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Caminho de Santiago
por Marcelo Bellon e Francelize
Um pouco de história
Século IX, Galícia. Um pastor afirma ver a luz de uma estrela indicando um túmulo no monte Libradón. A notícia chega aos ouvidos do bispo, que ordena que sejam feitas buscas para determinar o que é. O resultado é a descoberta de uma arca de mármore. O bispo anuncia que, por uma revelação divina, aqueles restos mortais são do Apóstolo Tiago. Pronto, esta criada a história, ou o mito, que levaria milhões de pessoas a fazer uma peregrinação a este local, hoje chamado Santiago de Compostela. Nobres e plebeus viajavam de todas as partes da Europa para visitar o túmulo, e assim, pagar promessas, pedir bênçãos, etc.
Mas a história começa muito antes. Após ter sido decapitado na Palestina, o corpo do Apóstolo Tiago foi roubado e levado por seus discípulos para a Galícia, para ser sepultado e então descoberto pelo pastor sete séculos depois.
Os Caminhos
Na realidade não existe um caminho oficial, nem um ponto de partida. O caminho pode ser qualquer um que você siga e te leve até Santiago. Alguns são mais famosos: o Caminho Português, o Caminho Aragonês, A via de la plata e o Caminho Francês, que é o mais conhecido e por conseqüência o mais utilizado. Foi este o Caminho que foi imortalizado por Paulo Coelho em seu livro Diário de um Mago.
A Aventura
Minhas férias estavam programadas. Iria levar minha esposa, a Francelize, para conhecer alguns lugares na América do Sul que eu já tinha visitado: Chile, Peru e culminaria com a Trilha Inca até Macchu Picchu. Faltavam 2 semanas para o embarque. Não sei porque, tive um estalo sobre o Caminho de Santiago. Já conhecia muita coisa sobre ele e tinha como plano futuro, percorre-lo. Fiquei com uma curiosidade grande de saber mais, de saber o quanto eu gastaria, quanto tempo, etc. Liguei para meu agente de viagens para saber preço de passagens, acessei alguns sites a procura de informação. Fui descobrindo que existia muita gente como eu que gostaria de ir, e tinham muitas dúvidas. No mesmo dia, conversando sobre nossa viagem para o Peru, fiz a proposta para a Francelize: "Que tal irmos fazer o Caminho de Santiago ?". Pensei que ela ia ter um ataque histérico no restaurante onde estávamos, ou ia querer me dar uma surra, afinal tínhamos nos casado a pouco mais de 6 meses e ainda tínhamos algumas dividas. Mas ela me surpreendeu. Me questionou sobre como, onde, quanto, etc. E disse: "Você é que sabe. Se você acha que eu consigo, e que podemos ir sem maiores problemas, por que não ?" A partir daí foi uma extensa corrida contra o tempo. Tinha que levantar fundos, pesquisar mais preços de passagens, informações gerais sobre o caminho, etc. A internet foi o paraíso, no site http://www.caminhodesantiago.com.br consegui tudo o que precisava. Também entrei em uma lista de discussão sobre o assunto, onde muitas pessoas que já tinham feito o Caminho davam dicas para os novatos.
De bicicleta ????
Tínhamos um problema. Para se fazer a rota que escolhemos, o Caminho Francês, teríamos que dispor de pelo menos 35 dias de viagem. Só que eu só tinha 20. Então precisaríamos ir mais rápido. Eu, como triatleta, não teria problema em pedalar por cerca de 800 Km, mas e a Francelize ? Mas era nossa única saída, fazer de bicicleta. A maior distância que ela já tinha pedalado era de 42 Km, quando ela me acompanhou em uma maratona. Muitos questionavam se ela iria conseguir, etc. Mas ela me disse: "Você não sabe como sou forte ! Vou conseguir sim !". Ok. Decidido por bicicleta, precisávamos nos preparar. Não a parte física, pois não tínhamos tempo disponível para isso, mas sim o equipamento que utilizaríamos. Ela já tinha uma Mountain Bike, mas eu só tinha a bicicleta de triathlon. Encomendei uma, então, comprei alforjes, consegui sacos de dormir, ferramentas (não que eu saberia usa-las, mas pelo menos as teria), mais informações. Só faltaram os mapas e guias que já tinham nos informado que seria fácil de conseguir lá na Espanha. Compramos as passagens com preços especiais para peregrinos, e estávamos prontos.
