A nave orgânica é o veículo intertemporal onde navega o espírito e seu acoplamento energético. Como tal é um complexo sistema biológico e de validade limitada, habitando determinada classe de planetas, que efetuem estas ligações de carbono. É dotado de toda infraestrutura evolutiva, se constituindo, nos entes humanos, no modelo superior da cadeia biológica. Sua estrutura está capacitada a atuar eletromagneticamente, produzindo memória associativa e efetuando ligações químicas inigualáveis, em suas respostas objetivas a si e ao meio ambiente. É o melhor exemplo de moto contínuo, já que, uma vez acionada pelo nascimento, não para de funcionar até a desagregação ou falência total de seus componentes. Então, a energia cativa é liberada e se dispersa, os elementos materiais voltam ao ciclo do carbono e o espírito volta à sua origem.

Não obstante algumas filosofias, não é capaz de produzir pensamento autônomo e abstrato, dependendo do memorial genético e cultural, para se expressar ou não as qualidades de seu habitante, o espírito. Este sim, detentor da mente original, mas que uma vez encarcerado num veículo físico, necessita de órgãos e sistemas para exprimir-se, viver e evoluir. Eis a confusão, pois uma vez tão integrado em suas três partes, crêe-se na verdade uma só expressão. Grande parte desta crença, parte do próprio funcionamento orgânico, que acumula vivências e cuja programação não admite a morte, que significa dissolução. Estas impressões passam pelos sentidos e impactam no espírito, que momentaneamente obnubilado, pensa que ele próprio é a prisão em que está encerrado, já que quando sua consciência despertou já estava ali.

Mas sua amplitude é baixa e suscetível à tudo o que impressiona os sentidos ou superexcite a atividade hormonal. Sua principal diretriz é o ego, este sim, parte da personalidade transitória que produz em sua trajetória desde a infância até a maturidade, mas que representa apenas os limites onde está circunscrito. Sua linguagem e as coisas que necessita, partem do mais amoral egocentrismo, do qual é parte constituinte, já que representa uma forma inferior.

Mas também é um laboratório inacreditável que reflete a longa caminhada, desde os ignotos tempos onde haviam apenas longuissimas cadeias de moléculas não organizadas, até as formas mais primárias de inteligência orgânica, que adquiriram memória, engendraram sistemas perpetuativos que desafiaram as mudanças geológicas e dominaram a Terra.

O ser encarnado, é constituído de três partes: Organismo Material, Energia e Espírito. Cada componente é necessário para o funcionamento do outro, pois não há replicação de Dna sem o molde energético, presente no módulo fluídico ou perispírito, nem identidade individual sem que se conceba um espírito eterno, muito menos sentido para nada, caso não haja tempo para a ação da justiça e dos mecanismos de ação e reação, que governam as relações da vida. Assim qualquer filosofia que pretenda explicar as disparidades entre indivíduos, povos e nações e se pretenda ética e definitiva, deve contemplar a necessidade do retorno e do ajuste.

A ciência caminha para um dilema insolúvel, já que suas próprias teorias e cosmogonias entrarão em colapso quando for constatado que o universo move-se, recria-se e renova-se, através de uma trajetória cíclica, portanto, sem um fim nem começo que seja determinável. Em breve também, será a vez das ciências da vida, que buscarão auxílio na compreensão holística e será abandonada uma possível saída para quarta dimensão, para dar passagem à uma nova tríade em espiral infinita.