A Justiça do Futuro I (Em qual Justiça você quer trabalhar?)
por Boanerges Cezário*
O celular desperta às 6h15.
Imagine que após tomar café da manhã, que foi pedido pela
internet, sua televisão estará programada para ligar no Jornal
da Manhã às 7h15.
Impreterivelmente às 8h, ao invés de se dirigir ao prédio
da Justiça Federal, você se loga no site e começa a trabalhar.
Como todo o processo é virtual, você analisará tudo do seu
quarto, realizando todos os atos de comunicação processual virtualmente.
Há diversos "processos" para despachar e sentenciar, todos
minutados.
Como o Juiz do feito se encontra em Bangladesh num Seminário de Direito
Internacional, você enviará um e-mail ou acessará o SKY
e pede para que ele valide os processos. Ele julgará através de
uma senha pessoal todos os processos do dia, só restando a você
efetivar os atos de comunicação processual.
Tendo em vista que por essas horas, 12h30, já é hora de almoço,
sua Secretária Eletrônica (programada remotamente) já haverá
requisitado seu almoço, que se encontra na sua mesa, pois há uma
esteira rolante da entrada até o seu apartamento, apropriada para encaminhar
suas encomendas diárias, tipo cartas, pizzas, roupas etc.
Após o almoço, com direito à siesta, você
continua a trabalhar até às 18h virtualmente, concluindo os trabalhos
para o dia seguinte.
De Bangladesh, seu Juiz já está fazendo a distribuição
via celular com tecnologia WAP (ou outra mais avançada).
Encerrado o "expediente
virtual", é hora de abrir o notebook e acompanhar, passo a passo,
a aula de musculação e ginástica, pois, afinal de contas,
você instalou o programa "Academia Virtual". Essa aula se estenderá
até às 20h, em casa mesmo, pois você possui todos os equipamentos
de academia em casa, comprados em uma empresa ponto.com.
Após isso
tudo, é hora de cair na noite e tomar todos os chopes possível.
Afinal de contas, ninguém é de... silício.
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Boanerges Cezário, Pós-graduando
em Planejamento e Gestão Pública / Oficial de Justiça da
6ª. Vara Federal em Natal (RN).