Guimarães
A Oliveira do Largo:
“ Nos princípios do século XIV, existia junto ao
antigo Mosteiro de S. Torcato uma frondosa Oliveira, que produzia azeite
para a lâmpada do santo mártir. Arrancada mais tarde, veio
a Oliveira para Guimarães e, plantada defronte da porta principal
da Colegiada, aqui secara; e assim a deixaram ficar no mesmo lugar em que
permanecera até 1342, quando Peres Esteves colocou perto dela a
cruz que ainda se levanta debaixo do Padrão de Nossa Senhora da
Vitória. Foi colocada aqui a cruz a 8 de Setembro do ano referido
e três dias depois reverdesceu a oliveira, deitando novos rebentos
e enfeitando-se de viçosa folhagem. A noticia do sucesso atraiu
muito povo a admirar o prodígio e por esse motivo a honrar também
a Senhora que desde então se ficara chamando Oliveira. Esta Oliveira,
substituída por outras e outras, ficou sempre na Praça, que
lhe tomara o nome, resguarda por um polígono de pedra lavrada, gradeado
de ferro; até que, foi derrubado por mão ignota, na noite
de 9 de Fevereiro de 1870 (...)”
Texto de Padre António Caldas no seu livro “Guimarães
- Apontamentos para a sua História (1881).
Voto de D. João I
“Segundo descrição histórica, no Verão
de 1385, após dois meses do cerco ao Castelo, cujo alcaide ficara
fiel aos castelhanos, encontrava-se D. João I em Guimarães.
Teve aqui a noticia da nova invasão do Rei de Castela e, antes da
batalha de Aljubarrota, fez à Padroeira do Reino a promessa do seu
peso em prata se vencesse o inimigo, promessa piedosamente cumprida no
Outono do mesmo ano, como atrás se referiu.
Além do altar de prata, tradicionalmente considerado despojo
da batalha, ofereceu o Rei doze figuras de apóstolos e doze anjos
em prata, um pluvial bordado a oiro com figuras em vulto de reis castelhanos
e ainda o seu pelote de combate e a sua Lança (relíquias
patrióticas que faziam parte do tesouro da Colegiada e estão
hoje patentes no Museu Alberto Sampaio).
Em 1386, D. João I volta a Guimarães a ocupar-se
da reedificação e ampliação da Igreja românica
da Colegiada. Para que essa ampliação fosse possível,
iriam destruir-se duas galerias do claustro românico.”
Texto de Armando
Cachada
A Cantaria dos Namorados
“A cantaria dos namorados é uma peça típica
do artesanato de olaria de Guimarães. É uma cantaria dupla,
confeccionada em barro vermelho, polvilhada de mica branca e adornada de
motivos arcaicos. A cantaria maior significa a abundância que se
deseja ao futuro casal, cimentada na lealdade (a mica branca), semeada
de ilusões (as quimeras) e esperanças (os florões)
rutilantes (as estrelas).
A cantaria menor, aquela que há-de encher a maior, despida
de enfeites, significa a vida real, as incertezas do amanhã, o pão
de cada dia, as mil e uma coisa que fazem a felicidade do lar, encimada
pelo emblema da família, pelo amor da mãe (a pomba) que tudo
sacrifica ao bem estar da sua prole (os borrachos), enquanto o homem, ausente,
labuta no amanho da terra que lês dará o sustento.
Quando o rapaz escolhia aquela que deveria ser a sua companheira
fiel por toda a vida e se dispunha a fazer o pedido oficial aos pais da
“futura”, primeiro oferecia à namorada uma Cantarinha das Prendas.
Se esta era aceite, estava feito o pedido particular e desde essa altura
ficavam “comprometidos”, dependendo apenas do consentimento dos pais e
tendo estes chegado a um acordo quanto ao “dote”, a Cantarinha servia então
para guardar as prendas que o noivo e os pais da noiva ofereciam.
As prendas eram, geralmente, em ouro: cordões, tranceletes,
corações, cruzes, borboletas, estrelas, arrecadas, relicários
ou contas, tudo de harmonia com os contratos e haveres dos contratantes.
