O salário do pecado
Elias Carlos Zoby
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Alfonso Masi Elizalde fez uma revisão das doutrinas homeopáticas, chegando à mesma conclusão dos autores anteriores que afirmaram ser a origem da enfermidade transcendental, o desacordo com a lei divina (Concepto de enfermedad y curacíon. Actas del IIAEH J. T. Kent, n. 3, 1985, p. I-52). Um dos que ele mais citou foi John Henry Allen, autor de um livro de 286 páginas chamado The Chronic Miasms: psora and pseudo-psora, que foi dos homeopatas que mais tacitamente colocou a doença como um problema metafísico e claramente religioso. Antes dele talvez apenas Charles Hempel tenha sido tão claro, embora muito menos aprofundado, quando, ao comentar o prefácio de Hering à primeira tradução das Doenças Crônicas, disse:
Uma das mais freqüentes referências de Masi era a frase "a Psora é o salário do pecado" (Concepto de enfermedad y curacíon. Actas del IIAEH J. T. Kent, n. 4, 1985, p. I-71), a qual ele atribuíu a Pierre Schmidt, e foi repetido por Rosenbaum (Miasmas. São Paulo: Roca, 1998. p. 129). Na verdade não sei se P. Schmidt fez essa afirmação, mas certamente ela antes veio de J. H. Allen, "o salário do pecado é a morte", originalmente entre aspas mas sem citar a fonte, talvez supondo que o conhecimento bíblico fosse óbvio demais para necessitar referenciação. Está em sua obra supracitada, p. 38, em que ele desenvolve a idéia de que: atrás da teoria das miasmas crônicos de Hahnemann está o "pecado ser o pai de todos os miasmas crônicos, portanto o pai da doença"; que nunca foi possível que a doença tivesse qualquer outra origem; "the wages of sin is death"; a natureza pode ocasionalmente ajudar a trazer doenças mas não se torna inimiga dele antes da queda do homem; toda a natureza foi pervertida pela maldição humana.
A mais antiga referência a ela que encontrei, e provavelmente de onde Allen bebeu, foi em Paulo de Tarso: "Porque o estipêndio do pecado é a morte. Mas a graça de Deus é a vida perdurável em nosso Senhor Jesus Cristo". (Rom. 6:23. Bíblia Sagrada. Rio de Janeiro: Barsa, 1977. p. 135.)