PONTE FORTE-REDINHA E OS 138 MILHÕES
por Boanerges Cezário*
Em tempos de arrocho fiscal, baixas arrecadações e demais dificuldades orçamentárias, os administradores públicos vem enfrentando um problema comum à maioria dos Estados e Municípios: a falta de dinheiro.
Como
é sabido, em face da difícil conjuntura econômica, a tendência
de forte controle monetário por parte do governo da União vem fazendo
com que a ajuda federal aos Estados e Municípios seja ainda mais contingenciada,
trazendo problemas ao Tesouro daqueles entes públicos , dificultando a
realização de obras e prestação de serviço
público de qualidade.
A
Ponte Forte-Redinha é uma prova inconteste dessas dificuldades.
A paralisação
dos trabalhos foi determinada pelo juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública,
Luiz Alberto Dantas Filho, após a análise de uma ação
civil de 2.500 páginas em que a promotora do Meio Ambiente, Rossana Sudário,
pedia a suspensão imediata da construção
Afora o problema
ambiental que vem sendo questionado perante a Justiça, outro problema de
igual monta se apresenta: o dinheiro necessário para construção
da obra em comento.
Segundo a Tribuna do Norte de 18/03/2005, entre os muitos
argumentos da promotora, os que mais pesaram para a decisão do juiz foram
a indisponibilidade financeira do Estado para custear todo o empreendimento -
orçado em R$138 milhões - e o fato da nova ponte estar sendo erguida
muito próxima à estrutura inacabada da primeira, que começou
a ser construída pela Cejen Engenharia mas não foi concluída
por falta de recursos.
Na mesma matéria da Tribuna o comentário
do Procurado Paulo Barra diz que "(...)considerou os argumentos insuficientes
para a paralisação da obra e disse que estava confiante quanto à
cassação da liminar.
De
qualquer maneira, penso que os dois lados, a Promotoria e Procuradoria, poderiam
chegar a um acordo.
A Justiça decidirá em breve, mas deve a Procuradoria
não só ter como objetivo a cassação da liminar, mas
também ativar a cobrança da dívida ativa, que hoje ronda
a cifra de 1(um) bi.
Assim,
a dívida cobrada pagaria a conta da ponte , ou seja, os R$ 138 milhões,
e ainda sobraria dinheiro, evitando mais endividamento do Governo estadual e mais
prejuízo para o bolso do cidadão, que na verdade é quem paga
essas contas...
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* Boanerges Cezário, Oficial
de Justiça Avaliador da 6ª Vara Federal