A Justiça do Futuro II (Em qual Justiça você quer trabalhar?)

por Boanerges Cezário*

Após pegar um trânsito infernal até a porta da Justiça Federal, o servidor chega por volta das 8h ou 9h, se não tiver chovendo, se não tiver arrastão em algum viaduto de acesso ao prédio.

Em face das dificuldades financeiras, contingenciamento de orçamento, o servidor espera mais ou menos uma hora para iniciar seu expediente, pois não há computadores suficientes para todo mundo.

Por falta de financiamento na infra-estrutura, tendo em vista o pagamento de juros aos credores, o orçamento foi diminuído, e não foram feitos os investimentos de ampliação da rede, tornando os sistemas Tebas e Cretas pouco operacionais.

Como a estrutura material não atende, os processos estão todos fora de prazo.

A rede não acompanhou o fluxo de andamento processual. É preciso, então, checar constantemente o sistema para que os dados processuais não sejam perdidos, nem superestimados.

Como o Juiz do feito está substituindo em outras seções, sem conexão com a central, não poderá despachar as medidas urgentes, nem fará a distribuição automática dos processos.

Sem poder validar as decisões, o serviço ficará acumulado, atrasando também as comunicações processuais.

Com muito serviço e pouca produção, o servidor e o Juiz almoçarão dentro das dependências da Justiça, encerrando o expediente após às 18h, já bastante estressados.

Muito assoberbados de trabalho, não relaxarão e não terão tempo sobrando para o lazer.

Assim, dificilmente a qualidade no trabalho e na vida ficarão, a cada dia, mais distantes do servidor, do Juiz .

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* Boanerges Cezário, Pós-graduando em Planejamento e Gestão Pública / Oficial de Justiça da 6ª. Vara Federal em Natal (RN).