Trata-se, naturalmente, de um uso há muito posto de parte, de que
se conserva apenas a memória.”
Texto de Armindo Cachada
S .Torcato
“Reza a tradição que foi no dia 15 de Maio do ano
de 715 que S. Torcato, à época Bispo da Diocese de
Braga, morreu sob golpes de um comando muçulmano. Este bispo católico,
ao verificar a fúria dos invasores contra as populações
indefesas, numa altura em que a mourama já se encontrava às
portas de Guimarães, veio tentar dialogo com o bárbaro Muça,
acompanhado com vinte e sete fieis. A tentativa, porém resultou
numa verdadeira carnificina visto que a comitiva católica seria
ferozmente dizimada pelos invasores moemetanos.
Cerca de 600 anos mais tarde , através de estranhos sinais
emitidos pelas estrelas no firmamento, foi encontrado o local onde permanecia
o corpo do Bispo martirizado. A despeito do tempo decorrido, o corpo permanecia
intacto, sendo visíveis os golpes que o vitimaram. Ainda nos
nossos dias, o corpo incorrupto do Santo mantém-se patente aos fiéis
numa urna de vidro, comprovando a excepcional santidade de S. Torcato.
O corpo do Santo, segundo historiadores, foi encontrado numa
cova que exalava um cheiro doce e intenso.. Logo que o corpo foi daí
retirado, nesse mesmo local passou a brotar uma caudosa fonte, que se tornou
remédio para muitos aflitos e origem de inúmeras curas milagrosas.
Dando origem à denominada Fonte do Santo, esta bica milagrosa
apresenta características verdadeiramente surpreendentes. Encontra-se
ladeada por outras duas bicas de água com origem diferente e que
por vezes secam na época estival. No entanto, a bica milagrosa mantém
o mesmo caule, seja no Inverno ou no Verão.
Ao longo de sucessivas gerações muitas foram as
curas atribuídas a esta água que a tradição
popular santificou. Em cada semana que passa, muitas centenas de devotos
acorrem a este local, procurando ultrapassar os problemas de que padecem.
Muitos dos milagres proclamados nos tempos mais recentes estão de
um modo ligados à água da Fonte do Santo, que se localiza
a cerca de 300 metros do Santuário.”
V.N.Famalicão
O Santo de Landim:
“Á volta do Mosteiro de Landim, gravitam “estórias”
de santos e de miraculosas reaparições. Assim aconteceu com
D. Pedro Garcia, falecido em 1198 e ali sepultado.
Passados alguns séculos, em 1548, D. António da
Silva circulava pelos Claustros do Mosteiro e, a certa altura, sentiu um
suave cheiro. Mandou abrir a sepultura em que saiu maior fragrância
e encontrou o corpo de quatrocentos anos incorrupto, todo inteiro. Landim
conheceu nesse dia o seu primeiro Santo.”
O Penedo da Moura:
“Contam os nossos antepassados, e não só que em
Lousado existe um Penedo, chamado “O Penedo da Moura”, mas que não
é um penedo qualquer, e por isso existe uma lenda acerca dele.
Quem observar este penedo poderá notar, apesar de estarem
um pouco gastos pela erosão, uns certos desenhos que fazem lembrar
uma tigela, um prato, um garfo, uma colher e uma cama. Dizem as pessoas
antigas que isto é uma prova de que habitaram aí os Mouros
e todos esses utensílios são vestígios por eles deixados.
Contam anda que dentro do penedo habita uma Moura encantada, a qual
usa esses objectos ainda hoje.
Diz-se também que esta poderá aparecer e realizar
três desejos a quem à meia-noite em frente ao penedo ler o
livro de S. Cipriano de trás para a frente sem se enganar e sem
mostrar medo.
Como ainda ninguém conseguiu satisfazer estes requisitos
a Moura continua lá sem nunca ter aparecido a ninguém.
Conta-se ainda que já tentaram destruir o penedo colocando
bombas e ele continuou intacto.”