Revelações
Por Jade e Pérola
Capitulo Três
Hyoga pulou do sofa disposto a ir atras de Shun,
pegou a chave e tão rápido como abriu a porta foi o baque!
Doeu horrivelmente devido aos inúmeros ferimentos pelo corpo e a
força do impacto. Atordoado Cisne quase caiu na inconsciência
de novo. Pouco a pouco conseguia captar o ambiente ao seu redor. Havia
alguém sobre si, um corpo lânguido e suave emitindo um provocante
perfume oriental, ouvia sua voz familiar soando preocupada sem compreender
uma palavra sequer. Seria Shun voltando pra casa com Ikki? Ah, se fosse
Shun... O perfume tinha o mesmo odor sensual e magnético que seu
romântico namorado tinha usado durante algumas semanas deixando-o
totalmente enlouquecido, uma mistura entre rosas e almíscar, a voz
do desejo voltou a incendiar seu corpo e ele abriu os olhos bem lentamente,
esperançoso. Não era Shun.
-
Você está bem Hyoga? Responde. Ai, eu
sabia, devíamos ter levado você direto pro hospital. Está
muito fraco e com essa batida então...
-
Shiryu? O que faz aqui?
O Dragão sorriu aliviado quando foi reconhecido.
Estava muito intrigado com o estado no qual tinham encontrado o amigo e
talvez agora pudessem saber o que estava acontecendo... Ajudou Cisne a
levantar e levou-o para o sofá. Examinando se alguma ferida tinha
se aberto. Felizmente nenhuma.
-
Cadê o Seiya?
-
Seiya? Não vi... Ele tá aqui? Mas...
O que vocês estão fazendo aqui afinal? – perguntou confuso.
-
Vai com calma, o seu estado não está
dos melhores. Sentimos seu cosmo aumentar e achamos que estava em perigo.
Quando chegamos na entrada do prédio encontramos você todo
ferido no bosque aqui perto e o trouxemos para cá por ficar mais
próximo e para não levantar suspeitas pois o local estava
um completo caos. Graças aquela estranha neblina acho que ninguém
nos viu. Depois de tratarmos todas as feridas, fui ver se encontrava alguma
pista do ocorrido enquanto Seiya esperava você acordar. Mas não
descobri nenhuma, o barulho atraiu curiosos e o lugar estava muito cheio
e revirado. O portão do teu prédio está todo retorcido
e tem gelo e galhos pra tudo quanto é lado. Árvore congelada
caída nem se fala. O porteiro está desesperado! Acabou de
voltar do lanche chocado com o estado da portaria e os inquilinos estão
querendo esfolá-lo vivo por ser desleixado, pobre coitado. O que
está acontecendo Hyoga?
Antes de poder responder um estrondo abriu a porta
e Seiya entrou muito bravo.
-
Onde você estava? – o Dragão perguntou
fechando a cara. – Não deveria estar aqui cuidando do Hyoga? Grande
senso de responsabilidade.
-
Onde VOCÊ estava isso sim... Estamos na maior
encrenca. Saory ligou furiosa e quer explicações. Algum dos
seus contatos avisou da "catástrofe da natureza". Principalmente
da "neve" fora de estação. Tive de ouvir cada coisa, meus
ouvidos tão doendo até agora. Ela não acreditou que
não sabemos de nada, pelo menos acho que não depois do "Nossa!
Coincidência né, Seiya! Você e o Shiryu aí em
visita social neste exato momento e não viram nada... Seria o mesmo
tipo de visita social de vocês, cavalheiros de bronze, naquela boate
famosa onde o Ikki , sem querer, botou fogo no salão?" Pediu pra
irmos imediatamente para mansão para uma "visita social também"
antes da polícia e da imprensa chegarem ou seria obrigada a mandar
Kamus e Milo nos buscarem caso estejamos ficando cegos, surdos e mudos.
