Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, nasceu na cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, em 1910 e desencarnou em 22 de Junho de 2002, na cidade de Uberaba. Aquele que foi o maior médium do século, como é  internacionalmente conhecido, nasceu  filho de um operário com uma lavadeira. Porém, logo perdeu sua mãe e, devido à sua ascendência humilde e as extremas dificuldades financeiras de sua família, seus estudos foram apenas elementares. Trabalhou muito, para conseguir seu sustento. Em 1935, consegue um emprego de escrevente-datilógrafo no Ministério da Agricultura, de onde só vai sair quase 20 anos depois, aposentado por invalidez, devido a uma doença incurável nos olhos, que até sua passagem, lhe restringiu quase totalmente a visão.

Sua mediunidade manifestou-se aos 4 anos. Ouvia e falava com os Espíritos como se fossem seres humanos e contam que, mesmo mais velho, nem sempre conseguia distinguir entre uns e outros. Esta manifestação de seu potencial sensível, lhe causou inúmeros aborrecimentos. Devido à ignorância da época sofreu muitos maus tratos de todos a quem convivia de mais perto. Apanhava tanto de sua madrasta, para curar o mau hábito de ver espíritos, que chegou, certa vez, a orar escondido e pedir para que a mãe já desencarnada viesse para levá-lo embora, tamanho terror a que estava submetido. A entidade se manifestou, radiosa, lhe dizendo para que suportasse toda a humilhação, pois que tinha uma tarefa a cumprir e nunca seria desamparado pela Espiritualidade. Após este acontecimento, sua sensibilidade recrudesceu e as coisas começaram a melhorar um pouco.

Durante a juventude, ao passear por um parque, recebeu a visita do que seria seu mentor espiritual Emmanuel (o ex-senador romano Públio Lentulus, o autor da única transcrição histórica de Jesus, conservada até hoje), que ao passar por um lago, lhe perguntou: _ Chico, você gostaria de ser uma ponte entre esta humanidade e a espiritualidade superior? A tarefa será difícil. Depende de você. Ao que Chico Xavier aquiesceu de bom grado e então, passou a ser assessorado por uma plêiade de espíritos de luz. Muitos deles, contestados por motivos mais ou menos fúteis, como é o caso do espírito de Irmão X . 

A primeira obra que psicografou chamou-se Parnaso de Além-túmulo e reunia poemas de 56 grandes figuras literárias já mortas na época. Dizem que a semelhança de estilos em relação às obras publicadas pelos mesmos autores quando eram vivos é impressionante. Após, vieram os livros da série André Luiz, cujos retratam com fidelidade a organização da vida além-túmulo e  as consequências que podem ter o descaso da humanidade com as leis morais do Universo. Seguiram-se muitos outros, alguns em co-participação com Divaldo Pereira Franco, o grande orador Espirita brasileiro. Suas traduções alcançam milhões de exemplares vendidos no mundo inteiro. Foi responsável pela primeira prova da reencarnação, reconhecida pela legislação brasileira, quando uma psicografia sua, depois de analisada por grafólogos forenses, conclui que uma determinada pessoa era inocente de um homicídio, pois o espírito relatava que fora apenas um acidente. A prova psicográfica foi aceita no tribunal e o reú, absolvido.

Nas décadas de 50 e 60, ocorreram efeitos físicos, quando orava para a cura de enfermos. Testemunhas constataram que, durante suas evocações, formas ectoplasmáticas, com o formato de flores, literalmente caiam do céu, e sobre todos os presentes. Outras vezes, durante suas atividades todo o recinto era envolvido por um suave e penetrante aroma de flores. Contam-se outras manifestações, inclusive de premonição e outras mais. Segundo seus mentores, estas manifestações se interromperam, devido à grande perda de energia que experimentava o médium.

Mas extraordinária mesmo é a devoção de Chico Xavier à doutrina espírita e à sua máxima basilar, a Caridade. Seus mais de 600 livros foram publicados em várias línguas, até em japonês. Apenas um deles, Nosso Lar, inspirado por um espírito conhecido como André Luiz, já vendeu 800 mil exemplares em português. E todos os direitos autorais vão para a Federação Espírita Brasileira, sendo distribuídos para várias entidades beneficentes. Certa vez, ganhou um carro de presente e o trocou por pacotes de macarrão, para fazer a sopa dos miseráveis a quem ajudava a cuidar. Nunca ficou com um centavo dos milhões que arrecadou com suas obras, vivendo honrada e humildemente de sua aposentadoria e ajuda de amigos. Adotou um filho, a quem cuidou com extremo carinho, mesmo sabendo de antemão que se tratava de espírito empedernido e com baixo estofo moral. Filho este, que hoje está às voltas com acusações de desvio de verbas para a assistência social das inúmeras obras de Chico e, até, maus tratos ao pai, aproveitando-se de sua fragilidade física. Porém, nada é capaz de abalar a estatura moral de um avatar, como Chico Xavier.

Com 92 anos, Chico Xavier desencarnou na cidade de Uberaba, em Minas Gerais, onde ainda atendia a todos, apesar da avançada idade, quando sua saúde o permitia. "Sou apenas um humilde servidor" é o que costumava dizer (ao contrário do texto do IG, nunca levou uma vida pacata e contemplativa; mas sim de árduos e incessantes trabalhos). E sim, trata-se na verdade de um colosso humano, que deixou atrás de sí, uma obra monumental. Consolidou o Espiritismo como uma das principais doutrinas no país, além de ter contribuído - direta ou indiretamente - para a construção de um ideal de fraternidade que hoje atende e ampara milhões de pessoas no Brasil. Hoje, são inúmeras as casas de assistência e hospitais espíritas no país, contabilizando-se em cerca de no mínimo 10 milhões de pessoas, adeptas da codificação. Outras milhões, lhes aceitam os elevados conceitos de ordem moral e fraterna. E, mesmo os que ainda combatem o Espiritismo (alguns segmentos católicos e evangélicos), reconhecem o alcance de suas obras sociais e a grandeza deste ser especial. Embora haja ainda muito sincretismo e a confusão de praxe entre Espiritismo e Espiritualismo, ninguém está imune à sua bondade e carisma. Todos sabem quem é Chico Xavier e sua coragem. Para ilustrar, citamos uma declaração sua, de alguns anos atrás: - Só quero partir, depois de ter completado minha missão. Não quero ter que passar pela vergonha de ao retornar (à espiritualidade),  ter que dizer que não pude enfrentar a prova de uma doença longa e debilitante.

Segundo Marco Antonio Marui Miranda, membro da União das Sociedades Espíritas: - O Espiritismo não é a religião do futuro, mas o futuro das religiões. Sua definição: É uma Ciência de Observação, uma Filosofia de Comportamento com Efeitos Religiosos. E, de fato, nota-se cada vez mais que, mesmos os seus detratores encontram dificuldades em sustentar quaisquer tipo de acusações e, mesmo inconscientemente, adotam as práticas e postulados espíritas em suas atividades. Assim, dentro de poucas décadas, todos praticarão o Espiritismo, sem o saber.