O SISTEMA PLANETÁRIO DE CAPELA

 

    Dentre a vastidão habitada do Universo em contínua expansão, num dos braços de uma grande nebulosa em espiral, encontram-se vários sistemas relativamente próximos. No quadrante norte de nossa visão terrestre, existem várias destas estrelas de primeira magnitude.Com grande intensidade luminosa, elas atravessam o céu, carregando sua coorte de planetas. Entre elas encontra-se a constelação do Auriga e sua estrela alfa: Capela.

 

    O polígono formado pelas estrelas desta constelação possui inúmeros planetas orbitando em torno dos cinco sóis. Porém, o mais densamente povoado e cuja estrutura comporta maior variedade, sem dúvida é o de Arianthz. Os quatro sóis remanescentes: El Nath, Menkalinan, Teta Aurigae, Iota Aurigae,  são respectivamente, sistemas em evolução incomparável, berços estelares e cemitérios de planetas. Afora, El Nath que divisa com a constelação de Taurus e, portanto possui tradição de evolução que remonta a milhões de anos terrestres, os outros sistemas não são de grande expressão, embora nada seja ou esteja ao acaso, não influiram ou se ressentiram do Grande Incidente. Logo serão concebidos instrumentos óticos capazes de detectar a revolução dos planetas em volta dos miríades de sóis e uma nova onda abalará a ciência.

 

    A luz de Capela demora 42 anos para cruzar a vastidão azul do espaço e encontrar reflexo em nosso sistema solar, sendo que é a sexta estrela mais brilhante do céu e dezenas de vezes maior que o Sol. Capela é uma estrela binária e a distância entre os dois sóis dista mais de 72 milhões de quilômetros. Há quase que uma unanimidade entre as tradições das mais diversas culturas, desde a pré-história, que resvalam, direta ou indiretamente, no mito da queda das estrelas.

 

Por exemplo, em quase toda a mitologia e folclore, os deuses vieram do céu e da água e mesmo a ficção científica atual utiliza estes conceitos e mesmo as religiões possuem paralelos ou tem embasamento em afirmações ou revelações que descrevem e corroboram este ponto de vista. Como culturas e povos, sem nenhum contato e/ou separados por continentes e até mesmo séculos, poderia propor como solução cosmogônica a queda dos anjos ou mencionar situações correlatas, se a cultura e a tradição é construção comunicativa de troca e acúmulo? Se não tiveram como saber como pensavam os outros, como construíram paralelos, que se expressam nas mais variadas línguas, usos e costumes da era pré-industrial? Capela é mais que um mito, e o arquétipo moderno da unicidade dimensional.

 

Tudo poderia ter ficado no campo das idéias e curiosidades, se não surgisse no Brasil, na década de 60, a figura de Edgard Armond que relata uma visão única entre criação, evolução e sincronismo:

 

1)      Ao se chegar a um certo ponto de evolução animal, o mesmo está apto a desenvolver inteligência e consciência de si e, então começa sua caminhada rumo à expressão máxima destas aptidões. Isto não significa que chegue a constituir sociedade, porque a sua expressividade é nula e pode chegar a extinção, antes de saber dominar o ambiente.

 

2)      Ao se chegar o receptáculo orgânico ao nível de conter uma alma humana, cada núcleo planetário de vida, recebe uma onda migratória, adequada à fusão que possibilitará a rápida ascensão das raças mais primitivas e assim, serão remoldados os caracteres genéticos, pela necessidade que os mais evoluídos sentirão de expressar a si mesmos e a sua relação com o meio em que estão em conjunto com as lembranças de onde já estiveram. Criar e aperfeiçoar órgãos e sistemas, em função dos novos usos e capacidades.

 

3)       Assim é verdadeiro que a vida se origina de si mesma, embora não prescinda moldes anteriores e sempre supervisionada pelo mais alto, e evolui até o ser social moderno. Como também é verdadeiro que este tipo de evolução é restrito às condições naturais existentes e que não abrange em si nenhum código ético ou moral, apenas a programação básica da existência. Todo o resto é construção da mente e dos sentimentos, e, portanto, patrimônio do espírito. Assim, a conjunção de mentalidades embrionárias com massas mais adiantadas, se transforma no fermento que leveda o pão e transforma o trigo em alimento sadio ou, se quiserem, transformam feras em homens.

 

4)       Disto se conclui que: deixada apenas às condições interativas do caos ou sopa primordial, a chance estatística da vida ser organizada tal qual se apresenta é desprezível. Mesmo considerando a hipótese do acidente feliz de condições ideais, não existiria a construção, manutenção e posterior duplicação do dna, haja vista que é preciso um molde fixador para esta operação obter sucesso e adquirir memória. Enfim, não haveria como vencer os óbices naturais. Mesmo se o otimismo nos levasse a concluir pela formatação e replicação de seres, que passariam por seleção e evolução natural a constituir espécies especializadas, a chance de finalizar a pirâmide do ecossistema com a criação ou o aparecimento do raciocínio e consciência de si, são remotas.

