Revelações
Por Jade e Pérola


Capitulo Três
 
 

Hyoga pulou do sofa disposto a ir atras de Shun, pegou a chave e tão rápido como abriu a porta foi o baque! Doeu horrivelmente devido aos inúmeros ferimentos pelo corpo e a força do impacto. Atordoado Cisne quase caiu na inconsciência de novo. Pouco a pouco conseguia captar o ambiente ao seu redor. Havia alguém sobre si, um corpo lânguido e suave emitindo um provocante perfume oriental, ouvia sua voz familiar soando preocupada sem compreender uma palavra sequer. Seria Shun voltando pra casa com Ikki? Ah, se fosse Shun... O perfume tinha o mesmo odor sensual e magnético que seu romântico namorado tinha usado durante algumas semanas deixando-o totalmente enlouquecido, uma mistura entre rosas e almíscar, a voz do desejo voltou a incendiar seu corpo e ele abriu os olhos bem lentamente, esperançoso. Não era Shun.

O Dragão sorriu aliviado quando foi reconhecido. Estava muito intrigado com o estado no qual tinham encontrado o amigo e talvez agora pudessem saber o que estava acontecendo... Ajudou Cisne a levantar e levou-o para o sofá. Examinando se alguma ferida tinha se aberto. Felizmente nenhuma. Antes de poder responder um estrondo abriu a porta e Seiya entrou muito bravo. Hyoga ainda estava atordoado, precisava encontrar Shun, podia estar em perigo, mas a cabeça doía e os dois amigos só pioravam o seu estado falando sem parar. Seu raciocínio lento só pegou metade da conversa. Saory, catástrofe, Kamus, moça de kimono, rosas vermelhas e pêlos prateados e vermelhos. Estavam encrencados. Peraí! Rosas vermelhas e pêlos prateados e vermelhos? Olhou para a rosa amassada. Idênticas as do vaso um mês atrás, pareciam diferentes de outras rosas, eram maiores,mais vermelhas e tinham um perfume muito diferente. Puxou Shiryu pela blusa e cheirou sob o olhar arregalado de Pegasus. O mesmo perfume. Tirou um dos pêlos prateados soltando a blusa do amigo. Tinha certeza de ter visto alguns pela casa e na mão do Shun, eram semelhantes aos... aos...daquele tal Youko descarado! Como fora tolo em acreditar numa mentira tão ingênua? Então foi realmente "essa" a aula estudada naquele dia. E o dito Kurama teve coragem de vir cobrar satisfações! Ah, isso não ficava assim de jeito nenhum... Levantou num salto lançando um olhar gélido aos amigos. Shiryu não teve tempo de impedir Pegasus e observava receoso a reação de Cisne. Percebera alguma informação desencontrada e rezava para o outro não ter compreendido bem as palavras de Seiya. Era tarde. O estrago estava feito. Hyoga permaneceu estático por longos minutos. Não acreditava nas revelações daquele dia... O fim do mundo tinha chegado e ninguem o tinha avisado? Agora era ele quem queria saber o que estava acontecendo de verdade. Lá fora um trovão anunciou a aproximação de uma terrível tempestade sob o negro céu noturno.

*

A chuva pesada impedia a visão na estrada tornando-a perigosa de transitar. O ruivo atrás do volante parecia não ligar. Quase batera num caminhão a poucos minutos e continuava a alta velocidade. Estava fora de si. A prudência o abandonara faz tempo. Digiria feito louco. Ultrapassava nas curvas mais perigosas e derrapava várias vezes. Não importava, se chegasse mais rápido ao seu destino.

Saiu da rodovia para a estrada de terra conhecida, desesperado para chegar ao Templo. Com certeza, seu amado Hiei estaria lá consolando-se nos braços de Yukina. A estrada estava ruim, cheia de buracos, tinha sido área de treino nos dias antecessores. Passaria mais de uma semana lavando o barro acumulado e o carro precisaria de uma revisão severa no mecânico, se chegasse inteiro... Não tinha escolha, poderia arranjar outro carro, não poderia arranjar outro Hiei. Aquela estradinha de terra era o caminho mais curto e dava direto no final da propriedade, teria de rodar uma grande parte daquele terreno até as escadarias.

