Livre ----------------------------------- ![]() |
Parece que não vai ter fim... me sinto em um daqueles filmes de horror com 20 continuações e que no mesmo filme o assassino morre 20 vezes... Me sinto morando com um agressor... alguém que chega quando eu estou sozinha e me espanca até que eu não consiga mais ficar de pé mas, quando estamos na frente dos outros me trata como uma princesa... E pela mesma razão que essas mulheres eu não consigo explicar porque eu não o abandono... é um círculo vicioso. Me sinto o sol com a terra gravitando ao seu redor mas sendo a terra o meu vício... Círculos viciosos de violência só se encerram com a morte de um dos participantes... em geral um dos lados ultrapassa o limite da razão (a muito tempo esquecida) e uma tragédia acontece. Pois bem, eu não estou disposta a morrer e, já entrerrei o bastardo. Parece que estou sendo assombrada pela memória, pelo hábito de ser punida pelo o que eu não fiz, e pelo que eu fiz mas ele não gostou de como estava feito. É jamais estar certa, é sempre falhar... é jamais escutar uma palavra de afeto é condenar e maltratar até que a vontade de respirar acabe. É implorar perdão por ter nascido, ansiar pela morte, olhar para a vida como um filme em P&B do qual você não faz parte... é desejar até mesmo ser enterrada viva. Mas eu vou vencer. As cores são minhas também e desse filme eu faço parte e, se não fazia eu vou conquistar e lutar e abrir o meu lugar. Não sou uma coadjuvante da dor. Eu faço o papel da alegria. E por mais incoerente que isso soe, é na verdade a mais pura verdade. Tenho em mim o ódio e o amor. A justiça e a crueldade. A mais profunda tristeza e algum nasgo de alegria que, como um broto luta para atravessar esse chão de mágoas e de incertezas. Eu não tenho mais medo. Eu não vou mais me deixar levar. Eu vou dar um basta nessa vida enjaulada. Nessa atração gravitacional, nessa simbiose macabra. Eu estou dando um basta nesta história. Estou colocando um ponto final na sentença. Estou encerrando o último capítulo e levantando os créditos desse filme. Porque o que vai se iniciar agora será dirigido e protagonizado por mim. Não serei novamente dominada. Não vou me dobrar ao medo e não vou ser novamente enjaulada. Este é o meu começo. O começo da história da minha felicidade. O começo da história do perdão e da justiça. Da culpa com limites. O fim do açoitamento sem fim. Eu me declaro livre de corpo e alma da memória, da história e da presença do ódio e do medo. Eu me declaro livre do vício da punição e da dor. Eu me declaro livre da morte. Eu me declaro prisioneira do amor, da liberdade, da felicidade, dos erros e acertos. Eu me declaro prisioneira da vida. Com todas as suas vicissitudes, com todos os altos e baixos, com tudo de bom e de ruim que ela vai me trazer. Eu me declaro pronta para uma nova vida. Eu estou encerrando agora, nesse momento a minha vida antiga e apesar de viver com algumas das consequências da sua existência não vou mais admitir ser assombrada por fantasmas. Meu corpo e minha mente são livres. |
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