 

5)       Assim, se torna lógico concluir que: Dada a existência de tradições em todos os povos, de diferentes épocas e lugares, da existência de vida em múltiplos sentidos e sendo esta vida organizada por uma inteligência superior, a miscigenação de indivíduos gera o sucesso da evolução das raças. Assim, a humanidade atrasada, descendente dos animais e não muito distante de sua ferocidade e falta de arbítrio é mesclada com indivíduos geneticamente superiores, oriundos da encarnação de espíritos mais adiantados, resulta na transmissão de caracteres genéticos e culturais que determinam a fixação das raças e sua conquista do globo.

 

Fica fácil perceber que, os caminhos investigados pela ciência, os métodos de análise psico-social, as tradições, as religiões, a cultura social, as revelações, são segmentos de uma só especialidade: A vida e suas manifestações. O campo unificado será conseguido quando a matemática adquirir a percepção da música e os sentimentos estiverem equilibrados pela razão. Somente neste ponto, será possibilitado o ingresso a um patamar de onde se descortinará amplos horizontes. Por enquanto, o mistério de Capela  continuará oculto à visão desfocada dos que buscam a verdade, olhando a vastidão do céu  munidos somente com uma luneta.

 

O campo unificado deve abranger todas as especialidades e seu banco de dados deve interagir com toda a essência ética, social e tecnológica da humanidade atual, não apenas se restringir à física. Pode parecer ficção científica, mas poderá ser aplicado às relações da existência, incluindo a parte psíquica individual.  Quando houver uma preocupação mais antroposófica das ciências em todas as suas especialidades e métodos, quando a grande enciclopédia estiver já escrita e puder ser consultada, será mais fácil se debruçar sobre todo o conhecimento e assim, produzir soluções globais, sociais e dimensionais, para os problemas e conflitos que enfrentamos há 2000 anos.

 

Por enquanto, é belo olhar para as constelações e sua luz do passado. Divertir-se com o ceticismo dos que se culpam por não se ter certezas absolutas e comprováveis e vivem a espalhar a amargura pelos locais que passam e, na mesmo sorriso, sentir-se aliviado por constatar que tantos sonhadores se guiam pelo brilho da Via Láctea, por que o mundo precisa dos ingênuos, simples e alegres. Este planeta se tornará um lugar muito agradável, daqui a poucos séculos e o que plantarmos neste instante, será colhido em bem-aventuranças, numa próxima estada mais feliz e tranquila, que certamente iremos usufruir quando do próximo retorno à vida orgânica. Neste dia, em que se despertar minha renovada consciência, talvez somente daqui a 120 anos - pode parecer muito tempo, mas ele fatalmente chegará - eu possa recolher mil vezes o que construí com amor e ainda achar insuficiente. Então, de novo trabalharei para que no próximo acerto, eu receba mais. E assim progredir verificando a evolução dos conceitos e das verdades. Isto se chama Esperança.

 

 

Um dia, todos  saberão que o nascer, não está sujeito ou influenciados pelas conjunções astrais, e sim o contrário: A condição vibratória individual é que determina a alocação do ser em determinado signo zodiacal e o caminho que já é pré-escolhido em parte, possui variáveis infinitas e que dependem apenas da sintonia, ações e caráter moral, sendo que o magnetismo sideral apenas é uma fonte, um manancial, que pode ser límpido ou não e que influi, na razão direta da proporcionalidade quântica dos fluidos (somos + 65% de água) com a vibração específica de cada um. Certamente é um esboço, quase como uma radiografia energética, mas de interesse cultural relativo, já que esta fotografia move-se no tempo e não mais reflete a condição individual. Aliás, como sofrem aqueles mais afoitos, quando os oráculos erram e suas esperanças são desfeitas onde apenas o bom senso deveria ter sido consultado.

 

Os que não concordam com os astros e detestam ouvir falar em espíritos, também gostariam de não concordar com nada e preservar  os pequenos valores típicos de seu agrado e assim, mostrar ao mundo a sua dor e o seu inconformismo, já que seu estoicismo geralmente soa falso ou superficial, e que ninguém é capaz de renunciar à cultura humana que recebeu desde que se entende por gente. Portanto se nega, só pode estar – inconscientemente pedindo socorro ou gritando indignado contra aquilo que não é capaz de aceitar. Mormente foram os que acreditaram muito antes e, psicologicamente, vivem seu momento de negação, quase que obrigatório, após uma grande perda.  É curioso notar, que os mais lógicos, céticos, pragmáticos dos pensadores, geralmente procuram Deus, quando chegam às portas da morte. Quase nenhum levou a farsa até o epílogo, capitulando no final e implorando o perdão por suas faltas. Feliz dos que, nestas horas, conseguem ver e compreender. Ante o exposto é mais sábio se desvencilhar de ambos, para seguir a sincronia da unicidade e isto os tornará melhores num futuro próximo. Isto se deve, ao fato de acreditarem, mesmo que intuitivamente, na existência de um depois. Resumindo, parar os movimentos de contrapeso e compensações que geram o oscilar típico das turbulências, de modo a cessar a velocidade de deslocamento. Uma vez conseguida, é possível mudar a direção da vida.

