Rollo May

Biografia

Rollo May nasceu em vinte e um de abril de 1909 em Ada, Ohio. Sua infância foi um pouco conturbada, seus pais não tinham uma convivência harmônica por isso acabaram se divorciando. Após este acontecimento sua irmã teve um ataque psicótico. Trabalhou um curto período no Estado de Michigan, pois se envolveu com uma revista estudantil radical e foi despedido. Logo após, passou a freqüentar a Faculdade de Oberlim em Ohio onde recebeu seu diploma de bacharel. Tendo se formado, foi para a Grécia, onde por três anos, ensinou inglês na Universidade de Anatólia. Durante este período viveu também como artista itinerante e estudou durante um curto período com Alfred Adler (1890 – 1937), um psicanalista e psiquiatra austríaco que estudou o sentimento de inferioridade, e publicou livros como: O Temperamento Nervoso: estudo comparado de psicologia individual e psicoterapia (1918) e Conhecimento do Caráter Humano (1933). Ao retornar para os Estados Unidos, entrou para o Seminário da União Teológica, onde se formou em 1938, e se tornou amigo de um de seus professores, o teólogo existencialista alemão Paul Tillich (1886 – 1965). Tillich acreditava que a teologia protestante podia incorporar uma postura crítica e os conceitos científicos do pensamento contemporâneo sem arriscar a fé cristã, para isso recorreu à psicologia aplicada e à filosofia existencialista.

Sua principal obra foi Teologia Sistemática (1963). Em 1938 May recebeu seu diploma do seminário. Quando Rollo May trabalhava em seu livro O Significado da Ansiedade, contraiu tuberculose e teve que ficar durante um ano e meio em um sanatório. Enquanto se deparava com a possibilidade da morte, preencheu seu tempo com a leitura de dois livros: O Problema da Ansiedade de Sigmund Freud (1856 –1936) e O Conceito de Angustia de Sörem Kierkegaard (1813 –1855). Em suas leituras, May percebeu que Freud e Kierkegaard divergiam em seus conceitos de angústia. O primeiro dizia que a ansiedade é o ressurgimento da libido reprimida e o segundo que a ansiedade é a luta contra o não ser. Constatou também que o descrito por Kierkegaard se enquadrava com exatidão no que ele e seus companheiros do sanatório estavam sentindo. Apesar das diferenças notadas, Rollo May não desprezou o conceito dado por Freud. Foram suas experiências de leituras somadas com sua saúde abalada e o local onde ficou durante a sua doença, que o fez se interessar profundamente pelo existencialismo e pelo que essa corrente filosófica e psicológica estava tentando transmitir.

Saindo do sanatório, foi estudar psicanálise no Instituto White onde conheceu pessoas como Erich Fromm (1900 – 1980), um psicanalista alemão que estudou a relação entre o tipo de personalidade e os conflitos sócio-econômicos. Entre as obras de Fromm destacam-se: O Medo da Liberdade (1941), A Arte de Amar (1956) e A Crise da Psicanálise (1970). Logo após, foi para a Universidade de Colúmbia, Nova Iorque, onde em 1949 recebeu o primeiro título de PhD dado por aquela instituição em psicologia clínica. Depois de receber seu título, lecionou em várias escolas e no ano 1958 editou, juntamente com Ernest Angel e Henri Ellengeber, o livro A Existência que introduziu a psicologia existencial nos Estados Unidos. Rollo May passou os últimos anos de sua vida em Tiburon na Califórnia até falecer em outubro de 1994.

Psicologia Existencial

A psicologia existencial surgiu de um movimento filosófico e literário pertencente ao século XIX e XX. O primeiro homem a pensar neste tema foi o filósofo Blaise Pascal, mas foi Sörem Kierkegaard, filósofo dinamarquês que se lançou contra a filosofia explanativa, quem primeiro utilizou o termo existencialismo. A palavra "existência" provém da raiz latina existere que significa surgir, salientar-se. O principal objetivo do existencialismo é observar o ser humano como uma pessoa existente no mundo e em evolução. Tendo em vista estes dois conceitos, podemos perceber com clareza o motivo pelo qual Kierkegaard nomeou esse movimento com tal expressão. Jean Paul Sartre é um filósofo e escritor francês muito reconhecido na psicologia existencialista. Sua primeira obra literária foi O Ser e o Nada (1943) que defendia a idéia que a existência humana se caracteriza pela capacidade de negar e rebelar-se.