A Viagem
Não pode-se dizer que uma viajem tão longa poderia ser prazerosa. De Curitiba até nosso destino, foi uma viagem cansativa. Primeiro o ônibus até São Paulo (para economizar nas passagens aéreas) , depois o vôo até Madrid e depois outro até Pamplona. De lá ainda tínhamos que pegar um taxi até Saint-Jean-Pied-de-Port, 80 Km distante e já em território francês. Essa parte do táxi, foi a pior. Primeiro porque vimos a geografia que iríamos enfrentar. Sobe morro, desce morro, curva para cá, curva para lá, e sobe de novo, curva de novo. Afinal estavamos atravessando os Pirineus. Chegamos completamente enjoados por causa das curvas e da alta velocidade que o taxista ia.
Finalmente, o Caminho
Quando decidimos por começar da França, era por que queríamos percorrer o mesmo caminho que estava descrito no "Diário de um Mago" e também em outros livros. Daí, faríamos uma etapa até Roncesvalles, cruzando os Pirineus. Tínhamos a opção de ir por estrada, a mesma que tínhamos vindo ou ir pela Rota de Napoleão, que mesclava uma estrada secundária e caminhos por terra e pedras. Eu estava fazendo o Caminho como aventura e por interesse histórico e cultural, então escolhi essa rota. Fomos avisados, antes de sair do Brasil, que ela era mais difícil que a estrada, só que muito mais bonita, alem de ter 90 % do caminho asfaltado. Doce ilusão. Para cobrir os 26 Km, demoramos quase que 8 horas. Era extremamente íngreme e não podíamos pedalar quase nada. O negócio era empurrar. Já sabia que ia ter que passar por aquilo, mas logo no primeiro dia ! E tanto tempo ! O pior é que achávamos que faríamos em poucas horas e poderíamos almoçar em nosso destino e não tínhamos quase nada de comida. Ou seja, ficamos sem almoço.
Chegamos completamente exaustos e famintos. Foi aí que começamos a aprender mais sobre o Caminho e os hábitos espanhóis. Fomos nos alojar no albergue. Depois do registro (em cada albergue, ou cidade, você ganha um carimbo em uma credencial, são eles que provam que você passou pelos lugares) fomos conhecer os quartos. O preço era uma contribuição. Em muitos outros que passamos a contribuição era estipulada: variava de 2 a 3 dólares. Eu já estava acostumado com albergues, pelo menos os do Brasil, onde existem quartos e banheiros separados para homens e mulheres. Mas lá não. No máximo os banheiros os são, que não era o caso dos deste albergue.
Devidamente alojados fomos querer jantar, afinal eram 19:00 da noite. Qual não foi nossa surpresa ao descobrir ( e isso foi em 100 % dos lugares que estivemos) que os restaurantes só começavam a servir o jantar as 20:30 !!! Comemos então um sanduíche para agüentar até mais tarde. O jantar era muito bom. Em todos os lugares se repetia: tinha uma entrada, que poderia ser uma sopa, macarrão ou salada, um prato principal, alguma carne com batatas fritas, sobremesa, água ou vinho (uma garrafa) e pão. Tudo por apenas U$ 7.
Fomos dormir cedo (o albergue se fechava as 22:00). No outro dia, nem escutei meu despertador. Antes disso, lá pelas 5:30 o pessoal já começava a se movimentar e acordamos juntos, e reclamando. Aquilo lá era hora de levantar ! E ainda estava escuro, só iria começar a clarear lá pela 7:15. Tomamos café com um outro ciclista que nos deu dicas preciosas. Ele nos avisou que o melhor era ir pela estrada do que pelo caminho. Pelo menos até Logronho, pois o caminho tinha muitos trechos que eram intransitáveis para bicicletas, mesmo que fossem Mountain Bikes. E como a Francelize não tinha treinado nada para fazer o Caminho, seria melhor seguir esse conselho pois ela não teria que fazer tanto esforço. Nesse dia fomos até Pamplona. Foi um dia muito quente e aprendemos outra lição: não é bom pedalar entre 12:00 e 16:00 horas. O sol pega, mesmo ! Por isso que se levantava muito cedo nos albergues, para começar a caminhar, ou pedalar, bem cedo e fugir do sol.