De trem era mais fácil, os turistas conseguiam alcançar o Templo a pé, vinham às 14h e voltavam às 17h todos os dias. Únicos horários permitidos pela mestra. E tinha a rodovia abaixo, um trajeto longo e curvilíneo. Só pela manhã veria a casa amiga, não tinha paciência para esperar. Chegaria num horário inconveniente, a Mestra não ia gostar. Mas, com sorte, poderia dormir nos braços amados e pensar melhor nos seus atos. Queria a segurança de ter Hiei embaixo de sua vista e longe de certos sujeitos. O seu menino rebelde. O seu bebê travesso... Ele não tinha noção do mundo. No fundo era só uma criança abandonada mendigando carinho. Precisava ser protegido a qualquer preço. Errara e seria punido. Ensinaria a lição depois... Primeiro, livrar-se do loiro. Riu amargo. Tivera tanto medo de Mukuro e dos demônios do Makai. Tantos planejamentos, tanto trabalho para afastá-los e ameaça veio justo de um ningen. Inari estava pregando peças... Hiei. Acelerou.

Fazia 5 minutos estava em território conhecido. Mais uns 15 e poderia ver o mármore branco daquelas protetoras paredes. Aquele Templo transmita segurança a sua alma perturbada. Inesperadamente, um enorme pinheiro cai a sua frente quase atingindo o carro. Droga! Como iria retirá-lo? Seus poderes estavam fracos. Desceu do carro sentindo a chuva fria. Ficaria ensopado novamente. Pense, Kurama, pense!

Algumas trepadeiras poderiam puxá-lo para o lado. Subiu na árvore procurando analisar melhor a situação e ficou horrorizado. Do outro lado uma imensa cratera de erosão se formara. A estrada ficaria impedida até eles consertarem. Olhou adiante. O templo poderia ser visto dali, mas ninguém poderia vê-lo. Não dava pra ir a pé. A chuva estava muito forte. Droga, droga, droga! Teria de passar a noite numa pequena cabana perto dali, onde reuniam-se depois dos treinos. A luz da lareira chamaria a atenção da Mestra e Hiei reconheceria seu youki. Já era alguma coisa... As lágrimas desciam tristes acompanhando a chuva. Só após a tempestade veria o precioso demônio de fogo, e isso não seria antes do amanhecer pela aparência das pesadas nuvens. Fechou o carro, carregando pouca coisa e sentindo-se em total abandono. Hiei. Tão perto e tão longe. Estava sem Hiei...

**

Os dois cavalheiros de Atena permaneciam calados dentro do carro estacionado no pequeno posto de estrada. O Dragão olhava a face do amigo incomodado. Precisavam conversar, sua mente brilhante não achava o ponto inicial. Foi Cisne a quebrar o silêncio:

Shiryu baixou a cabeça. Eram amigos fiéis e conheciam-se muito bem. Não dava mesmo para esconder. Shiryu torceu o nariz. Era verdade. No santuário, as rígidas condutas de vida faziam muitos mestres, aprendizes e cavalheiros criarem laços além da amizade. A maioria perdia-se no tempo, alguns ao contrário permaneciam fortes e podiam até criar desavenças onde o grande mestre era obrigado a interferir pessoalmente acalmando os ânimos para todos voltarem a boa convivência. A regra era sem rixas de amor e todos respeitavam. Separar-se de Mu não fora tão difícil, mas quando a saudade batia...

No caso do Ikki e Hyoga fora complicado, apesar de durar pouco. Deixara cicatrizes. Ele também não gostava de Shaka. Conhecia histórias dele com Mu no mínimo, desagradáveis. Pontadas de ciúmes. Não era perfeito. Porém Ikk e Shaka pareciam estar se dando tão bem. Não tivera coragem de comentar isso com Hyoga. Esperava um momento propício. Cisne estava decepcionado com a recusa de Ikki ir morar com eles embora não demostrasse. Era tenebrosa a frieza de Fenix em relação a ele e o Dragão desejava nunca passar por aquilo. Graças a Atenas, Áries sempre o confortava quando queria. Não era um triângulo, mas não incomodava ninguém.
 
