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Foi uma aventura e tanto, não tínhamos idéia
do que iríamos encontrar e enfrentar. Saímos
da região Sul de São Paulo em direção
a Serra
do Curucutu com destino para Itanhaem.
No nosso mapa havia uma indicação de que
se fossemos por esta região estaríamos
próximos de Itanhaem.
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Durante o percurso inicial não tivemos
problemas. Ás 07:00 horas já estávamos
saindo. Tínhamos alguma coisa para
comer e Gatorade em pó para podermos
enfrentar um bom trecho de pedal. Levamos
o que pareceria ser o necessário para uma
viagem de pouco mais de 100 km.
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A estrada estava muito boa e o desempenho na
bike não podia ser melhor. Começamos a
escrever uma planilha do trecho em que iríamos
passar, justamente para colocar em alguma
publicação de ciclismo e para os nossos
amigos. Tínhamos um mapa que indicava o
caminho por toda a região Sul. Mostrava até
o trecho de serra onde estava a reserva.
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O caminho é muito bonito e não tem nada a ver
com a parte Sul da periferia de Sampa. Tinha
cara de interior. Na chegada da reserva não
encontramos ninguém e que de certa maneira
foi um alívio, pois achávamos que poderiam
nos impedir de seguir viagem.
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A reserva faz parte da serra do mar e
realmente é uma região muito bonita.
Serve muito bem para quem gosta de
fazer passeios por estradas de terra sem
movimento e terminar em uma reserva que
pode oferecer o melhor da natureza.
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O trecho até a reserva foi de uns 15 km em
média. Sem muito sobe e desce pesado.
Teve alguns lugares que tivemos dúvidas
quanto a direção a seguir, mas nada que
alguns moradores não pudessem ajudar.
Apesar que se pegássemos o caminho
errado, não seria um problema. Justamente
pela paisagem.
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Como podem ver não falo bobagem quanto a
beleza do lugar. Dentro da reserva, já na sede,
fomos informados pelo caseiro que não tinha
nenhum responsável no momento e que ele
estava para chegar.
Pedimos para continuar por um caminho que
nos levasse para a baixada e o "tiozinho" disse
que não tinha caminho e que a estrada acabava
ali. Poderíamos continuar por um caminho que
até pareceria nos levar para o começo da
descida, mas que na realidade não passava de
um mirante onde podíamos avistar o mar e
Itanhaem.
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Ele disse ainda que se voltássemos um pouco,
haveria um caminho que nos levaria a uma
trilha que desceria a serra, mas nos disse
que passaríamos por uma reserva indígena e
que seria muito difícil a travessia de bike.
Teríamos de enfrentar rios largos e muitas
descidas, o que a pé já era difícil de enfrentar.
Em suma, fomos até o tal mirante e pudemos
ver o mar e as nuvens abaixo de nós. Nada de
Itanhaém pela reserva. Só a cara de frustração,
que nesta foto não dá pra esconder.
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Mas como nem tudo é festa, voltamos e
acabamos na mesma estrada que esta na
primeira foto. Seguimos até Engenheiro
Marsilac e acompanhamos a linha do trem que
seria a segunda alternativa não muito viável
que enfrentaríamos. Estávamos conscientes que
teríamos de pedalar dentro da linha do trem,
por cima dos batentes e na nossa cabeça só o
tum, tum, tum, tum da suspensão em cada
pedaço de madeira.
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Quando estávamos por chegar na última
estação de trem antes do começo da descida
encontramos um rapaz de bicicleta que nos
alertou que não deveríamos passar em frente
a estação, pois os guardas ferroviários
impediriam nossa passagem. Seria melhor
passarmos por trás, em um morro que tem
uma estrada bem escondida que dá o
caminho exato para o desvio. O único problema
foi o toró que caiu, esperamos e comemos até
que o tempo firmasse.
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O desvio serviu, passamos a área da estação
e começamos a pior parte. Não era possível
pedalar por mais de 2 minutos pelo cascalho
por entre as duas linhas férreas. As pedras são
grandes e soltas tornando muito pesado a
pedalada. Você pode observar o ciclista entre
as linhas, mas este não é o melhor meio, tem de
entrar em uma das linhas, no meio, onde por
outro lado estão os batentes de madeira que
apesar de judiarem da suspensão e acabarem
com seu apoio no banco é a melhor e mais
rápida opção.
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A chuva voltou, ficamos um tempo no primeiro
túnel. Dentro deles é úmido e escuro, havia
momentos que não se via o chão e ficávamos
com receio de onde enfiar o pé. Outra
curiosidade é que tem buracos na extensão
do túnel que servem como refúgio para as
pessoas no caso de vir uma composição.
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Encontramos muita gente descendo com
barraca e mochila nas costas. Muitos ficavam
no meio da serra, onde acampavam junto as
pontes por causa dos rios. Não tenho idéia se
desceram toda a serra...
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Em uma parte da descida tivemos que parar
por causa de uma composição gigantesca de
vagões. Tivemos receio que nossa aventura
acabasse logo a frente, pois ela havia parado
em uma espécie de estação, que aliás
eram
várias, só que menores.
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Cachoeiras e bicas d'água não faltaram e
sempre podíamos abastecer e fazer o
Gatorade que nos dava muito apoio na
hidratação. E falando-se de hidratação,
descemos o tempo todo com uma chuva
que não incomodava, o tempo estava
quente e refrescava. Detalhe, estávamos
no feriado de carnaval de 97.
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Teve um trecho que foi gozado, o Cicero
continuou pedalando enquanto parei para
encher uma garrafinha de água. Demorei um
pouco e ouvi um apito bem forte de trem, mas
o som ainda assim não estava próximo.
Aquele apito era insistente e dava a impressão
de vir de outra área da serra, como se tivesse
uma segunda via férrea.
Comecei a pedalar e atravessei um túnel em
uma reta e fui rápido pois apesar de poder
enchergar um bom trecho após o túnel, eu não
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queria arriscar. A frente, após o túnel, tinha
mais reta e depois uma curva para a esquerda.
Minha visão era limitada até uma parte da
curva, pois via somente morro na esquerda e
morro na direita. O apito tinha ficado mais
baixo. Continuei, e... Putz! Bem na minha frente
a uns 50 metros estava aparecendo o trem,
subindo na maior velocidade, com farol aceso,
me cegando e apitando até ficar surdo. O pior é
que não sabia em que linha ele vinha, na direita
ou na esquerda. Enfim, fui para o meio e ele
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passou freando e com o maquinista mexendo as
mãos e perguntando se tinha outros ciclistas.
Bom enfrentamos um pouco mais de trilhos,
as 18:00 estávamos saindo dos trilhos. Veja
só quanto tempo. Às 20:00 estávamos
chegando em Itanhaem pela Pedro Taxi. Foi
uma aventura que não iremos mais fazer, pois
o resultado não compensou para uma segunda
partida, mas valeu como experiência e como
teste de resistência. Meu conselho?
Não faça. Porque? Hum...
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