Os temidos excluídos
Filhos da pobreza
DEMOCRACIA: é uma forma de regime político que
assegura uma série de direitos aos cidadãos e sua participação real nas decisões de
seus interesses. Como por exemplo, o direito de greve, a liberdade de imprensa, as
eleições diretas, etc.
A democracia é uma conquista do povo e jamais algo doado
pela autoridades. O desejo de democracia, de desfrutar de mais liberdades políticas e
econômicas existe sempre entre os povos, mas às vezes é combatido por autoritarismo.
O momento nacional caracteriza-se pelo desemprego, a
violência e a miséria que atinge metade dos 165 milhões de brasileiros. Os 40% de
brasileiros na linha da miséria (64 milhões de pessoas) que recebiam, há dois anos,
7,8% da renda nacional, recebem hoje, 8% dessa renda. Já os 10% mais ricos (16 milhões
de pessoas) que tinham 47,7% rendimentos totais do país, têm agora 49,9%. Vale lembrar:
os brasileiros ricos ficaram 11% mais ricos em comparação com seus compatriotas pobres.
No limiar do século XXI, o Brasil vive uma crise
econômica e social sem precedentes. Democrática na aparência a sociedade brasileira
ainda é essencialmente antiga e autoritária. Nosso conceito de democracia é
extremamente limitado, restrito apenas ao plano jurídico, expressando-se em frases
magníficas como: todos são iguais perante a lei ou todo cidadão tem direito
ao voto. Na realidade, sabemos que a democracia autêntica não chegou à vida
cotidiana do povo, não alterou profundamente o plano econômico-social, até porque não
democratizamos o acesso ao saber, à informação, às condições materiais mínimas para
uma vida digna. Vivemos um apartheid social.
De um lado, uma elite ostentando um padrão de vida de primeiro mundo e usufruindo
os direitos ditos democráticose do outro, uma enorme massa de subcidadãos
subempregados e subnutridos. São meninos de rua, sem-tetos, famintos urbanos vivendo na
miséria. Pessoas que têm deveres, mas não têm os mesmos direitos. São evitadas,
temidas e odiadas como se fossem os únicos responsáveis por sua desgraça. É a pobreza
gerando mais pobreza.
O Crime Organizado é mais organizado que a Comunidade e a
Sociedade. Campinas possue 960 mil habitantes, sendo que 157 mil vivem em favelas ou
ocupações, isso significa que 16,35% da população está condicionada à subcidadania
na cidade.
Ao Estado confere-se a autoridade para gerir o erário ou
fundo público através de impostos, taxas e tributos para promulgar e aplicar as leis que
definem os costumes da população lícitos, os crimes, bem como os direitos e as
obrigações dos membros da sociedade. Também se reconhece como autoridade do governo ou
Estado o poder de usar a força (Polícia ou Exército) contra aqueles que forem
considerados inimigos da sociedade (criminosos comuns ou políticos). A política então,
é um mal necessário?
Dizer que vivemos num regime de governo democrático é uma
visão cega para algo enraizado na sociedade brasileira: o autoritarismo.
Nossa sociedade é autoritária porque é hierárquica.
Divide pessoas em inferiores e superiores, quem deve obedecer e quem deve mandar. Não há
igualdade. A democracia é a criação e a garantia de direitos. Por isso, a sociedade
começou a lutar por um espaço institucional e político surgindo movimentos
ambientalistas, sociais, rurais, índios, negros...todos se articulando. Esta sociedade
que está conquistando esse poder ou direito não quer perder mais isso. O novo não está
na política, mas na cultura da sociedade que prima pela mudança. A sociedade deve buscar
o novo na reorganização da cultura, na nova cultura política, na consciência e
participação. |