Por todo o trajeto encontrávamos muitos ciclistas. Alguns como a gente, fazendo a peregrinação, outros treinando, etc. A Espanha é o paraíso para eles. As estradas são verdadeiros tapetes. Não é a toa que é um dos esportes mais populares por lá. Exemplo clássico: Miguel Indurain, 4 vezes campeão do Tour de France.
No dia seguinte tínhamos um objetivo que parecia curto: Estella a apenas 48 Km. Acho que foi o dia mais difícil ! Com certeza pegamos mais de 40ºC na caxola. A France passou mal por causa do calor e tivemos que esperar o sol baixar, escondidos em uma sombra de 1 metro quadrado a beira da estrada. Para este dia tínhamos planejado pedalar até as 11:30, e sair de novo lá pelas 15:30. Não deu. Para os próximos dias teríamos que evitar, quando o sol estivesse realmente muito forte, os horários das 13:00 as 17:00 !
Na saída de Estella o primeiro pneu furado. Eram nessas horas que eu me arrependia de não ter colocado Mr. Tuffy nos pneus. Mas a 500 m do local do furo, fomos recompensados. Tinha uma fonte de vinho. Isso mesmo ! Ao lado de uma fábrica, tinha uma torneira onde os peregrinos podiam se servir a vontade de vinho. E que vinho !!
Neste dia chegamos a Logronho, onde o albergue é fantástico. O Feliz, que é o hospitaleiro (é um voluntário que acolhe os peregrinos, dão dicas, controlam o albergue e muitos até cuidam das bolhas que são comuns entre os que fazem o Caminho a pé), disse para tentarmos novamente o Caminho, que era mais fácil. No outro dia, tentamos, mas realmente ia ficar muito pesado para a France. Voltamos para a estrada, que não era tão perigosa assim. Apesar de algumas serem bem movimentadas, os motoristas lá são bem educados e nunca passavam tirando fininha dos ciclistas.
De Logronho até Leon, estávamos na região de Castilla y Leon. Era uma planície infinita. Chegávamos a pedalar mais de 80 Km por dia, sem dificuldades. Nenhuma montanha a vista. Passávamos por plantações, a grande maioria já feita a colheita, então era como um deserto. A época que escolhemos, fim do verão, era assim mesmo. Se quiséssemos pegar os campos verdes, teríamos de ter ido na primavera (maio, junho). Esse é o nosso plano para quando voltarmos para lá para fazer o Caminho a pé. Mesmo assim foi possível comer algumas uvas e maças, colhidas na hora.
Com mais dois pneus furados, resolvi gastar um pouco e encontrei em Burgos o Mr. Tuffy. Em nenhuma outra cidade foi possível encontrar, e lá só tinha suficiente para 1 das bicicletas. Coloquei na bicicleta que a France estava andando, pois essa já tinha furado 2 vezes.
Os espanhóis são extremamente católicos. Em qualquer cidadezinha que passávamos sempre tinha uma igreja. A que mais chamou a atenção foi a de Leon, com seus mais de 1800 metros quadrados de vitrais.
Depois de Leon, nosso destino era Astorga. Durante o caminho, um outro brasileiro nos encontrou. Seu nome era Paulo e eles estava pedalando sozinho desde Pamplona. Conversamos um pouco, chegamos juntos em Astorga, e acabamos fazendo o resto do caminho juntos.
