História da Modalidade do Mar
Desbravando os Oceanos

        O escotismo do Mar é tão antigo como o próprio Escotismo. Já em 1908 existiam os MARINE SCOUTS que, em 1909, passariam a chamarse SEA SCOUTS, nome até hoje usado em muitos países e ssociações escoteiras de todo o Mundo.

        O Escotismo do Mar é um ramo do Escotismo; o escoteiro do Mar é como qualquer outro escoteiro; ele presta a mesma Promessa e segue a mesma Lei Escoteira. Ao mesmo tempo em que um Escoteiro, ele é um apaixonado pelo Mar. As etapas de noviço, segunda classe e primeira classe são elaboradas de modo a oferecer boas noções de marinharia. Esta é uma das primeiras definições do Escoteiro do Mar.Flor de Lis - Modalidade do Mar

        O que caracteriza, na realidade os Escoteiros do Mar, é que eles realizam suas atividades preferencialmente na Água. Onde quer que exista água em quantidade e profundidade suficientes para que uma embarcação possa navegar, seja ela de que tipo for, aí podem existir Escoteiros do Mar, seja esta água de mar, de rio, lago, lagoa ou Pantanal.

        A gama de atividades que podem ser realizadas é enorme, indo da tradicional Navegação a Remo até Mergulho ou windsurf.

        Baden Powell, em seu Livro Escotismo para Rapazes, diz que a melhor época de sua vida foi a que passou como Escoteiro do Mar. A família possuía um veleiro e percorria durante as férias escolares, as costas da Inglaterra. Em certa ocasião, numa viagem exploratória, subiram, usando um pequeno brasco, o rio Tâmisa até sua nascente.

        BP (como era conhecido Baden Powell) estava participando de um cruzeiro quando soube de sua aprovação no concurso para o Exército. Um dos seus irmãos, Warrington, que seguil a carreira na Marinha, chegando am posto de Almirante, foi autor, a pedido de BP, do Livro Sea Scouting and Seamanship for Boys, o primeiro Livro para Escoteiros do Mar.

        Em O caminho para o Sucesso, BP nos ensina que as dificuldades são como o sal da vida, aquilo que dá gosto às vitórias e conquistas. O Escotismo do Mar é cheio de sal, porque é um escotismo difícil, difícil por exigir uma disposição e dedicação para o trabalho que outras modalidades e atividades não necessitam, difícil porque atualmente prefere-se adotar sempre as soluções mais fáceis, esquecendo-se que estamos formando os homens do amanhã. Talvez seja esta a diferença entre as modalidades ou algo mais que não se define, pois enquanto alguns precisam usar de imaginação e criatividade para ter pitadas de sal no seu mundo, o do Escotismo do Mar já é intrinsecamente salgado. Dois bordejos jamais serão iguais.

        No Brasil foram fundados diversos Grupos de Escoteiros do Mar, na década de dez, mas foi em 7 de setembro de 1921, em Jurujuba, Niterói-RJ, com a fundação da CBEM - Confederação Brasileira de Escoteiros do Mar, que o Escotismo do Mar iniciou seu desenvolvimento organizado. Participaram desta iniciativa: Benjamim Sodré, Frederico Villar, Gumerciano Loretti, Gabriel Skinner e Raja Gabaglia, Diretor de Portos e Costas.

        O Escoteiro do Mar possue seu Padroeiro, que é São Pedro, e o seu Lema, um por todos e todos por um é conhecido em todos os rincões do Brasil. Usam tradicionalmente o branco, simbolizando a pureza da alma, a espuma das ondas e constituição de uma fraternidade especial.

        O Escotismo do Mar possue sólidas Tradições. Partiu da CBEM, em 1924, a iniciativa da fundação da UEB. Em 1925, foi editado o Guia do Escoteiro, de autoria do Velho Lobo (eterno mestre dos escoteiros do Mar), que é considerado uma das Bíblias do Escotismo brasileiro. Em 1928, realizou-se na Fortaleza de São João, o Ajuri dos Escoteiros do Mar, e, em 1929, uma patrulha de Escoteiros do Mar participa o Jamboree da Maioridade na Inglaterra.

        O futuro do Escotismo do Mar é bastante promissor. A riqueza do Brasil depende do Mar. dele que cada dia mais são retirados alimentos, riquesas minerais, energia e medicamentos; 95% das exportações e importações brasileiras são feitas utilizando-se o transporte marítimo; e o Escotismo do Mar constitui uma escala de mentalidade marítima, de amor e respeito ás coisas do mar, de preservação da natureza, e de educação.

(Artigo publicado no Jornal Escoteiros do Mar , edições 7 e 8, mai/jun/jul/ago, 1988.)