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" EXU - senhor da magia e executor da justiça kármica "





Quem são os guardiões espirituais ?

Atualmente o termo Exu se identificou na cultura popular como sendo um ser mal, de capa preta, pés de bode, de pele vermelha e de chifres, ou seja, o próprio diabo estilizado pela igreja católica em detrimento aos cultos pagãos e Sabath's de bruxaria, onde o principio masculino era representado por um homem com chifres, provavelmente em assimilação ao culto fálico primitivo.
Afirmamos que o diabo é a personificação do mal e não existe como Ser, talvez como um estado temporário de desvio da lei e nada mais. O diabo só existe dentro de nossos corações frágeis e reina nos que não dominam suas emoções e navegam conforme a maré dos acontecimentos, sem rumo certo. Portanto, não existe dualidade no reino espiritual, só há um poder, e a dualidade é uma característica dos planos densos ( matéria ) e não devemos utilizar esses conceitos para entender o plano divino.
Como muitos já ensinaram, a luta entre o bem e o mal só existe no nosso intimo e céu e inferno, são estados de espírito personificados. E definitivamente não existem duas leis, não existe no plano espiritual a disputa: Deus X Diabo, nem Arcanjo Miguel X Lúcifer, portanto, devemos assumir nossa posição de filhos de Deus ( da suprema consciência ) e eliminar o mal de nossas mentes, de nossos corações, e de nossas ações.
Como recurso decisivo recorro a um dos últimos poemas de Victor Hugo, chamado de " O fim de Satã ", onde Satã, o anjo rebelde, é também Lúcifer, o portador da Luz; Ele revela sob uma visão poética, a idéia do bem eterno e do mal passageiro, como podemos observar abaixo:

Deus Fala:
" Ó Satã, podes dizer agora: Eu viverei !
Vem, a prisão destruída aboliu o suplício !
O anjo liberto é teu filho e meu.
Essa paternidade sublime nos uniu.
O Arcanjo ressuscita e o demônio finda;
E eu apagarei a noite sinistra e nada dela restará.
Satã está morto; Renasce, ó Lúcifer celeste! "


Esse satã criado pela humanidade, hoje nas lides da magia, é erroneamente comparado as entidades chamadas de Exu. Mas, utilizando o poder da palavra ressaltamos, em aversão repugnante a comparação citada, que o termo Exud é originário da Lêmuria e significa " O povo que migrou " e Exu por sua vez, significa “Guardião”. ( conforme ensinamentos de Mestre Arapiaga da O.I.C.D. )
Então, Exu nada têm em comum com o diabo lúdico, e as esquisitas estátuas comercializadas e utilizadas arbitrariamente em terreiros, são frutos da imaginação de visionários que não enxergam nada além das manifestações dos baixos sentimentos em formas deprimentes, nos seres que lhes são afins.
O verdadeiro Exu não têm a forma que essas estátuas apresentam, digo "verdadeiro Exu" pois, muitas entidades espirituais dizem ser Exu mas não são, são na verdade os "quiumbas", os espíritos trevosos enraigados no mal e combatidos pelos Exus Guardiões.
Mas, controlar as ações do baixo Astral é somente uma das funções de Exu pois, Exu está intimamente relacionado ao movimento da magia, que se resume em repulsão e atração, e estes movimentos são os geradores do plano da energia, e do momento espiritual que vivenciamos ( matéria ). Pois, do plano Astral para baixo, reino da energia (trevas), é que consubstanciamos nossas afinidades virginais em gêneros sexuais, e é Exu com agô (licença) de seu Orixá quem promove a diferenciação dos seres, utilizando seu aspecto de Olobé. ( senhor da faca ).
E assim, Exu é chamado merecidamente de Bara (senhor do corpo) por nossos irmãos africanos mas, se Exu é o senhor do corpo; O senhor da cabeça - Ori, sede da individualidade humana, é o Orixá, como podemos observar na interpretação desse itanifá ( história dos Odus de Ifá) :
Disse Exu quando chegou ao mundo: " Mamãe eu quero comer. Eu quero um cachorro e comeu o cachorro; Eu quero um peixe e comeu o peixe, eu quero uma ave e comeu todas as aves, todos os peixes, todos os quadrúpedes. Comeu sua mãe e falou a Orumilá:
- Babá eu quero te comer.
Orumilá foi então consultar os babalaôs, ou seja, Ifá.
Consultado Ifá, este disse: você precisa de 400 mil cauries e uma espada. Quando Exu foi comer Orumilá , este tomou a espada e o perseguiu pelos nove oruns, os nove planos"

