Alguém para Amar...


Por Sanae



Kerberos aproximou da lareira e preguiçosamente deitou ao tapete, bem aos pés de seu mestre criador.

Read Clow sorriu ao ver seu querido anfitrião passando a acariciar o pelo dourado de sua cabeça. Em resposta, ouviu-se um ronronar prazeroso do bichano.

Era começo de inverno, e o frio era consideravelmente sentido pelos felinos, que adoram o aconchego e o calor. Kerberos permanecia boa parte do tempo perto da lareira, dormindo e sem ânimo para se divertir. Fora assim no fim do outono e praticamente seria todo o inverno.

As cartas travessas e principalmente as agressivas estavam guardadas no livro, as demais podiam sair e se divertir como quisessem. Clow nunca as deixou confinadas em seus lacres, nem mesmo as mais violentas, mas por precaução, estas estavam devidamente em seus lugares, para não sofrerem qualquer tipo de dano, pois o inverno prometia ser um dos piores.

Levantando cuidadosamente de sua cadeira, Clow seguiu em direção da janela pensativo.

Vivia com as cartas que criara, e com seu fiel amigo, porém, praticamente só. Ainda mais agora, que Kerberos não expressava a menor vontade de acompanhá-lo nos passeios matinais, ou a ouvi-lo nas noites tristes dessa época do ano. Foi assim no primeiro inverno após cria-lo, e nos decorrentes anos que sussederam, não seria diferente agora.

Clow suspirou tentando afastar esse pensamento de sua cabeça, apoiou uma das mãos no parapeito da longa janela e fitou a noite, onde pequenos flocos de neve começavam a cair do céu. Seu olhar buscou o vazio da escuridão, mas deparou-se com a grande esfera prateada da lua cheia.

Sem querer, uma idéia lhe surgiu, e um sorriso brotou de seus lábios.

"Yue..." – sussurrou.

Um focinho gelado esbarrou em sua mão, fazendo com que saísse de seus pensamentos. Baixou os olhos para deparar-se com Kerberos, que estava sentado logo a seu lado.

"Algum problema, Read Clow?" – perguntou gentilmente o gatinho.

"Tive uma idéia brilhante, Kerberos".– disse-lhe o mago alegremente, seguindo em direção ao centro da sala.

"Não é bom!" – reclamou o felino com uma careta. "Sempre quando tem essas idéias, é encrenca na certa!".

Read sorriu e fez surgir seu báculo.

"CLOW!!!" – tentou repreendê-lo. "Vai usar magia novamente! Sabe o que aconteceu da última vez...".

"Sim, eu sei, resultou num adorável Kerberos".– brincou carinhosamente, fazendo aquele ser dourado, ilustre, encabular-se de vergonha.

Num instante, o símbolo circular tomou conta do lugar, e em meio a frases e gestos, Read Clow fez surgir um novo ser.

"Terás a cor da neve em tua face, e a prata em teus cabelos, que descerão por teu corpo coberto pelas vestes mais claras que te combinem, e de teus olhos a beleza de teu ser, assim como teu espírito os mistérios que brilham na formosura de um anjo celeste, de asas brandas e plumas ternas como teu toque, enfim... Serás Yue...".

A criatura mágica tomou forma assim como as características citadas, caindo lânguido no chão, um tanto confuso.

Clow aproximou-se, tocando o rosto do jovem, pois seu novo ser tinha a semelhança humana... Humano como ele...

"Pode se levantar?" – perguntou num sorriso.

"Quem é você?" – o jovem e pálido rapaz perguntou temeroso, acolhendo-se em si mesmo. "Quem sou eu?".

O mago ajoelhou cuidadosamente ao lado de seu novo guardião.

"Você é Yue, e eu sou o seu criador...".

Yue olhou a fisionomia simpática do mago, e seu coração aprovou ser ele uma pessoa especial. Não teve mais medo, ao invés, seu olhar sério vasculhou o lugar, fitando tudo o que mais lhe chamava a atenção, incluindo Kerberos.

O bichano por sua vez estava pasmo, boquiaberto.

"Está mais calmo?" – Clow perguntou tocando aos cabelos prateados e longos.

