OBESIDADE

Hoje sabe-se que o obeso é vítima de alterações químicas e metabólicas complexas com forte substrato genético. A obesidade é reconhecida como uma doença que assume as proporções de um problema de saúde pública, sem contar o fato de ser substrato para outras doenças, gerando complicações cardiovasculares (infarto e derrame cerebral), metabólicas (diabetes e dislipidemias), ortopédicas (artroses e gota), hepáticas (esteatose e pedras na vesícula), predisposição ao câncer de útero e intestino grosso, apnéia do sono e inúmeros transtornos psicoemocionais (depressão, ansiedade e outros).

Socialmente, porém, a obesidade ainda é erroneamente encarada como sinônimo de relaxamento, preguiça, falta de determinação e indolência. O obeso é visto como um mentiroso convicto, um comilão promíscuo, a quem se deve olhar, no máximo, com desaprovadora condescendência, conformando-se com a existência dessa espécie de ser humano que não consegue exercer controle sobre sua própria aparência.

Aos gordos, é dada a indulgência da simpatia e da caricatura. Nada mais, como se não fosse capaz de amar, aplicar-se, apaixonar-se, ser diligente ou competente. A medicina questiona-se, de há muito, se são doentes inconseqüentes ou pessoas normais, como quaisquer outras, que apenas sofrem de uma doença que pode ser corretamente abordada.

Se não foi encontrada uma fórmula mágica para transformar obesos em esbeltos, ao menos as perguntas vêm sendo respondidas com novas e reveladoras descobertas a cada dia. São respostas que acenam com crescentes possibilidades da obesidade vir a ser atacada com as armas corretas, encabeçadas sempre pela lisura dos profissionais que a tratam.

Ajudar o obeso a tornar-se uma pessoa sadia, que possa viver dignamente, longe dos estereótipos que sua "sina" lhe reservou, passa pela exaustiva discussão e divulgação do tema. Responsabilidades nossas, às quais temos o dever de fazer frente.

Mas fica a pergunta: afinal, qual o peso ideal que se deve ter para evitar estas complicações ?
Peso ideal é aquele que propicia o máximo de saúde. O conceito atual de saúde, segundo a OMS é: "Estado de bem-estar físico, mental e social". Estes três elementos devem ser, portanto, valorizados por quem tenta definir seu peso ideal.

Em termos numéricos poderíamos usar duas regras práticas. Uma seria através de sua altura em metros: multiplique sua altura por ela mesma, e em seguida multiplique o resultado por 25.
Por exemplo, se você tem 1,65 metros, seu peso máximo teórico seria: 1,65 x 1,65 x 25 = 68 kg.

Mas a melhor dica é medir a circunferência de sua cintura (logo abaixo das últimas costelas) com uma fita métrica; os valores não devem ultrapassar 102 cm nos homens e 88 cm nas mulheres.

A medida da cintura é a mais significativa, pois está provado que muito mais importante que o peso ou a quantidade de gordura, é a sua localização. Sabemos que a gordura localizada preferencialmente no abdome (formato de "maçã") é muito mais prejudicial para a saúde que aquela localizada nas coxas, culotes e nádegas (formato de "pêra").

Convém lembrar que estes valores numéricos devem ser valorizados em conjunto com outros fatores. Mais importante do que os números e tabelas é o bem-estar geral do paciente em termos de saúde (repercussões metabólicas e cardiovasculares) e em termos estéticos (bem estar psicológico).

Atualmente o tratamento da obesidade se fundamenta em mudanças no estilo de vida, programação alimentar realista e balanceada e orientação sobre atividades físicas prazerosas.
Entretanto é sabido que na enorme maioria das vezes as mudanças de estilo de vida não se sustentam a longo prazo. Por isso, normalmente é necessário o uso de medicamentos para se conseguir tais mudanças. Lembre-se: os medicamentos anti-obesidade não são tão perigosos como muitos dizem, desde que sejam prescritos e acompanhados por um profissional realmente qualificado.

Nos dias atuais tem havido muitas pesquisas buscando encontrar medicamentos mais eficazes e até mesmo intervenções cirúrgicas mais seguras. É possível que num futuro próximo surjam mais opções para o tratamento da obesidade.

Infelizmente alguns "médicos" ainda receitam fórmulas que misturam anfetamínicos, tranqüilizantes, anti-depressivos, diuréticos, laxantes e hormônios tireoideanos. Essas "formulazinhas" não trazem benefício algum, expondo o paciente a graves efeitos colaterais e fazendo com que o paciente engorde quase o dobro após parar de tomá-las. Além disso, muitas adolescentes já morreram fazendo uso de tais "fórmulas".

Se você necessita de uma medicamento sério para te auxiliar na perda de peso, procure um endocrinologista ético e ele poderá te ajudar a vencer a obesidade. Não pense que apenas tomar um "remedinho" por dois meses para estar bonita no verão irá resolver o seu problema. Encare e enfrente a obesidade de forma séria, como uma doença crônica que necessita de acompanhamento qualificado e você alcançará seu objetivo.