 

Assim tem caminhado a humanidade nestes últimos 400 anos, insulada entre os céticos e os crentes. Procuram saber se Aristóteles foi ou não gay, mas isto, naquela época era normal. Quem já não ouviu falar nas grandes orgias, que tiveram início com os reis pagãos, desde que há registro escrito conhecido, atingindo o ápice na Roma dos césares e perdurando até o fim da idade média? Os que hoje chamamos pensadores clássicos, foram justamente os que se afastaram do torvelinho, para meditarem nas causas e assim, apontaram caminhos melhores.

 

Basta consultar um mecanismo de busca na internet e digitar a palavra sexo, para constatar que não houve uma mudança no padrão de comportamento de 10 mil anos atrás, já que se continua a buscar comida e amor, não importando se existe algo mais. Dependendo do buscador, já cheguei a contar mais de dois milhões de links relacionados. A evolução social e moral, do indivíduo ou das sociedades não quer dizer que sejam atrasadas tecnologicamente ou o contrário. Os gregos não foram os primeiros, mas os mais estruturados. Uma de suas frases ainda hoje, porém faz sentido: O Caminho Áureo é o do meio.  Outra, é uma verdade universal: Conhece-te a ti mesmo, se quiseres compreender o mundo e como se processam as coisas.Todos os que se seguiram também pregaram esta verdade e os espíritos não tem sexo, apenas polaridades. Organicamente, se vieram ou não na condição desejável ou não suportaram viver em outra categoria genética, isto é problema de cada um, cuja solução está na própria trama e constitui justamente o trabalho a fazer.

 

Isto somente prova que o mecanismo é um só e sua programação determina esta limitação. Então, ou se escapa à esta vibração condicionante que é o pulsar da matéria em sua curvatura no espaço-tempo, ou se modifica a essência da vibração, determinando um freio ou mudança de condição, do impulso primal que orienta o instinto. Mas...quem poderá fazer isto? Até hoje, o burilamento da onda que determina este modelo híbrido de criatura, está condicionada a fatores relevantes externos, mas  a muito poucos de natureza intima e pessoal. Isto, porque o movimento sempre será retilíneo e uniformemente variado, sem abrir mão de suas diretrizes naturais, do padrão comportamental dos machos e fêmeas da espécie e suas inter-relações sociais, culturais e políticas. É o modus operandi vitae. O único modo de equacionar a questão, é justamente considerar que não funciona castrar o instinto e suas compensações ou tentar transformar o instinto em inteligência, tarefa que demoramos mais de 25 mil anos para desenvolver e ainda não conseguimos implantar de todo. O caminho é o do meio: É preciso vivenciar a condição humana, em seu triplo aspecto: energético, orgânico e espiritual.

 

Considerar que existe um tripé decisório e ele deve ser comandado pelo que é imortal, pois é a parte que possui o conhecimento divino e está apta a interpretar a vida. Das duas outras, percorrendo a escala completa das possibilidades desta tríade, que sai do mais denso, indo até o retorno em forma de energia, uma é efêmera e restrita a um ponto, num intervalo de tempo, exíguo, se extingue e retorna ao pó; a outra é decorrência da necessidade da expressão da vida na forma orgânica e tridimensional e, embora tenha duração imensurável, com certeza não é infinita nem fixa, antes amolda-se às propriedades e elementos de cada planeta que vier a habitar. Assim, não se pode furtar ao que é humano, embora deva esta necessidade ser rigidamente orientada para além da preservação do próprio interesse. Deve ter códigos que permitam esta possibilidade: a de obter o que necessita para sobrevivência, dignidade e escolhas pessoais, através do trabalho; desfrutar de liberdade, sendo o seu bom conceito, determinado por suas atitudes e capacidade de atuar no bem comum, não por suas convicções ou preferências individuais; ser orientado e instruído a respeitar os deveres e direitos da vida em sociedade e poder conviver em uma comunidade funcional e justa.

 

Nunca houve uma revolução ética, somente as que tratavam de poder, expansão, ideologia e dinheiro. Houve, porém, milhares de governantes, que tinham em mãos as rédeas da sociedade e variados sistemas, subsistemas, doutrinas, mas poucas soluções globais práticas.  O problema reside, quando os cavalos escapam do controle do auriga e passam a comandar a biga, que desgovernada avança para a multidão. Daqui para  frente, teremos a responsabilidade de escolher se queremos viver insulados em um vórtex, nos ocultando às hordas bárbaras ou globalizar o bem estar e sanear a cultura, renovar a economia, a burocracia, os usos, costumes e corações que apodrecem aos nossos olhos, sendo apresentados toda a vez que ligamos a televisão e nos sentamos para jantar.

 

 

Nektar