"Read Clow..." – disse Yue, já tomando consciência de quem realmente era.
 
 
 
 

Com o passar do tempo, o convívio entre o mago e seus dois guardiões se intensificava.

Kerberos era extrovertido, chegando até a implicar com seu mestre. Já Yue era totalmente o inverso, calado e sério, jamais demonstrava um sentimento se quer, um completo mistério.

O inverno caia rigoroso, ainda estava longe de chegar a primavera. Nessa manhã, Clow resolveu dar uma volta no jardim, sair um pouco da casa e sentir o ar gélido, porém puro que corria lá fora. A neve ainda caía.

"Kerberos, vou sair um pouquinho".– afirmou ao animal, estendido bem próximo da lareira, quase que dentro dela.

Não houve resposta, apenas um resmungar preguiçoso.

Com sua mágica, Read abriu caminho na neve, para facilitar seu percurso. Observava a brancura do gelo com muito carinho, assim como tudo da natureza. Logo a diante, um coelho branquinho surgiu do solo coberto de gelo e em saltos sumiu por entre os arbustos secos, tirando um sorriso do rosto sereno do mago.

"Gosta de coelhos?".

O olhar azulado fitou o rosto fino e delicado de Yue.

"Gosto de tudo que há na natureza...".

Continuaram o passeio, calados, apenas apreciando o dia e a companhia um do outro.

Um pensamento surgiu à mente de Clow, assim como um arrepio percorreu sua espinha.

Criara Yue para ter com quem conversar nas tardes frias, mas sua criação saíra tão perfeita e tão complexa, praticamente tomou forma e personalidade sozinha, que nem mesmo ele podia desvendar o "mistério" que envolvia o jovem pálido e silencioso.

Várias vezes se pegou perdido naquele olhar enigmático, tocando na maciez dos fios pratas que escorriam pelas costas daquele belo ser, desejando ver seu corpo branco que se ocultava nas vestes claras.

E ali estava ele novamente a seu lado, sentia o perfume que dele exalava e a sua presença. Logo, o calor tomou conta de seu corpo e seu ponto fraco estava quase a se estimular com essa sensação. Não teve outra escolha a não ser tomar uma desculpa qualquer para voltar a casa e se afastar um pouco daquela tentação.

Passou a tarde toda em seu aposento, trancado como uma criança de castigo. Não se atreveu a deixar o quarto, até tomar consciência do que estava acontecendo em relação a ele e a Yue...

"Como desejar um ser que surgiu de minha própria magia?" – sussurrou inconformado, mas não arrependido.

Lembrou-se de Kerberos, também o criara, e pensando bem, nunca imaginou que ele seria tão atrevido a ponto de discutir com ele descaradamente. Também não o tinha criado dessa forma, ele simplesmente "ficou" assim. Mas, de todo, tinha um coração grande e bondoso, e não achava que Yue seria diferente.

Uma leve batida na porta fez com que saísse de seu devaneio, com um gesto a porta se abriu, surgindo diante do mago, a formosura do jovem guardião.

"Clow... Você está bem?" – perguntou Yue, com uma expressão de tímida preocupação.

Os olhos azuis não desviaram um segundo se quer dos olhos claros do rapaz, que entrou pairando em suas asas delicadas, até aonde seu mestre se encontrava. Em suas mãos, trazia uma bandeja cheia de frutas, biscoitos e uma xícara de chocolate quente.

"Por que está me evitando?" – Yue perguntou um pouco entristecido, para a surpresa de Read. "Fiquei a tarde toda sozinho, preocupado...".

Ambos ficaram mudos, apenas o som do vento frio soprando contra o vidro da janela. Read Clow não entendia, e seu coração pulsava tão forte em tê-lo tão perto, que era quase visível pelo seu casaco.

O silêncio foi quebrado, e eles olharam assustados para a cama, onde, de baixo, Kerberos saía se espreguiçando, com o pelo todo arrepiado. Ele estivera dormindo ali a tarde toda, pois o quarto do mago era estranhamente mais quente que o resto da casa, seu mestre nem havia notado a sua presença, de tão absorvido em pensamentos que estava.

