Confusão entre o papel do assessor e o papel do coordenador jovem

Jorge Boran, cssp

Neste artigo continuo descrevendo uma experiência de montagem de estruturas de coordenação que são necessárias para um processo de acompanhamento sistemático dos jovens nos grupos de base. Nos artigos anteriores descrevi os passos na montagem de uma coordenação de uma área ou setor pastoral. Agora há uma importante evolução. Até este momento o assessor religioso coordenava tudo. Mas agora é necessário fazer distinção entre os papel do assessor e do coordenador jovem. É momento de os jovens assumirem seu papel de coordenação e o assessor seu papel específico de assessor.

Pe. Jorge Boran, cssp

Vimos no último artigo o encaminhamento de uma equipe central. A nova equipe central (Coordenador, vice-coordenador, secretária, tesoureiro etc.) reúne-se com o assessor para preparar a reunião da coordenação setorial. O assessor agora precisa entender seu papel específico: o papel de incentivar os novos líderes jovens a assumirem responsabilidade pela condução da Pastoral. A única maneira de formar líderes - jovens responsáveis - que têm iniciativa - que são motivados porque sentem-se donos da sua própria pastoral, é dando responsabilidade para eles, é deixando participar do processo decisório, inclusive deixando errar para que possam aprender com seus erros. O assessor continue com um papel importante de educador na fé, de apoio, de incentivo, de orientação e de crítica construtiva mas procura evitar atitudes paternalistas ou autoritárias que enfraquece o protagonismo dos jovens.

O assessor religioso não é mais a única pessoa envolvida na preparação da pauta. Mas há uma dificuldade: a recém eleita jovem coordenadora não está acostumada a tomar iniciativa. Espera o assessor religioso coordenar a reunião. E aqui é a prova de um bom assessor. Precisa resistir à tentação de tomar as rédeas nas mãos, de assumir o comando. Se fizer isso não vai formar líderes; não vai despertar nos jovens a confiança nas suas próprias capacidades. Precisa dizer claramente: "Você é coordenador, precisa coordenar esta reunião de preparação da pauta da reunião do conselho setorial." É necessário fazer o levantamento de assuntos, ver os assuntos com mais prioridade e ver a seqüência, fazer lista dos comunicados e distribuir o tempo. Na próxima reunião do conselho setorial não é mais o assessor que coordena, mas a jovem coordenadora com os membros da sua equipe central. Funções até agora assumidas pelo assessor adulto agora são assumidas pela equipe central: preparação da pauta em conjunto, envio da pauta pelo correio, administração financeira, contatos etc. Agora começa a operar um princípio pedagógico importante: Os jovens aprendem a ser responsáveis, não escutando exortações sobre responsabilidade, mas assumindo posições de responsabilidade. Aprendem na prática como preparar uma pauta, como coordenar, como organizar, como planejar, como acompanhar, como motivar. Aprendem a tomar nota, a usar caderno e a cobrar decisões tomadas anteriormente.

O assessor agora trabalha mais nos bastidores assessorando onde for necessário. Sua função continua importante - mas agora é diferente. Sente que não é sempre fácil se disciplinar e falar por último quando tem a resposta pronta. Não é fácil deixar de ser centro de tudo, de ser "estrelinha" e seguir o exemplo de João Batista: "eu devo diminuir para que Jesus Cristo apareça". É necessário incentivar as novas estruturas que garantem um processo de democracia interna. É preciso acreditar que a democracia é melhor do que a monarquia. Num processo de democracia o confronto de idéias possibilita perspectivas diferentes e acesso a informações mais completas. Não há uma única pessoa falando. Esta maneira de se organizar comunica melhor a experiência de uma igreja ministerial, onde há dons diferentes que se complementam. O mal de muitos grupos e coordenações é sua maneira monárquica de se organizar. Os monarcas não formam líderes, não passam a bola. Para os líderes paternalistas ou autoritários novos líderes que despontam são vistos como uma ameaça a ser combatida. Paulo Freire falava da dificuldade de implantar um processo democrático numa cultura de 500 anos de autoritarismo. O desafio maior são as estruturas autoritárias dentro de nós - freqüentemente inconscientes.

Jorge Boran
presidente do CCJ

Perguntas para trabalho em grupo:

1. Qual a importância do assessor na PJ? Como conquistar e capacitar mais assessores?

2. Qual o papel do assessor como educador na fé?

3. Baseado neste texto e sua experiência como você entende os papeis diferentes do assessor e o coordenador jovem?

Mande sua resposta para

 

Voltar

Artigo originalmente publicado no site do Centro de Capacitação da Juventude