Sua teoria na psicologia existencial afirma a iniludível responsabilidade de todos os indivíduos assumirem suas próprias decisões e terem liberdade de escolha. Em sua obra Dialética (1960), Sartre vê a necessidade de uma pessoa analisar a situação concreta onde vive, tornando-se solidário aos acontecimentos sociais e políticos de seu tempo. Com essa obra transferiu a ênfase que colocava na liberdade existencial e na subjetividade, para o determinismo social marxista. O existencialismo surgiu no cenário norte americano com o filósofo e psicólogo William James (1842 – 1910). James sofria de depressão e a todos ele pedia que lhe dessem uma razão para viver. Foi analisando seu estado de saúde e utilizando seu conhecimento sobre o existencialismo, que decidiu acreditar em sua liberdade individual e em suas vontades. Após algum tempo, conseguiu se libertar de seu problema e voltar a ter sua saúde em perfeitas condições. Como James utilizou em si mesmo a teoria existencialista, concluiu que somente seria possível conhecer os resultados de uma determinada teoria testando-a, e assim começou a fazer.

Após estas constatações, publicou várias obras, entre elas Ensaios sobre Empirismo Radical (1912). Foi assim que ficou conhecido com iniciador do empirismo em psicologia na América. Apesar de William James ter sido o pioneiro neste assunto na América, o movimento filosófico e literário existencialista só passou a ser conhecido como psicologia existencial com Rollo May quando, juntamente com Ernest Angel e Henri Ellenberger, escreveu A Existência.

Muitos são os psicólogos e psiquiatras que utilizam ou utilizaram as idéias dos existencialistas, principalmente os humanistas que também vêem o homem como um vir a ser. Vale colocar que todos os seguidores do existencialismo consultados afirmam que a psicologia existencial não possui um sistema de terapia mas várias atitudes que podem ser usadas em qualquer forma de terapia. Mesmo tendo uma grande quantidade de pessoas que seguem a psicologia existencial, são inúmeros aqueles que a criticam e a rejeitam, possuindo grande destaque Robert Holt e Sigmund Koch. Para Robert Holt a psicologia existencial é mística, por isso está em paralelo com o Zen Budismo. Holt certamente vê ambas como iguais por tratarem da ansiedade. Mas vejamos a diferença entre elas: o Zen Budismo trata da ansiedade procurando manter a meditação, o valor do silêncio e a eterna união do homem com a natureza, enquanto a psicologia existencial procura entender o comportamento do homem conforme sua existência que o sustenta como tal para depois tratar a ansiedade. A outra crítica é a feita por Sigmund Koch. Para ele a psicologia existencial é antiintelectual pois não se preocupa em ter instrumentos e metodologias para auxiliar as pessoas, o que é uma fuga dos problemas por tratar de assuntos irrelevantes como amor, vontade, angústia e morte. O ponto de vista de Koch é baseado no meio em que ele vive, ou seja no mundo ocidental onde cada vez mais a tendência é tratar o homem como um ser racional sem sentimentos. Por isso não consegue perceber o quanto é importante saber dominar angústias e ansiedades para sobreviver num mundo de grandes transformações.

Concluindo, a psicologia existencial tem como principal meta estudar o homem concreto, individualizado, existente no mundo e que pratica atos livremente, sendo responsável por tudo aquilo que escolhe e faz.

Psicologia Existencial e a Educação

Muito se tem escrito sobre a perspectiva existencial em educação. Os principais autores são: Becker, Brown, Drews, Eble, Leeper, Leornard, Neill e Raths. Para esses autores o conceito de psicologia existencial em educação significa: "... educação que enfatiza a pessoa, suas potencialidades e individuação, sua auto-realização, sua descoberta de significado de vida." (GREENING, 149). Rollo May expõe haver a necessidade de adaptar o sistema educacional ao contexto mundial. Hoje o que temos como contexto mundial é: uma crescente densidade populacional, um elevado nível de tecnologia e industrialização e a constante destruição da natureza. Com isso temos que a adaptação que se necessita fazer na educação no atual momento, é criar no indivíduo uma consciência, para que ele seja capaz de realizar suas próprias escolhas e que ele tem liberdade para fazê-las e se responsabilizar por tais escolhas.

Para finalizar, pode-se constatar que um problema exposto por essa corrente é que a educação como criadora de consciência possui uma difícil tarefa que é reexaminar como fomos conduzidos até o atual momento e como podemos mudá-lo.

 




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