Ainda sonolento, o bichano saiu calmamente pela porta, dando uma "Boa Noite" para os dois.

Clow sorriu fitando o belo guardião.

"Eu não sabia que ele estava aqui... Desculpe por te deixar sozinho..." – sua voz expressava ternura e um imenso carinho.

"Você me criou para te fazer companhia, mas parece que não sou o suficiente, pois ainda está triste e isolado..." – a mão delicada tocou o rosto de Clow. "Você possui uma magia poderosa e dois guardiões, mas mesmo assim, continua preso em seus próprios pensamentos...".

A bandeja foi deixada de lado, e os braços fortes do jovem feiticeiro envolveram pela primeira e tão esperada vez, a cintura fina e sensual daquele anjo misterioso.

"Clow..." – murmurou Yue ao ouvido do outro, que sentiu prazerosamente o hálito quente roçar seu pescoço. "Me mostre como deixá-lo feliz... Por favor...".

Aquele doce pedido soou como um convite sedutor, tocando no mais íntimo sentimento adormecido do isolado mestre criador.

As asas de Yue desapareceram e seu corpo foi cuidadosamente deitado ao macio da cama. Os olhos serenos tornaram-se lascivos ao fitar toda a beleza do jovem servo. Mãos carinhosas desfaziam suavemente os trajes que cobriam o peito agora palpitante de sua adorável lua, assim como deslizava cada parte buscando as primeiras reações de tremor do anjo esguio e extremamente lindo...

Retirou, então, os últimos panos que escondiam a extraordinária pele branca. Deixando-o ainda mais louco em sentir e desvendar todo aquele mistério.

Yue permanecia deitado, recebendo cada toque que jamais pensou em sentir, estava emocionalmente alterado, pois nunca alguém lhe fizera tais sensações, mas continuava entregue, se entregava totalmente ao seu querido mestre.

As mãos cederam lugar aos lábios, que atacaram cada pedacinho sensível, arrancando convulsões e sussurros inesperados de seu ser amante.

Clow deixou o corpo tentador sentando e tirando as vestes, para logo em seguida debruçar nu sobre a carne já molhada pelo suor, sentindo o contato ardente de seus corpos, sua boca dessa vez envolveu apressadamente a boca levemente aberta de Yue, tragando um beijo devastador misturado a salivas e suspiros quentes.

O anjo pálido se esfregava freneticamente espremido entre o corpo forte sobre si e o colchão macio que amortecia sua pele ao ranger do lençol, sentindo as mãos que o acariciavam apertarem suas coxas. Seus cabelos já soltos, espalhados pôr todos os lados, úmidos e colados em seu corpo, deixando-o ainda mais belo.

"Clow..." – gemeu o guardião ao sentir seu membro ser abocanhado.

O mago supria cada gota que escorria com desespero e intensidade, fazendo o corpo preso em seus braços apertados se contorcer e tremer em berros de prazer.

Clow sentiu sua extensão pulsar dolorosamente de ansiedade, tirando a pouca consciência que tinha, o fazendo ser dominado pelo desejo e pela necessidade. Sentou de joelhos trazendo o jovem guardião de pernas afastadas sobre seu colo, posicionando-o e beijando-lhe o pescoço macio, mordendo para logo em seguida preenchê-lo com novos e fortes beijos.

Num único e preciso ato, seu falo percorreu rompendo a barreira apertada e contraída, aprofundando na fenda virgem de Yue, que de ímpeto curvou-se num arco sem ar, como um choque houvesse lhe devastado o corpo inteiro. Suas mãos agarraram-se aos braços que o segurava pela cintura e sua face demonstrava a dor que sentia, ainda tentando respirar, buscar o ar que lhe faltava.

Com suaves movimentos, o mago, ao mesmo tempo em que sugava o mamilo rosado, massageava com carinho o membro sensível, ajudando-o a recuperar o prazer e se esquecer da dor que aquele grosso e enorme falo lhe causava a cada estocada de vai e vem.

Os gemidos tomaram os ouvidos de Clow, saídos dos lábios avermelhados do jovem anjo, como um aviso de que poderia prosseguir ainda mais intensamente naquele ato carnal.