 

Silêncio. Hyoga suspirou observando Shiryu no seu mudo pedido de pazes. Sempre se deram bem. Porque ser tão radical com ele? Tinha se metido em desavenças demais... * As chamas crepitantes da lareira não conseguiam aquecê-lo o suficiente. Era o frio da alma o pior. Trocou suas roupas úmidas de ningen por uma mais alegre para se animar. Não adiantou. A roupa, uma das suas preferidas, perdera o brilho. Ele deveria estar engordando. Seria uma ruga aquela dobra? O cabelo avermelhado em definitivo precisava de um tratamento. Daria um jeito na volta.

Analisou o rival mentalmente. Tinha um cabelo loiro de água oxigenada barata todo desgrenhado, o seu era mais bonito e brilhava ao sol. Os olhos azuis iguais a peixe morto nunca seriam páreo para os verde esmeralda sensuais. E os modos e roupas grotescos? Nem comparação! O que Hiei vira nele? Toya seria um rival melhor...

Balançou a cabeça. Poderes de Gelo. Ele não os tinha... Mas e amor? Amor não contava? O Picolé Azul nunca daria tanto amor ao pequeno Koorime quanto ele. Nunca o compreenderia em completo ou faria tantas loucuras para tê-lo. O amor da sua vida. O amor eterno e imortal tão procurado. Era dele, só dele! Eles tinham problemas e brigavam. E daí? Todos os casais brigam. Não ficam um mês desaparecidos dentro do Makai ou incendeiam sua planta preferida, mas brigam! E eles eram demônios e demônios vivem assim, pronto! Era um bom relacionamento não era? Tratava todas as suas feridas após as lutas, cuidava das roupas, da alimentação. Nunca fizeram greve de sexo! Bom sinal! Um ningen... Um mísero ningen e pôs tudo em xeque. Que ódio! Se estivessem no Makai, onde a lei do mais forte domina, o loiro estaria morto a muito tempo sem interferências e ele estaria dando o castigo merecido ao amante, tranqüilo. Ele era o mais forte, Hiei lhe pertencia por direito. Era a lei. Eles eram demônios, não ningens! Ninguém além dele podia tocar aquela pele, aqueles lábios e permanecer vivo.

Já matara concorrentes por muito menos pra provar soberania. Porque tinha de se submeter as regras ningens e do Reikai? Conquistar um demônio reservado como aquele foi quase impossível. O monastérico sangue Koorime era forte. Ele conseguira com muito esforço e dedicação. Domara seus instintos de youko com dor e paciência esperando o momento certo, vencera.

Roubara aquele coração, o mais raro de todo o Makai. Era o legendário Youko Kurama. Sorriu orgulhoso. Fora o primeiro e Hiei seria o seu último amante. Casinhos não contavam. Dormiria o repouso do inverno naqueles agraciados braços sob uma delicada chuva de joias-lágrimas negras vivendo a mais doce e longa história de amor de toda sua vida milenar. Aprendera o significado de Felicidade, seu maior tesouro. Hiei era sua redenção e seu paraíso. Aquela pedra de gelo tinha de aparecer? Ainda mais um ningen! Pela primeira vez, concordava com o demônio de fogo, certos ningens eram detestáveis! Talvez pudessem viver algum tempo no Makai até tudo se acalmar, uns 15 a 20 anos. E Shiori? Não podia abandoná-la. Se morassem numa das fronteiras podia trabalhar e ajudá-la, desde que Hiei permanecesse do lado do Makai, é claro! Quem sabe se em vez de matar pudesse conviver com a idéia de ter arrancado um olho ou uma perna. Ou passado o chicote por toda aquela maldita pele esbranquiçada até ele ficar irreconhecível? Não era morte, e Koema...Ah! Estava ficando doido! Onde estavam Yuusuke e Kuwabara quando precisava? Ele não podia ficar sozinho a noite toda... Por Inari, se não aparecesse uma alma viva, ele era louco o suficiente de sair na chuva em plena escuridão. Tinha de aparecer alguém!