O humor dela tá horrível não quero nem ver... – fez
cara azeda e continuou. – Seja como for, estava começando a formar
um tumulto lá fora e a névoa está se dissipando. Se
alguém ver Hyoga neste estado vai desconfiar. Como estava demorando,
fui atrás de você buscar a chave do carro e avisar para sairmos
logo daqui enquanto a névoa e a escuridão da noite podem
nos encobrir... Aí te encontro agarrado com aquela sorridente garota
de cabelos azuis e kimono rosa e você me diz que eu não tenho
senso de responsabilidade! Francamente Shiryu! Aquela garota é de
MORTE! Não tinha nada melhor pra fazer não? Ah, se a multidão
não estivesse ficando tão grande... Vocês dois iam
ver só! Fiquei perdido no meio do povo. Só consegui voltar
agora. E o pobre do Hyoga esperando... – encarou o outro com uma expressão
acusadora misto de mágoa e ciúme.
-
Garota? Que garota? Do que está falando Seiya?
Ah, já sei! Aquela maluca! A que pulou em cima de mim por causa
das rosas. Encontrei algumas espalhadas pelo chão num canto escondido
do bosque enquanto procurava alguma pista. Eram muito bonitas em um tom
vermelho intenso e tinham um perfume inebriante. Provavelmente foi presente
do namorado e alguns cães devem ter roubado porque estavam cheias
de pêlos prateados e vermelhos. Devem ter custado caro, a moça
estava tão desesperada que acabou me derrubando em cima delas e
juntando tudo nervosa dizendo precisar encontrar o tal namorado depressa
e explicar o acontecido... Nem pediu desculpas, sumiu... Minha roupa ficou
cheia de pêlos e pétalas. Até uma rosa inteira sobrou...
Viu! – devolveu o olhar acusador mostrando a rosa - Não importa...
Vamos parar com esta discussão ridícula e tirar o Hyoga daqui
nesse momento...
Hyoga ainda estava atordoado, precisava encontrar
Shun, podia estar em perigo, mas a cabeça doía e os dois
amigos só pioravam o seu estado falando sem parar. Seu raciocínio
lento só pegou metade da conversa. Saory, catástrofe, Kamus,
moça de kimono, rosas vermelhas e pêlos prateados e vermelhos.
Estavam encrencados. Peraí! Rosas vermelhas
e pêlos prateados e vermelhos? Olhou para a rosa amassada. Idênticas
as do vaso um mês atrás, pareciam diferentes de outras rosas,
eram maiores,mais vermelhas e tinham um perfume muito diferente. Puxou
Shiryu pela blusa e cheirou sob o olhar arregalado de Pegasus. O mesmo
perfume. Tirou um dos pêlos prateados soltando a blusa do amigo.
Tinha certeza de ter visto alguns pela casa e na mão do Shun, eram
semelhantes aos... aos...daquele tal Youko descarado! Como fora tolo em
acreditar numa mentira tão ingênua? Então foi realmente
"essa" a aula estudada naquele dia. E o dito Kurama teve coragem de vir
cobrar satisfações! Ah, isso não ficava assim de jeito
nenhum... Levantou num salto lançando um olhar gélido aos
amigos.
-
Não posso ver Saory agora. Eu preciso encontrar
o Shun imediatamente. Temos questões pendentes à resolver.
– Hyoga estava ansioso por sair dali.
-
Shun? Hades tem algo a ver com isso? – Perguntou
Shiryu assustado impedindo a passagem do outro.
-
Hades? Não! O problema é bem diferente...
– fez cara feia ao lembrar-se da criatura prateada que tinha enfrentado.
– Porque está dizendo isso?
-
Senti uma energia negativa. Parecida com os cosmos
lá do inferno... Deve ter sido impressão. Por favor, o que
está acontecendo Hyoga? Explique-se! Está nos deixando preocupados...
-
Não se metam. – ameaçou frio. - Isso
é assunto particular meu. Eu e Shun vamos esclarecer esta história
de uma vez por todas. Só quero uma carona pra casa do Ikki... Podem
me levar? Não vou poder dirigir...
-
Casa do Ikki? – estranharam os dois juntos. – Mas
não tem ninguém lá!
-
Como assim? – Hyoga franziu o cenho.- O Shun foi
pra lá com ele para ajudá-lo com a casa. Talvez nem retorne
hoje...
