Mosteiro e Igreja de Landim

 O mosteiro de Landim cuja fundação se atribui em data que se situa antes do séc. X usava a regra de Santo Agostinho no séc. XII, tendo em 1562 sido unido ao de Santa Cruz de Coimbra a cuja Congregação ficou a pertencer. Em 1770 foi extinto e hoje o que dele resta em edifícios e terras é propriedade particular.
Do mosteiro, com a sua igreja anexa, natural é que existissem então os órgãos que correntemente permitiam a vida monocal, isto é, sala do capítulo, biblioteca, cozinha, refeitório, dormitórios e o claustro, este último como sempre a servir de logradouro e passeio para os frades e permitir a circulação entre os diferentes órgãos da unidade monástica. A profunda transformação que no séc. XVIII foi operada sobre este conjunto de construções, alterou totalmente outros edifícios.

Vista parcial sobre o Mosteiro de Landim

De todos os edifícios do mosteiro, só o claustro e em pequena parte escapou ao afã reformista com que tudo viu transformada a feição que naturalmente teria tido primitivamente. E do claustro, só o estilóbato é possível que seja da primitiva construção, já que a arcaria que suporta é caracteristicamente do séc. XVIII. Este estilóbato, muito simples, é capeado por lages de granito com a altura de quinze centímetros em valor médio, a quem um perfil simplesmente moldura em meia cana convexa com a altura média de seis centímetros e quebra a fria geometria da transição para a parte inferior.

 Planta da igreja de Landim

Os elementos românicos, felizmente recolhidos na Quinta do Mosteiro, são em número de onze, dos quais seis são reproduzidos em desenho, aqueles mais representativos e em melhor estado de conservação.
 Bases de colunas geminadas existem cinco, já que a analogia entre todas é notável. Em planta mede 54x30cm.
 Ora o estilóbato tem na face superior os mesmos 54cm de largura, o que tudo leva crer que esta, como aliás as outras quatro bases existentes, tenham sido bases de colunas de suporte da arcaria do claustro primitivo. Estas bases são constituídas por um plinto sobre o qual se implantam os arranques das colunas de forma bocelada e guarnecidos de apêndices decorativos de inspiração animalista nos quatro ângulos do plinto.
 Dos capiteis, de que existem seis, há um que merece atenção especial. De forma de tronco de pirâmide quadrangular, lavrado em três das faces e liso na outra, mede na base superior 46x28cm e na base inferior  capacita duas colunas geminadas de diâmetro aparente de cerca de 20cm. A sua forma com a face lateral lisa que parece ter sido concebida para se ajustar a um plano vertical e a circunstância de as colunas que suportariam não poderem ser de secção transversal total, tudo isto leva a crer que seria suportado por duas colunas geminadas, elas e ele adossados a uma superfície, bem podendo portanto pertencer ao guarnecimento de um vão. Mas a particularidade mais importante deste capitel reside na decoração de forte geometrismo mas cujos emolduramento faz lembrar a arte muçulmana na enlaçar com ritmo das linhas curvas que apresenta.

Capitel Românico de Landim

Dos restante capiteis, quatro medem no ábaco 54x34cm aproximadamente, isto é, têm dimensões comuns e ainda idêntica à das bases existentes, o que leva a admitir que estes capiteis corresponderiam a capiteis de suporte da arcaria do claustro.
Três destes capiteis têm decoração essencialmente vegetalista, representando folhagem serpeante como elemento secundário, com bastante riqueza de expressão plástica. O quatro capitel, tem decoração essencialmente animalista de nítido valor, a que elementos estilizados vegetais permitem determinar agradável contraste.
Mas de todas as peças existentes, a mais importante quanto a mim é um pequeno capitel. De forma tronco piramidal, tem a base superior quadrada com 17cm de lado e capacita na inferior um diâmetro de 12cm , talvez o do fuste da coluna cilíndrica a que pertencia. De trabalho primoroso, com decoração vegetalista, com harmonia e caracter, é uma peça extraordinária que possivelmente coroava a mainel de uma janela geminada, sobre o qual se apoiavam arcos gémeos, hipótese que alguma probabilidade me parece ter.

 Capitel no interior da Igreja

De qualquer modo, o pequeno capitel que antes referi, bem como aquele em que encontro certo sabor muçulmano são os dois elementos de mais valia que com os restantes nove constituem o pequeno mas interessante e valioso espólio do românico do extinto mosteiro de Landim. Tudo o mais que naturalmente tenha havido desapareceu a favor de uma economia que aproveitou as pedras desprezando o que de melhor eles tinham ou jaz enterrado em maior ou menor grau de destruição nos terrenos vizinhos do antigo mosteiro.

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