DUILIO GALLI / PILOTO DE MOTOVELOCIDADE

 

CAMPEÃO PAULISTA EM 1957 (CENTAURO MOTOR CLUBE - SP)

 

 

RASGANDO O RETA DE CHEGADA EM INTERLAGOS COM SUA PUCH 125 CC

 

 

RECEBENDO O TROFÉU DE CAMPEÃO PAULISTA

 

Esquerda para a Direita


Duilio Galli, Eloy Goliano (Pres Centauro), Cap. Acacio Rangel, Wilson Fittipaldi "Senior"


Pouca gente sabe, mas na minha juventude fui corredor de motovelocidade, Cheguei mesmo a ser campeão paulista na categoria 125 cc do ano de 1.957. Corria com uma moto Puch de dois carburadores e consegui, além do campeonato paulista, vencer cerca de 15 corridas. Mais tarde quando a fabrica Monark resolveu investir em corridas fui seu piloto durante algum tempo.

Participei em diversos tipos de competições: 24 horas de Interlagos, Rio até Araruama, Circuito de Belo Horizonte, Circuito do Maracanã, Circuito do Ibirapuera, Interlagos, Rua Afonso Pena em Santos e muitas mais.

A Corrida mais emocionante da minha vida foi em Interlagos em 9 de agosto de 1.953. Alinharam-se diversas motos e, alem da minha Puch, havia uma Gilera 150 cc, pilotada por José de Carvalho. Essa moto "nunca havia perdido" uma corrida no Brasil. A competição foi muito disputada. Corri na frente quatro da cinco voltas sempre com mínima diferença e, volta por volta, na "Curva do Pinheirinho", em razão da disputa acirrada, saí da pista.

Não caí, mas o meu opositor foi embora. Decidido recoloquei a maquina na pista e - como se diz na gíria dos corredores... - Saí feito louco "babando na gravata". Engrenei uma terceira e volta a volta acelerei tudo o que podia. Na subida avistei a Gilera e fui a proximando, me aproximando... na reta de chegada engrenei uma quarta sem tirar o gás. Venci por meia roda!.

Naquele dia, a festa foi enorme, até no lago me atiraram o banho da vitória. Curioso foi o comentário do piloto José de Carvalho após a corrida:
- "O que eu mais senti não foi perder a competição, foi você me ultrapassar justamente onde minha noiva estava assistindo"-.

Sinceramente não tenho saudade daquele tempo. Vi muitos amigos morrerem e outros ficarem aleijados para sempre. Eu mesmo resolvi parar após um grave acidente:

Naquele dia, bastava eu dar uma volta na pista e seria o campeão daquele ano, porem a moto simplesmente não pegou. Com toda a frustação e raiva que isso me causou, resolvi competir com a minha 125 cc na prova das 250 cc, pasmem, eu estava na frente das 250 cc com a torcida de Interlagos a meu favor. Estava abusando demais e, na curva do sargento, na frente do pelotão de motos sofri violenta queda...

Por milagre não fui atropelado, porem acordei vendo o teto branco da ambulância. Nunca mais fui o mesmo. Corri ainda uns tempos, mas já não era aquela paixão...Para terem uma idéia daqueles tempos, reproduzo aqui um texto que escrevi na época:

MADRUGADA EM INTERLAGOS

Um vento sopra...
O sol ainda não surgiu. Trevas...
Apenas ao longe, ouve-se o ronco surdo das maquinas, vêem-se silhuetas de centauros
No lusco-fusco do amanhecer, minh'alma transborda de alegria, o meu ser todo participa dessa felicidade e, como um centauro, saio pista afora em busca de ilusões, deixando para trás o ronco surdo de uma paixão...
Tudo é emoção...
Tudo apaixona:
A faina do Box, os comentários e prognósticos...
È dia de carreira.
Todos tem febril atividade.
Homens e máquinas.
Em todos os peitos, os corações pulsam de ansiedade, o "suspense" é notório...
Interlagos, nós te adoramos, és parte de nossa vida, sem ti ela é vazia...
Recordações...
Corridas...
Garotas...
Súbito acordo. O sol já está alto: atordoado, ouço ainda o ronco dos motores. Ao lado jaz minha maquina...que tombo!
Oh, paixão, por tua causa entrei forte demais numa curva e... o sonho de todos os dias continuou...
Levanto-me, apanho-a e novamente deixo para trás o ronco surdo e emocionante dessa paixão...
Seu eu tivesse morrido, sonharia contigo toda a eternidade.


Extraído do livro "Andanças e Lembranças de um Pintor Caipira" - Duílio Galli


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