Em Astorga tivemos nosso primeiro problema com alojamento. Nós já tínhamos sido avisados que isso poderia acontecer. Tem muita gente que começa o Caminho em Leon ou até mesmo bem depois de Leon, pois a Compostela, que é o certificado que você fez a peregrinação, é entregue para qualquer um que prove (através os carimbos na credencial), que fez os últimos 100 Km andando ou os últimos 200 Km pedalando. Ah! Para poder receber a Compostela, você tem que fazer o Caminho andando, em bicicleta ou a cavalo. Então, o albergue de Astorga estava lotado. E o pior é que eles dão preferencia para quem chega a pé, que teoricamente estaria mais cansado do que quem chegou de bicicleta (não concordo com isso). Nesses albergues eles só permitem que ciclistas entrem depois das 20:30, caso ainda existam vagas. Ficamos em um hotel, fato que se repetiu até o último dia de peregrinação, para azar de minhas economias.
Um dia depois de Astorga começamos um grande desafio do Caminho. Passar pela altitude máxima que encontraríamos (1517 m). Um pouco antes desse ponto, esta a cruz de ferro, local considerado místico, onde os peregrinos deixam todo o tipo de oferenda (desde pedras até fotos, peças de roupas, moedas, ...) agradecendo por terem conseguido chegar até aquele ponto. Antes dela, passamos por pequenos povoados que lembram filmes medievais, incluindo-se as pessoas. Em Foncebadón, paramos para uma cerveja e uma sidra em uma taberna típica. O local era igual ao que imaginei que encontraria por todo o caminho, mas descobri que somente na Galícia (estávamos quase nela) encontraríamos tais lugares pitorescos. Passada a cruz de ferro, um outro desafio: uma descida de 15 Km, com uma inclinação assustadora. No meio da descida, em El Acebo, um monumento a um peregrino ciclista que morreu em acidente a pouco anos naquela região. Foi um dia incrivelmente desgastante e chegamos a Ponferrada muito cansados. O pior é que a previsão para o próximo dia era assustadora, iríamos enfrentar a subida de O Cebreiro.
Para isso saimos com as primeiras luzes do dia, teriamos que pedalar 40 Km até a base da montanha e daí subir seus temíveis 8 Km. Os 40 Km foram relativamente fáceis, poucas subidas. Paramos em Las Herrerías para almoçar. O dono da pousada / restaurante nos orientou para comermos algo leve, descansássemos e esperássemos o sol baixar para prosseguir. As 15:30 começamos a subida. Logo no início, havia uma placa com bifurcação, de um lado era para quem estava a pé do outro para os ciclistas. O sol ainda estava forte e andávamos um pouco e parávamos em uma sombra para descansar. Eu tinha como objetivo pedalar os 8 km, mas a France e o Paulo não conseguiam e empurraram quase todo o tempo. Eu pedalava 200 m e tinha que parar para descansar e esperar por eles. Também os avisava o quanto estava faltando: "Vamos lá ! Faltam só 2.800 m"; e foi assim até chegarmos no topo, em O Cebreiro.
O lugar era fantástico. Um povoado, que, igualmente a outros, parecia saído de um filme. Só que o lugar não era só para peregrinos. Muitos turistas de carro estavam lá para o fim-de-semana. Isso foi um problema para encontrarmos hotel. Fui em vários lugares até que consegui um quarto, em cima de uma taberna, provavelmente o último vago em todo o povoado, pois depois de nós vimos muitos outros procurando onde ficar e não encontravam. O Albergue estava lotado, só tinha vaga em barracas ou em um alojamento que acho que no inverno servia de estábulo. Muitos peregrinos chegaram tarde, e pareciam estar profundamente desgastados pela subida. Tínhamos pena, pois sabíamos que eles iriam para o albergue e teriam que voltar para dormir nas barracas ou no outro alojamento. Era uma noite de comemoração, o lugar era maravilhoso e tínhamos vencido o grande desafio do Caminho. Para comemorar muito vinho, e tinha um grupo bem grande de brasileiros que viraram a noite cantando nas tabernas. Resultado: ressaca no dia seguinte. Só conseguimos sair da cama depois das 10:00. Mesmo assim saímos para pedalar, eram quase 12:00. Essa foi uma das coisas que mais nos arrependemos. O Cebreiro era uma lugar que deveríamos ter ficado mais um dia. Só para descansar e curtir a vista: podíamos ver todas a Galícia, muitas montanhas que enfrentaríamos dali para frente. Depois de uns 8 Km de sobe e desce, pegamos uma descida que não estava planejada: 12 Km morro abaixo. Foi ótimo, pelo estado em que estávamos e pelo horário. Paramos em Sarria para pernoitar. Chegamos na hora certa. Entramos no hotel e veio água. Choveu quase até de madrugada.. A Galícia é famosa por chover quase todos os dias, e isso já era esperado, mas acho que o universo conspirou a nosso favor e não pegamos uma gota de água até o final do Caminho.