De pouco em pouco, os movimentos se tornaram mais agressivos e os gritos se misturavam assim como a respiração ofegante e entrecortada. Chegando ao limite, o feiticeiro caiu sobre Yue ainda em cavalgadas fortes e ligeiras, para dar mais pressão ao corpo delicado e pálido, suas mãos fincaram no lençol fortemente, ao mesmo tempo em que sentia os dedos longos arranharem suas costas.

O orgasmo envolveu aqueles dois seres ao mesmo tempo em que o gozo inundava o interior do jovem que se desfazia apertado entre o ventre macio e a cama acolhedora.

Exaustos, se recuperavam acariciando um ao outro, aproveitando ao máximo aquele torpor após fazerem amor.

Permaneceram a noite toda abraçados, acalentados pelo sono e o calor de seus corpos, enquanto o frio rigoroso de inverno, soprava com a neve que caia do lado de fora daquele ninho aconchegante de paixão.

Read Clow não estava mais sozinho, sentia a plena felicidade, pois achara a criatura mais importante de sua vida, e estava satisfeito.

O coração de Yue pulsava mais intenso, amando ainda mais seu criador, o único a quem iria se entregar à vida inteira...
 
 
 
 

Foi assim aquele inverno, foi assim na primavera, e no calor do verão, até o surgir do outono. Porém, a medida em que o tempo passava, Yue percebeu que Clow mudava, o tratava com imenso carinho, mas a sombra de uma tristeza marcava o rosto calmo do feiticeiro.

Várias vezes o achava sozinho, e parecia que seus olhos estavam cheios de lágrimas, tentava faze-lo se abrir, mas de nada adiantava.

A cada folha seca que o outono fazia cair, caia também os sorrisos de Read Clow a seu adorável Yue...

Kerberos entrou na casa, com o pelo todo eriçado do frio que fazia lá fora. Pelo visto, o outono já estava terminando, e mais um inverno ia começar.

Passou desapercebido pelo salão, indo em direção à escada, mas, algo luminoso a um canto escuro da sala o fez quase gritar de susto. Tomou coragem e se aproximou para avaliar o que era, e pela surpresa, era Yue, que sentado encolhido, tinha a face tampada pelos braços que envolviam ambos os joelhos.

"Yue... O que faz aí?" – perguntou preocupado, mas não houve resposta.

Kerberos, então, aproximou-se de mansinho, com as orelhas abaixadas, lambeu a mão fria do amigo, como que querendo animá-lo, mostrar seu carinho e sua preocupação. Foi aí que ouviu, o soluçar baixinho que escapava dos lábios do outro guardião.

O felino entristeceu ao constatar que Yue estava chorando, nunca o vira expressar qualquer tipo de emoção a não ser a seriedade e o mau humor quando não estava dormindo. Aconteceu algo muito grave para faze-lo chorar assim.

Sem pensar duas vezes, o ser dourado deitou-se ao lado do ser prateado, fazendo-lhe companhia naquele chão frio, encostando levemente a cabeça em sua pata, ficou assim, bem próximo do outro.

Estava quase a dormir, quando um toque suave em seu pelo o despertou. Levantou a cabeça e olhou para Yue, que o fitava ainda triste, continuando a afagá-lo com todo o carinho.

"Clow não é mais o mesmo, Kerberos..." – sussurrou.

"Tem razão, ele anda muito distante, eu soube que ele lacrou as cartas no livro...".

Yue suspirou com dificuldade, tentando segurar as lágrimas que lhe surgiam nos olhos.

"Por que ele está fazendo isso?" – perguntou muito baixo.

"Não sei, Yue... Não vejo nenhum motivo para isso...".

Kerberos sentou fitando os olhos claros do outro, e mais uma vez, este o surpreendeu ao abraçar-lhe o pescoço, encostando a cabeça em seu pelo dourado. Ficaram assim durante algum tempo.

"Ele nem olha mais para mim..." – o som doloroso da voz do jovem quebrou o silêncio que se fez.

"Se abra para ele, Yue. Diz o quanto você gosta dele...".

Aquela frase fez com que Yue o soltasse e o fitasse assustado. Mas o sorriso carinhoso do bichano o acalmou, e o fez perceber que Kerberos sabia do relacionamento apaixonado de ambos.

