Quando, como e porque contratar
Artigo publicado na Revista T&D set/99
André Coelho Teixeira
Neste artigo analisamos os serviços de R&S de pessoas sob a visão tradicional e a tendência futura.
Sem rodeios, consideremos a seguinte premissa:
para um determinado posto de trabalho, com determinadas características, existem pessoas mais preparadas do que outras para exercerem a função.
Podemos dizer também, que para um determinado conjunto de atividades, existem pessoas que podem levar a organização a resultados bem superiores. São os chamados talentos.
A captação de talentos está em sintonia com a estratégia da organização ?
Missão de R&S
Agora vamos ao departamento. Muitos que trabalham com R&S de pessoas, definem a missão da área como:
"Achar a pessoa certa para um determinado posto de trabalho de acordo com as necessidades da organização".
Esta definição não está errada, mas não é bastante para a Empresa do Futuro, um organismo que sonha continuar competitivo nos próximos anos. Estas Empresas, que estão vendo um pouco além da crise no emprego que estamos passando, onde a oferta de candidatos a emprego é grande, perguntam:
"Os candidatos mais preparados (talentos) estão vindo para a nossa empresa ou para o concorrente ?"
Esta é a diferença: para as Empresas do Futuro não basta buscar a pessoa certa; é necessário buscar o melhor, buscar o talento. Mesmo com a grande oferta de candidatos, estas empresas procuram divulgar mais e mais a organização entre os possíveis empregados do futuro.
Conheci uma experiência interessante. Uma determinada empresa verificou que a um número significativo de estagiários continuavam a trabalhar na empresa ou em empresas prestadoras (diretas) de serviços, após o término do estágio. Esta empresa então passou a investir na captação dos melhores estagiários. Ela soube mostrar aos estagiários que eles eram importantes para a empresa. As demais empresas da região, só vieram a perceber o fato meses depois. No ano seguinte, procuraram copiar o que foi feito pela primeira empresa. Mas ela fez diferente e novamente captou os melhores estagiários.
Pessoas e Máquinas
Provocando um pouco, temos um ponto interessante: na sua empresa, quando se adquire um equipamento novo o Presidente e Diretores são informados e discutem o assunto ?
E quando vão contratar novos empregados ? Quem decide pela contratação ?
Em muitas organizações estes assuntos (contratação de empregados) não chegam nem à sala de espera da Diretoria. Pelo seguinte: por mais que se diga e pregue sobre a importância das pessoas, o fato é que a compra de um equipamento - o equipamento em si- merece mais atenção, respeito, estudo e avaliações que o conhecimento que uma pessoa possa conter ou transmitir.
Portanto cabe perguntar: o que é mais importante, pessoas ou máquinas ?
É claro que é mais fácil se desfazer de pessoas do que de máquinas. Mas será assim que deve pensar a Empresa do Futuro ?
A Empresa do Futuro
Um outro ponto que devemos abordar é o relativo ao crescimento do empregado. No passado se dizia:
"Nesta empresa a maior parte das pessoas que são contratadas como operadores, saem da empresa como ... operadores".
Hoje, ao contratarmos um empregado devemos saber que ele pode, dentro de 10 anos, até continuar a ser um operador, mas deverá ter muito mais conhecimento do que tem hoje - até para continuar a exercer a função de operador. Ele pode não crescer na hierarquia da empresa (que por sinal só diminui), mas na execução de suas tarefas, ele terá de apresentar mais conhecimento do que hoje é demandado.
Portanto, ao contratar um empregado, se considerarmos seu papel e função no Futuro, nada impede de que ele esteja um pouco acima do perfil necessário para executar as tarefas de hoje.
A Empresa do Futuro tem de se preocupar em atingir a um público cada vez mais qualificado. Ela não poderá anunciar apenas quando precisar preencher um ou outro posto de trabalho. Quando ela faz isso, a sua divulgação é apenas pontual. Ela tem de desenvolver uma divulgação constante, e em alguns casos, até seletiva.
A Empresa do Futuro tem de ir para dentro das melhores escolas e criar um canal permanente de divulgação e inscrição de candidatos. Neste aspecto, a Internet conta preciosos pontos.
Apesar de estarmos num país emergente e saber que a Internet ainda não atinge todos os segmentos, não podemos esquecer que ela é seletiva por natureza e atinge a cada ano um público maior. Outra vantagem da Rede é que, para este público, é o meio mais barato e abrangente de divulgar a organização. É a divulgação contínua - e não a divulgação pontual de um anúncio em jornal no fim de semana - , que faz a diferença.
Enfim, nossa crença é a de que, a Empresa que se preocupa em ser competitiva no Futuro, tem de se preocupar hoje em estar captando os melhores profissionais do mercado - e não se contentar em simplesmente preencher o posto de trabalho de acordo com o perfil traçado.