Tínhamos mais 2 dias até Santiago. A geografia e a vegetação peculiar da Galícia nos deixava mais animados. Subíamos um pouco, descíamos outro pouco. Passávamos por bosques. Estávamos quase em nosso objetivo.
O número de peregrinos aumentava assustadoramente. Tinha muita gente, tanto no Caminho quanto na Estrada. Tínhamos até a preocupação de não encontrar vaga nos hotéis da cidade seguinte.
Último dia. Sim, pode-se dizer que havíamos conseguido. A France sem nenhum preparo, tinha cruzado o norte da Espanha. No final teríamos mais de 800 Km, e ela foi firme e forte.
Faltando 4 Km para Santiago atingimos o último albergue antes da cidade. Em Monte do Gozo havia uma pequena cidade, não só para abrigar peregrinos, mas para atender toda uma demanda turística da região. Foi aí que cometemos nosso segundo grande erro. Apenas pegamos o carimbo nas credenciais e partimos em direção a Santiago, em vez de ficar no albergue, que era muito grande (mais de 400 lugares) e podia nos acolher sem problema de super lotação. Chegamos em Santiago cansados. Contentes, mas cansados. Acho que por isso não estávamos curtindo a cidade. Santiago é uma metrópole. Com transito, muita gente, e, aliás, muita gente mesmo. Paramos ao lado de nosso grande objetivo: a catedral de Santiago.
Primeira preocupação: conseguir a tão almejada Compostela, que iremos guardar pelo resto de nossas vidas, com muito orgulho e respeito, pois foi muito difícil de consegui-la. Depois um hotel. Grande problema. A cidade estava entupida de turistas. Era o fim das férias de verão na Europa e tinha muita gente. Depois de perguntar em vários, conseguimos um, até que perto das atrações do centro histórico.
Estávamos estressados com a cidade. Ficamos todo o Caminho imaginando como seria Santiago. Pensávamos em uma cidade, claro que não muito pequena, mas nunca imaginamos uma daquele tamanho, com tantos turistas, com tanta exploração do mito do peregrino. Em toda parte histórica, lojas que vendiam de todo o tipo de lembrança, muita gente comprando, muita gente conhecendo. Podia-se até pagar para tirar foto com um cachorro vestido de peregrino !!! Não agüentamos aquilo. O Caminho tinha sido maravilhoso. Passamos por cidades maravilhosas, conhecemos muitas pessoas incríveis, mas Santiago, infelizmente nos decepcionou. Nem pensamos muito. Fomos a Cia. Aérea e trocamos nossas passagens para o dia seguinte.
Com isso não pudemos fazer uma etapa adicional que havíamos planejado: partir de Santiago e ir até Finisterre, que fica no litoral, para fazer um ritual antigo: ir até o mar, para banhar-se e queimar as roupas usadas durante o Caminho. Claro que não íamos fazer isso ao pé da letra, mas faríamos simbolicamente, ateando fogo em alguma peça de roupa, somente.
Antes de ir embora, participamos da missa do peregrino, tiramos algumas fotos, mas nosso grande desejo era o de voltar a Saint-Jean-Pied-de-Port e começar o Caminho novamente. Mas isso terá que ficar para daqui alguns anos, bem como conhecer o suposto túmulo de São Tiago, que não conhecemos por causa da fila quilométrica que teríamos que enfrentar ...