- CONTROLE BIOLÓGICO -

  O controle biológico é uma técnica utilizada para combater espécies que nos são nocivas, reduzindo os prejuízos causados por elas. Comumente, esse método consiste em introduzir no ecossistema um inimigo natural (predador ou parasita) da espécie nociva, para manter a densidade populacional dessa espécie em níveis compatíveis com os recursos do meio ambiente. Quando bem planejado, o controle biológico acarreta evidentes vantagens em relação ao uso de agentes químicos, uma vez que não polui o ambiente e não causa desequilíbrios ecológicos.

    À medida que o homem toma consciência de que os inseticidas também prejudicam, procura recursos menos nocivos que possam ser igualmente eficientes no combate às pragas vegetais. É o caso do uso de inimigos naturais de pragas que possam controlar as populações, principalmente dos insetos que competem com o homem. Os canaviais, por exemplo, podem ser protegidos de certas espécies de insetos comedores das folhas da cana-de-açúcar através do uso de fungos parasitas desses insetos. É método não-poluente, específico e acarreta prejuízos praticamente desprezíveis para o equilíbrio do ambiente.

    A irradiação, com raios-gama, de machos de insetos-praga em laboratório é outra medida útil que leva à sua esterilização. Soltos na lavoura, encontram-se com muitas fêmeas, não conseguindo, porém, fecundar os óvulos. A população reduz e a praga fica sobre controle.

Abaixo, listamos alguns "controladores biológicos":

    A utilização de agentes biológicos vem alcançando, nos últimos anos, grande sucesso na preservação dos agro-ecossistemas.

    Como alternativa à aplicação indiscriminada de agrotóxicos, o Centro Nacional de Pesquisa de Algodão da Embrapa, Campina Grande, PB, vem pesquisando, para a cultura do algodão, o uso do trichogramma no controle biológico e detém a tecnologia de criação massal, através do hospedeiro de substituição Sitotroga cerealella.

    Explicando melhor, o trichogramma é um inseto diminuto, com menos de 1mm, parasitóide exclusivo de ovos. Prefere ovos de lepidópteros (borboletas) - a praga do algodão -, sendo, entretanto, parasitóide de cerca de 200 espécies de insetos. O controle de lepidópteros implica significativa redução no custo de produção, previne contra danos à cultura algodoeira, ao meio ambiente e ao homem e é inteiramente adequado ao manejo integrado de pragas. Trata-se de tecnologia de grande potencial, já praticada nos Estados Unidos, exigindo recomendações de uso em pacotes tecnológicos que devam incluir outros pesticidas seletivos.

    É uma bactéria que produz cristais protéicos insolúveis em água ou em soluções levemente ácidas. Ao serem ingeridos por larvas de certos insetos, como lagartas de Lepidoptera (borboletas), alcançam o intestino desses animais, dissolvendo-se no conteúdo intestinal, geralmente alcalino. A proteína dissolvida provoca a ruptura da parede do intestino e a morte do inseto, em conseqüência da invasão bacteriana dos tecidos.

    Peixe larvófago utilizado no combate às larvas de Anopheles (mosquito transmissor da malária).

    Moscas (dípteros) que parasitam a broca-da-cana.

    Fungo cinza que parasita insetos diversos, como lagartas, besouros, cigarrinhas etc. O micélio do fungo envolve o inseto, mumificando-o.

    Fungo branco que parasita insetos diversos (lagartas, besouros, cigarrinhas etc).

    Pequena vespa que injeta ovos em lagartas diversas (parasitas da cana-de-açúcar, do milho etc). Dos ovos eclodem larvas que destroem o inseto parasitado.

    Besouro predador de lagartas desfolhadoras.

    Inseto conhecido como joaninha, que atua como predador de diversas espécies de pulgões.

    Vírus utilizado no combate à largata-da-soja.

    O controle biológico aplicado sem um estudo prévio do comportamento biológico das espécies envolvidas pode acarretar sérios distúrbios no equilíbrio natural de um ecossistema. Na Jamaica, por exemplo, em 1872, introduziu-se o mangusto (mamífero carnívoro) para combater ratos que causavam grandes prejuízos às plantações de cana-de-açúcar. O mangusto, entretanto, cumpriu bem demais o seu papel de predador de rato. Praticamente dizimou não os ratos, como também populações diversas de outros mamíferos, além de aves terrícolas, répteis e crustáceos, alterando a harmonia do ecossistema em questão. Para completar, os poucos ratos que conseguiram sobreviver adaptaram-se à vida arborícola e acabaram constituindo uma população que voltou a causar danos significativos à cultura canavieira. Outro exemplo célebre de controle biológico malsucedido ocorreu na Austrália em 1859. Foram introduzidos nesse continente alguns casais de coelhos, com o propósito de se combater ervas daninhas que infestavam certas regiões. Os coelhos, porém, não encontraram predadores e parasitas capazes de promover a regulamentação de sua população; proliferaram intensamente, devastaram as ervas daninhas e também as pastagens que serviam de alimento ao gado, grande fonte de riqueza do continente. Os coelhos, aparentemente inofensivos, tornaram-se o maior flagelo que a Austrália havia conhecido até então. Em 1950, a Austrália importou vírus causadores da mixomatose, uma doença que se manifesta apenas em coelhos e algumas lebres. Graças a esse vírus, a população de coelhos da Austrália acha-se atualmente em equilíbrio, sendo, portanto, mantida dentro de uma densidade considerada tolerável em relação aos recursos da região.

"O crescimento na produção de trigo está sendo acompanhado por uma maior utilização do controle biológico do pulgão, uma das principais pragas que atacam essa cultura. Os agricultores que decidiram investir mais na lavoura descobriram nessa tecnologia uma forma de cortar despesas e aumentar a produtividade. O controle biológico do pulgão é feito por meio do uso de vespas, que colocam seus ovos dentro do pulgão. Dos ovos eclodem larvas que em dez dias tomam conta do corpo da praga, provocando sua morte. Durante seu período de vida (uma semana) uma vespa coloca em média trezentos ovos em pulgões, multiplicando-se rapidamente e seguindo a praga pelas plantações. Assim, sem gastar nada, os agricultores podem controlar os pulgões e reduzir sensivelmente seus gastos com inseticidas. No Rio Grande do Sul, onde em toda a área plantada com trigo (1 milhão de hectares) essa técnica está sendo utilizada, os triticultores conseguiram diminuir em 95% as pulverizações."

(Folha Agropecuária. Folha de S. Paulo, 10 de agosto de 1985).

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