A interpretação do ângulo oculto (esotérico) dessa parábola, traduz que Exu detém o poder sobre a matéria mas, não sobre o principio espiritual. ( Orumilá )
Também, por ser o manipulador da energia etérica na formação do universos e corpos, Exu é considerado Yanguí, a protoforma humana, o produto da manifestação do masculino e do feminino, sendo portanto o terceiro e o primeiro criado na dimensão tridimensional pois, três são as manifestações de uma única coisa, tanto para baixo como para cima, conforme a doutrina egípcia de Hermes (Toth).
E três é o número de pontos necessários para se traçar um plano, pelo Grande Arquiteto (Deus), o supremo idealizador. Também é por meio do prisma triangular que se revela a pluralidade das cores da luz única... Enfim, são múltiplas as adaptações !
Como mais um dado importante, a dois mil e quinhentos anos, um chinês chamado Lao-Tse escreveu em seu milenar livro Tao Te King:

" De Tao ( divindade ) veio o Um . Do um veio o dois. Do dois veio o três.
E o Três gerou os muitos. Toda a vida surgiu da Treva, e demanda a Luz.
A essência da vida engendra a harmonia das duas forças. "

E um famoso Alquimista do século XVI, chamado Basilius Valentinus, também descreveu o processo sagrado:

" Saiba que nossa semente é produzida da seguinte maneira. Uma influência celeste desce do alto, pelo decreto de Deus, e mistura-se com as propriedades astrais. Após esta união ter ocorrido, os dois produzem um terceiro, a saber, uma substância semelhante a terra, que é o princípio de nossa semente, de sua primeira fonte, de modo que ela possa mostrar uma ascendência, e na qual três dos elementos, como água, ar, e terra, têm origem. Esses elementos trabalham subterraneamente sob a forma de fogo e produzem o que Hermes e todos que me precederam chamam os três primeiros princípios, a saber, a alma interna, o espírito impalpável e corpos visíveis, além dos quais não podemos encontrar início mais antigo no magistério. "

Aqui vale ressaltar que, a alquimia não se limitava a visão material e a busca da pedra filosofal que transformava chumbo em ouro, traduzia a iniciação e a sublimação da alma.
E os 3 princípios da Alquimia eram: o mercúrio, o sal e o enxofre. O sal é o comparado ao corpo físico, o enxofre ao espírito, e o mercúrio é o intermediário, o principal agente alquímico, a alma.
Assim ficou claro que verdade é uma só. E assim a natureza foi criada, por Exu que com agô ( licença ) do Orixá Yori ou potestade da potência divina, é o senhor da energia que carrega também seu nome pois, Exu é Elegbara - o senhor da força que a tudo preside ( etérica ). Exu trabalha no entrecruzamento das linhas de força (Encruzilhada ), e por agir diretamente na coesão da matéria ele é considerado o Orixá Telúrico. E como Orixá Telúrico e guardião das almas, Exu está vinculado ao planeta Terra ( o planeta de ronda das almas ) e vibratóriamente relacionado as correntes eletromagnéticas do planeta Plutão ( o oitavo planeta além da Terra ).
Exu é o agente mágico universal, é o veiculador que em termos comparativos equivale ao Mercúrio dos Astrólogos ( o planeta que se movimenta mais rápido, e portanto, semelhante ao mensageiro dos deuses que possui os pés alados e o caduceu nas mãos, que representa por sua vez, o conhecimento do bem e do mal ), e ao mercúrio ( metal ) dos Alquimistas.
Exu veio da hierarquia do Orixá, sendo portanto um com seu Orixá e com a lei que é uma só. O verdadeiro Sr. Exu é o executor da lei, e as entidades que baixam nos milhares de terreiros carregando com ordens e direitos o nome de Exu, são seus batedores e representantes diretos do Exu que é um só com o Orixá. Logo, Exu não vem ao reino da matéria para contradizer a lei, ou tomar partido, Exu vem para executar a lei kármica a todo custo.
E baseado nessas informações que são fatos e bússola para os sensatos, é que eu venho pedir e peço misericórdia a Exu, que é Enugbarijó - o que fala por todos, que é Osíje - intermediário de Orixá. Misericórdia, pois como disse o mestre maior, nessa terra não há um justo sequer. Misericórdia então, pela terceira vez , Exu que é senhor do destino.
E também nesse momento não poderia deixar de agradecer a Exu ( senhor dos caminhos - " Lonam " ) por me encaminhar à pessoas e obras qualificadas que abriram meus olhos para a luz da Umbanda.

Como últimas palavras dessa passagem, deixo claro que todos os nomes africanos e designações que atribui à Exu, são verdadeiramente funções que essas entidades realmente executam em seu trabalho espiritual.


 

Eduardo Parra.