**

Shun e Ikki permaneciam ajoelhados sobre os tatamis da sala do templo. Genkai e a Hiei a frente deles, sentados com as pernas cruzadas.

A mestra falava sobre Youkos, porem nada mais do que poderia se encontrar em livros sobre demonios e lendas amtigas. Ela gastara tempo acalmando Hiei que queria saber de onde havia surgido aqueles fios prata e longos na mão de Shun.

O garoto espilcara qye eram da Fundação Graad, que estava patrocinando uma pesquisa sobre lendas antigas do Japão. Hiei não acreditou, era muita coincidencia o amiguinho de Kurama aparecer com pelos de uma raposa milenar prateada, mais a pedido de Genkai ficou quieto.

Ikki observava tudo um pouco atras de Shun. O olhar aparentemente perdido no ceu que escurecia, cheio de carregadas nuvens de chuva, mais a mente atenta a tudo que acontecia na sala e as palavras da velha mulher.

Genkai parou de falar tomando um pouco de chá. Levantou sobre os olhares dos tres e disse se virando para Shun.

Shun agradeceu e assim que a mestra saiu Ikki relaxou sentando no chão de pernas cruzadas. Shun sorriu, se virou para o irmão encostando nele. Shun virou para tras vendo Hiei, já de pé olhando para os dois. Andromeda sorriu e colocando a mão sobre o ombro de Ikki balançou a cabeça. Shun se levantou caminando ate Hiei, voltando a sentar ao lado dele. Shun riu. Hiei o olhou de rabo de olho lembrando de Kurama. Hiei pensou no chilique que Kurama tinha dado de manha. Queria saber se aquele humano faria a mesma coisa se ele seguer mencionasse o que tinha acontecido. Olhou para o outro ninguem sentado no chão, de penas cruzadas, olhando atentamente para os dois, como se fosse pular a qualquer movimento mais rapido de Hiei. O demonio do fogo não respondeu. Não tinha que falar nada para aquele humano, apesar de que a pergunta o deixara curioso. Sera que Kurama tinha contado dos dois, ou ele tinha adivinhado. Bem se lembrarava que ele e Hyoga era amantes tambem, era provavel que ele tivesse descoberto por si mesmo.

O silencio reinou na sala ate que Genkai voltasse com alguns livros sobre demonios, muitos tão velhos que estavam com folhas comidas, soltas ou borradas.

Ele e Ikki iam saindo do templo, passando por Yusuke e Kuwabara que continuavam excitadissimos com a ideia de um proximo Torneio Galatico e eles na primeira fileira.

Genkai ia com os dois visitantes ate a porta do templo, quando algumas cotas começaram a cair, antes que pudessem descer os primeiros degrais a chuva aumentou se tornando uma tempestade.

A mestra chamou os dois devolta. Shun e Ikki entraram pingando na proteção de madeira que cobria a casa, a mudança de tempo fora tão rapida que eles nem tinham se previnido com guarda-chuvas e não queria elevar seus cosmos ali.

Yusuke e Kuwabara concordaram imediatamente. Agora mais animados ainda e querando medir forças com aqueles dois, coisa que lhe foi proibida antes de mesmo de mencionarem por Genkai que os conhecia bem demais e ja sabia o que aqueles dois moleques tinham em mente.

Ikki sentou no chão, olhando aborrecido para a chuva. Tinha mais o que fazer. Principalmente porque tinha uma visita bem interessante em casa. E agora estava preso naquele lugar.

Shun olhou para o irmãoaborrecido e sorriu, de nada adiantaria pedia um pouco de paciencia a Ikki agora. Olhou para o lado vendo Hiei olhando para a chuva bastante aborrecido.

Sentindo o olhar encima de si, o demonio do fogo se virou dando de cara com Shun o olhando, imagem de Kurama lhe passou pela cabeça outra vez, não conseguia parar de relacionas os dois. Virou de costas indo se esconder em algum lugar longe da chuva.



Continua!

Ai..essa fics parece que num termina nunca!!!! ^__^.... bom, se bem que agora ja ta na metade!
Perola J. e Jade Suiyama