Um novo Foco nas Empresas

André Coelho Teixeira

Publicado no site www.rh.com.br em nov/99

acteixeira@hotmail.com

Dentre as muitas mudanças no mundo atual, este artigo pretende mostrar uma importante fase de transição que estamos vivendo. A fase do foco interno para o foco externo nas grandes empresas brasileiras. Discutiremos também como a área de Recursos Humanos participa deste processo.

Vejamos primeiro algumas coisas que aconteceram nas grandes empresas brasileiras, desde o final da década de 80.

Aliás, foi justamente esta globalização, a "dita" causa de tudo isso. Na busca da sobrevivência as grandes empresas se voltaram para dentro "cortaram" e "enxugaram" os custos.

Um índice passou a ser utilizado por diversas empresas: "tempo de atendimento aos pedidos dos clientes". Quanto menor fosse, melhor, preocupando evidentemente com a qualidade. Onde este tempo foi reduzido o lucro da empresa cresceu. Grandes empresas brasileiras conheceram o crescimento do lucro, não pelo crescimento do mercado consumidor, mas com a redução dos custos.

O foco maior nestas organizações foi interno, pois lá estavam as oportunidades de crescimento do lucro.

Nos últimos dois anos iniciou-se uma mudança de foco. Grandes fusões e aquisições de empresas estão ocorrendo.

No início desta década alguns "gurus" mostravam que no futuro as empresas seriam pequenas, enxutas, divididas em unidades autônomas. Eles não consideravam o desenvolvimento dos sistemas de comunicações e informática. O caminho está sendo o oposto. Grandes empresas se fundem e passam a compartilhar áreas tecnológicas e administrativas, por exemplo.

O índice hoje utilizado é o: " tempo entre a identificação de uma necessidade do cliente e o desenvolvimento de um produto ou serviço". Faz diferença o quão perto a organização está do cliente e ainda, se uma ou mais empresas procuram se complementar no atendimento a estas necessidades.

O maior foco das grandes empresas está sendo o externo, com os administradores atentos aos movimentos do mercado. Estes movimentos é que farão diferença. Ai estarão os grandes ganhos ou os grandes prejuízos. A preocupação com a eficiência e eficácia continua importante, novas oportunidades de reduzir custos surgirão, mas não com a mesma importância dos movimentos externos.

Se boa parte da década de 90 os lucros vieram das reduções de custos, hoje os maiores lucros estão vindo da integração dos sistemas logísticos das empresas.

Se duas cervejarias estão se unindo, se posicionando melhor no mercado, ganhando sinergia, pouco adianta uma terceira estar se preocupando prioritariamente em redução de custos.

E como fica a área de RH ?

Temos que perceber a intensidade com que esta mudança de foco está atingindo nossa empresa, nosso seguimento de mercado e sermos agentes de mudança. Um programa de desenvolvimento gerencial hoje, por exemplo, não pode passar "ao largo destas discussões". Os administradores das empresas devem estar capacitados a identificar oportunidades externas e não serem apenas reativos. Nossos programas não devem ter a mesma visão e formatação de dois anos atrás.

A questão cultura organizacional, ou melhor integração de diferentes culturas ganha relevância. O sucesso de uma fusão de empresas está intimamente ligado à questão da integração cultural. O profissional de RH deve estar preparado para assessorar a organização neste momento. Este é um "nicho" de mercado que está demandando especialistas.

Por fim uma frase de Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve: "Estamos vivendo um daqueles raros momentos que normalmente só ocorrem uma vez um cada século. O surgimento do computador, as telecomunicações e as tecnologias de satélite estão modificando profundamente a estrutura da economia. O futuro parece brilhante." ("Revista Exame, edição de 25/08/99").