma a Dra.
Josiane " a criança tem o interesse concentrado nos estudos e, a aprendizagem
escolar, deve oferecer experiências com jogos e trabalhos".
Adolescência: o desabrochar da vida sexual
Normalmente, a fase da adolescência é dividida em três etapas:
pré-puberdade, puberdade e pós-puberdade. O amadurecimento dos órgão genitais e o
aparecimento dos caracteres sexuais secundários são fundamentais, nesta fase, para o
desenvolvimento psicológico. É também neste período que os pais, como figuras ideais,
vão sendo substituídos por pessoas fora do lar. Na adolescência, o jovem, de acordo com
a psicóloga Josiane alberte, "procura fazer tudo para ser diferente dos pais, seus
antigos objetos de identificação".
A psicóloga considera que os pais possuam uma percepção de que
os filhos estejam trocando os ideais familiares por outros externos e, isto, os deixaria
ressentidos e resistentes em relação aos jovens de casa, não compreendendo o desejo dos
adolescentes em criarem uma identidade própria. "Geralmente, por volta dos 16 anos,
o adolescente vive sua primeira paixão amorosa. Essas primeiras relações são
importantes para a afirmação da identidade masculina e feminina. Quando o jovem não
consegue afirmar sua identidade no final da adolescência, em geral é porque não
conseguiu sintetizar e integrar diversas identificações que seu ego realizou no decorrer
do desenvolvimento. O resultado, seria uma pessoa em permanente crise e que representaria
papéis difusos e contraditórios", preconiza.
A adolescência termina quando o indivíduo se convence de que tem
uma identidade formada e é capaz de viver intimamente com um membro do sexo oposto, além
de estar definido profissionalmente, bem como se tornar apto a associar-se com outras
pessoas, em condições de igualdade.
Segundo a psicóloga Josiane alberte, com estas aquisições
as de crescimento pessoal o jovem entra para a fase adulta, comumente
chamada de maturidade, que é um longo período que vai aproximadamente dos 20 aos 50
anos, isto é, do fim da adolescência até o climatério. E para encerrar seu abrangente
discorrer sobre a trajetória sexual humana, Dra. Josiane diz: "é na última fase, a
da velhice, que o indivíduo, após ter vivenciado uma gama de realizações pessoais,
pode realmente se considerar maduro sexualmente". |