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Ferrovia e
macroeconomia 26/05/99 - A Gazeta/MT |
Cada comboio de vagões tirará das rodovias
mato-grossenses entre 200 e 250 carretas Onofre Ribeiro
"Este é um ato potente", disse ele, referindo-se à abertura de impostos de Mato Grosso para a complementação do projeto. E anunciou que a safra mato-grossense de 2001 da região Sul de Mato Grosso já será transportada pela ferrovia. Em 31 de maio os trilhos chegarão ao terminal de cargas em Chapadão do Sul, Mato Grosso do Sul, no Km 300, sua parada antes de embicarem na direção de Alto Taquari e Rondonópolis. Para se ter a idéia da expressão de ferrovia em funcionamento, é bom saber que um comboio de carga terá 120 vagões, mais de três quilômetros de comprimento. E trafegando a 100 km/hora e a uma velocidade média projetada de 80 km/hora. Os vagões serão todos fabricados no Brasil. A frota de locomotivas será de 50 máquinas no tráfego até Alto Taquari, puxando 800 dos 1.500 vagões que deverão operar quando a ferrovia estiver completamente implantada. Cada comboio de vagões tirará das rodovias mato-grossenses entre 200 e 250 carretas. É o transporte de grandes volumes a grandes distâncias reduzindo o frete em economia de escala. Quando se fala em economia de escala em Mato Grosso é preciso pensar que dos 40 milhões de hectares agricultáveis que o Estado possui, apenas 3 milhões estão sendo cultivados atualmente. A maioria está na área de alcance da ferrovia. Os números passam a ficar gigantescos nessa proporção. E o mais sério a partir daí é pensar que Mato Grosso sozinho poderá produzir os atuais 80 milhões de toneladas de grãos que o Brasil hoje produz. A tese em relação ao transporte rodoviário é que ele só será viável e utilizado num raio de 300 quilômetros da ferrovia, como de resto é em todo o mundo. O perfil de distâncias é de 390 quilômetros entre Rondonópolis e Alto Taquari e 1.700 daí até o porto de Santos. Os investimentos na ferrovia serão de R$ 750 milhões até 2005 e de R$ 1 bilhão no total. O potencial de transporte ferroviário desde Rondonópolis até os portos marítimos será em 2005 de 17 toneladas anuais de grãos. E serão movimentados em Rondonópolis cerca de 1.500 a 2 mil caminhões por dia. Esses números referentes a grãos são enormes, mas há que se acrescentar produtos como carne e afins, madeira, móveis, combustíveis, fertilizantes, calcário, granito, industrializados diversos, e outros produtos que hoje se tornam inviáveis pelo custo de frete, e não são competitivos fora de Mato Grosso. A economia de escala pressupõe um choque de desenvolvimento absolutamente inesperado e de dimensões imprevisíveis por enquanto. Imagine-se, então, as mudanças do comportamento mato-grossense! Onofre Ribeiro é jornalista em Cuiabá. |