Em resposta, o ser dourado recebeu um tímido sorriso de agradecimento.
 
 
 
 

A neve já pendia do céu, e pouco a pouco cobria a relva.

Yue aproximou-se do quarto de Clow, e Kerberos permaneceu deitado na soleira da porta, enquanto o outro sumia para dentro do aposento.

Estava escura, apenas a claridade da lua iluminava o lugar. O mago estava sentado, como a esperá-lo.

"Clow..." – murmurou, então, docemente.

Os mesmos olhos azuis o fitaram intensamente, e um sorriso gentil o recebeu. Yue não agüentou, caiu de joelhos aos pés do jovem feiticeiro, o abraçando na cintura, carente.

"Te amo Clow! Te amo muito!" – confessou entre soluços.

O anjo foi abraçado também e puxado para o colo do mago, que o fitava cheio de felicidade. Seus lábios se uniram mais uma vez para sentirem esse imenso amor, um beijo longo e quente...

Com muito custo os lábios se separaram para tomar ar, ainda estava agarrado um no outro.

"Fico feliz pôr saber que você me ama, me ama mais que um mestre, mais que um criador... Me ama como aquele que você escolheu para viver junto".

"Não está mais triste Clow?" – perguntou ingenuamente.

Mas aquela pergunta feriu o coração que quase parou ao notar a pureza da alma daquele anjo pálido e misterioso.

Trêmulo, o mago afastou de si o corpo tentador que o envolvia, deixando-o em pé, confuso, à sua frente.

"Passou um ano desde o que aconteceu... E hoje foi o último dia que você e eu passamos juntos...".

Yue não entendia, foi dizer algo, mas o dedo carinhoso tocou seus lábios, o calando.

"Te amo muito, muito mais do que devia..." – uma lágrima escorreu dos olhos intensos e azuis. "Mas não é justo o amor que sinto por ti... E não foi justo faze-lo me amar assim..." – os olhos se abriram piedosos o fitando. "Desculpe, a culpa foi minha... Tudo o que criei veio da mesma magia a qual você surgiu, e não é justo para as cartas, e para com Kerberos, que eu lhe dê um amor ao qual nunca poderei dar a eles..." – sua voz era baixa. "Ensinei-o a me amar... Agora me culpo por isso. Uma culpa, pois eu sei, que jamais Kerberos e minhas outras criações, saberão... O que é o amor..." – sua mão tocou suavemente ao rosto branco como a neve que caia do lado de fora da janela, seus dedos deslizaram pelas lágrimas que seu triste anjo derramava. "Corrigirei o meu erro... Então... Adeus, meu amor...".

"Clow..." – soluçava segurando a mão macia em seu rosto.

A porta do quarto se abriu, e Kerberos entrou parando perto da cadeira de seu mestre, este, acariciou com a outra mão, a cabeça de seu querido amigo.

Um último olhar foi dado a Yue, um último sorriso... Read Clow fechou lentamente os olhos, e a mão que afagava o pelo dourado deslizou fria e inerte. Kerberos pousou a cabeça ao colo de seu dono e Yue caiu ao chão ainda agarrado à mão de Clow, sofria muito, e seu pranto era o único som que se ouvia naquela triste noite de inverno...
 
 
 
 

"Enquanto eu existir, tudo o que criei continuará apegado apenas a mim, negando o contato afetuoso com outras pessoas, com novos tipos de sentimentos... É preciso que essa barreira se rompa e todos conheçam o mundo... As cartas saberão o que é a amizade e o amor, pois gostarão das pessoas que irão conviver. Kerberos ficará muito contente por descobrir alguém gentil para amar e cuidar. E Yue... terá uma pessoa que o amará imensamente, um amor sincero e inocente, e que fará com que você o ame sem querer, conquistando o seu coração profundamente, fazendo com que você seja feliz... Será um amor tão puro quanto você... Só assim, conseguirei o que mais quero, a felicidade para todos, mesmo que para isso, eu tenha que voltar só para dar uma ajudinha...".
 
 

FIM


Por Sanae kimsanae@hotmail.com
Abril de 2002