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Te Amo
Eternamente Márcio Luiz de Oliveira

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Te amo como criança
Que molha as puras mãos
No riacho, acreditando tocar a lua
Através do seu reflexo.
Como se um ser alado,
jamais visto pelo homem,
entoando cantos jamais ouvidos,
Se ponha a pousar sobre meu ombro
E depois escorregue para dentro do
Meu peito, e ali habite para sempre.

Te amo como mão
Que ao partir acena em adeus,
Ao longe, antes de perder
a figura do ser amado.
E assim eterniza o gesto
Na curva da partida,
Num triste e longo adeus;
Perante a manhã que, esbranquiçada
No caminho, espelha
Os sonhos vividos à distância.

Te amo como amante
Debruçado sobre teu seio,
Ah mulher, amada,
Para sentir o instante da pura
Ausência, quando o frêmito
Do prazer dos sentidos
Esquecem o coito alucinante
Dos corpos e vão
Adormecer, profundamente,
Envoltos pelo manto azul da noite.

Te amo como condenado à morte
Que na execução traz
O último pedido solto
Em forma de benção ao algoz.
A morte é a brisa ventilada
Sobre o alçapão que me acolhe
Com seus braços de ramos vivos.
Uma morte temporária,
Como as tempestades na floresta
Que antecedem o cio das flores.

Te amo como lugar
Onde te serve como solo.
Um solo fértil para te semear.
Semear as semente do teu coração.
A semente se nutrindo de seiva
Branca para fertilizar
E, depois, romper das entranhas
O amor infinito dos deuses,
Que desce em sonho
E abre em carne celestial.

Te amo como brisa matutina
brilhando sobre um novo dia.
Um dia que jamais surgiu.
Mas existe translúcido...
Nos olhos dos náufragos,
Dos loucos poetas,
Dos perseguidos e humilhados,
Dos que tem sede e fome,
Dos desesperados; porém dos que
Tem os olhos presos na aurora.

Te amo como outono
Diante de secas folhas caídas
D’água da tua alma.
E na queimada do meu espanto
Sustento a fúria do mundo.
Parece como os instantes que
Antecedem o fim, como a morte.
Porém é o preparo para adormecer
No inverno e na próxima estação
Florir e, por fim, iluminar.

Te amo como passado
Em que as lembranças são arrepios
Desvendados no presente,
Através de prazeres incontidos.
A sombra que mostra a vida
Como o escurecer da noite
Em busca da aurora do futuro,
Que tinge a madrugada de luz.
É a escuridão que nasce
Clara no ventre da manhã.

Te amo como dor infinita
Por sentir a falta do teu corpo.
Sinto-me esquecido, e
As aves do céu foge de mim ou,
Quando se aproximam, seus
Cantos estão mortos. Uma dor
Que senti a ausência dos teus olhos
Quando do amor de nossos corpos.
Teus olhos que abrigam
As chamas do crepúsculo.

Te amo como perda
Que me faz lembrar das noites
Em que amei teus olhos fixos.
E agora ouço a noite imensa,
Mas imensa sem ti...
E assim choro sobre minhas
Mãos vazias, e são mais vazias
Sem poder tocá-la. Estou triste...
E estes meus pobres versos
Caem na alma como o orvalho na noite.

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