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ZICO, MOMENTO DE DECISÃO

Já estamos vivendo o clima da próxima Copa do mundo, que na ótica dos poetas
deverá ser das mais charmosas, pois será disputada na França, palco de grandes romances
, e sofisticados desfiles de moda. De símbolos femininos que marcaram época, como
Brigite Bardot, ou da beleza clássica esfuziante de Catherine Deneuve, - a "Belle de
Jour". Ou ainda dos carismáticos personagens de ficção, como Jean Valgean e o
comissário Javert ,de os Miseráveis, de Victor Hugo, assim como, do gesto mágico da
mímica de Marcel Marçaut, tudo envolto na fragrância dos perfumes franceses.
Quando se fala na França, os devaneios e as recordações da mocidade afloram mas, quando
a bola rolar, não poderemos esquecer que ali , na terra de Platini e Jules Rimet, também
já houve grandes demonstrações de bravura e patriotismo. O povo oprimido de Paris, a 14
de julho de 1789, tomou pelas próprias mãos a Bastilha, fortaleza-símbolo do
absolutismo monárquico, ato e data que ficaram gravados na história como um marco da
Revolução Francesa, sem falar da heróica Resistência dos tempos de guerra contra
os alemães. E, o mais sério - atenção -, teremos 15 países europeus, incluindo a
França, determinados a impedir que o Brasil conquiste pela quinta vez a Copa do Mundo.
A fase do futebol romântico, que durou de 30 a 50, do futebol arte de 50 a 62, do futebol
força de 66 e do futebol total de 74, cuja máxima é competir, e de acordo com certas
circunstâncias, super-competir, esta continua prevalecendo para competições
de futebol de alto nível.
Coerente com essa filosofia parece estar, o ex-craque Zico, escolhido pela CBF como
coordenador da Seleção brasileira , que em recente entrevista, quando perguntado sobre o
destino da Seleção de 82, respondeu conformado e convencido: "Copa do mundo é para
ganhar e não para encantar".
Antes de emitir a minha opinião sobre essa modificação tão importante na Comissão
Técnica, gostaria de fazer um breve esclarecimento:
A Copa do mundo de 1970, trouxe para o Brasil, não só a posse definitiva da taça Jules
Rimet, mas também a admiração da imprensa mundial e dos especialistas, que elegeram a
Seleção Brasileira como o time do século, como a seleção melhor preparada fisicamente
, tendo atingido um estágio de organização, dos mais evoluídos, com destaque para a
Comissão Técnica.
A comissão técnica era formada por um chefe, um diretor, um supervisor, um treinador,
três preparadores físicos, dois médicos, um administrador, um tesoureiro, dois
massagistas, um roupeiro, um segurança e um cozinheiro.
Na época ainda não existia a figura do treinador de goleiros, que seria introduzida em
1974, e eu que havia feito um filme sobre os treinamentos dos goleiros europeus, e me
especializado nesse trabalho específico, me encarregava de executar.
Quanto ao cargo de chefe, ou presidente da comissão técnica, que foi ocupado e exercido
brilhantemente pelo Antônio do Passo, nas copas de 70 e 74 e pelo André
Riche em 78, gostaria de tecer algumas considerações.
O cargo de chefe da Comissão Técnica, que infelizmente foi extinguido, era dos mais
importantes no organograma da Seleção. Promovia reuniões. Debatia com os membros todos
os assuntos pertinentes. Servia , muitas vezes de anteparo aos excessos às vezes
cometidos pela imprensa, agindo como mediador. Estabelecia um perfeito elo com a
presidência da Entidade. Participava com os membros da Comissão da escolha das
concentrações que serviriam ao Brasil. Nos dias dos jogos, sentava-se no banco ao lado
do treinador e seus auxiliares, enfim, era uma figura sempre presente e importantíssima
dentro do contexto, e que, apesar de ter uma posição hierárquica superior aos membros
integrantes, jamais impôs sua autoridade para influir em uma convocação ou querer
escalar um jogador.
É importante não confundir a pessoa do chefe da Comissão Técnica, com o de chefe da
Delegação, que era uma convidado especial do Presidente da Entidade.
Considerando o que foi exposto, e tendo em vista que o Galinho de Quintino, conforme o que
foi declarado, não será um homem de campo, permito-me opinar, com a experiência de
três copas disputadas pelo Brasil. 70-74-78, que o Zico, a quem tive a honra de ser seu
preparador físico em 72/73 no Flamengo. Ele era ainda um menino franzino e iniciava uma
carreira que seria extraordinária, como jogador, e relevante como homem, e que depois de
abandonar as chuteiras, canalizou seu talento para cargos de direção, ocupando,
inclusive o importante posto de Ministro dos Esportes do Brasil, se enquadraria
perfeitamente na função de chefe da Comissão Técnica,, sendo, inclusive, mais
preservado na sua autoridade.
Quem será o assistente técnico direto, o homem de campo, e da confiança do meu querido
amigo Zagallo, para auxiliá-lo nos treinamentos com bola? Fica a pergunta.
Na preparação física, a escolha do professor Paulo Paixão é das mais felizes, por se
tratar de um profissional experiente, capaz e íntegro mas, em que desgraça caiu o
professor Luís Carlos Prima, que ajudou o Brasil a se fixar durante 4 anos, como o
primeiro do ranking da FIFA? Não sei.
Copa do Mundo é uma competição maior. Os participantes devem procurar os melhores
meios, cuidar dos mínimos detalhes para se apresentar em condições de disputá-la. Às
vezes a gente faz tudo certinho e não consegue chegar nem perto de uma boa
classificação, desgraçado daquele que negligenciar. Espero que de uma forma ou de outra
que o Brasil seja bem sucedido, mas cabe lembrar, ninguém é campeão do mundo por acaso.
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