-
Impossível! Nós acabamos de fechar
o apartamento dele e estamos com a chave aqui. Era pra entregar pro Shun
amanhã quando retornasse da missão. Shaka nos incumbiu de
devolvê-la quando o deixamos no aeroporto a umas duas horas. Parece
que o Ikki o deixou cuidando da casa mas ele tinha outras coisas para fazer
e não ia poder esperar... Sei não, mas depois de ter decorado
o apartamento a semana inteira, ele deve ter ficado de saco cheio de aturar
o Fênix. Estava com uma cara de poucos amigos, murmurando algo como
se o pássaro pensava que ele tinha vocação pra dona
de casa estava muito enganado... Ai, Shiryu! Porque você me beliscou?
Shiryu não teve tempo de impedir Pegasus e
observava receoso a reação de Cisne. Percebera alguma informação
desencontrada e rezava para o outro não ter compreendido bem as
palavras de Seiya. Era tarde. O estrago estava feito. Hyoga permaneceu
estático por longos minutos. Não acreditava nas revelações
daquele dia... O fim do mundo tinha chegado e ninguem o tinha avisado?
Agora era ele quem queria saber o que estava acontecendo de verdade. Lá
fora um trovão anunciou a aproximação de uma terrível
tempestade sob o negro céu noturno.
*
A chuva pesada impedia a visão na estrada
tornando-a perigosa de transitar. O ruivo atrás do volante parecia
não ligar. Quase batera num caminhão a poucos minutos e continuava
a alta velocidade. Estava fora de si. A prudência o abandonara faz
tempo. Digiria feito louco. Ultrapassava nas curvas mais perigosas e derrapava
várias vezes. Não importava, se chegasse mais rápido
ao seu destino.
Saiu da rodovia para a estrada de terra conhecida,
desesperado para chegar ao Templo. Com certeza, seu amado Hiei estaria
lá consolando-se nos braços de Yukina. A estrada estava ruim,
cheia de buracos, tinha sido área de treino nos dias antecessores.
Passaria mais de uma semana lavando o barro acumulado e o carro precisaria
de uma revisão severa no mecânico, se chegasse inteiro...
Não tinha escolha, poderia arranjar outro carro, não poderia
arranjar outro Hiei. Aquela estradinha de terra era o caminho mais curto
e dava direto no final da propriedade, teria de rodar uma grande parte
daquele terreno até as escadarias.
De trem era mais fácil, os turistas conseguiam
alcançar o Templo a pé, vinham às 14h e voltavam às
17h todos os dias. Únicos horários permitidos pela mestra.
E tinha a rodovia abaixo, um trajeto longo e curvilíneo. Só
pela manhã veria a casa amiga, não tinha paciência
para esperar. Chegaria num horário inconveniente, a Mestra não
ia gostar. Mas, com sorte, poderia dormir nos braços amados e pensar
melhor nos seus atos. Queria a segurança de ter Hiei embaixo de
sua vista e longe de certos sujeitos. O seu menino rebelde. O seu bebê
travesso... Ele não tinha noção do mundo. No fundo
era só uma criança abandonada mendigando carinho. Precisava
ser protegido a qualquer preço. Errara e seria punido. Ensinaria
a lição depois... Primeiro, livrar-se do loiro. Riu amargo.
Tivera tanto medo de Mukuro e dos demônios do Makai. Tantos planejamentos,
tanto trabalho para afastá-los e ameaça veio justo de um
ningen. Inari estava pregando peças... Hiei. Acelerou.
Fazia 5 minutos estava em território conhecido.
Mais uns 15 e poderia ver o mármore branco daquelas protetoras paredes.
Aquele Templo transmita segurança a sua alma perturbada. Inesperadamente,
um enorme pinheiro cai a sua frente quase atingindo o carro. Droga! Como
iria retirá-lo? Seus poderes estavam fracos. Desceu do carro sentindo
a chuva fria. Ficaria ensopado novamente. Pense, Kurama, pense!
Algumas trepadeiras poderiam puxá-lo para
o lado. Subiu na árvore procurando analisar melhor a situação
e ficou horrorizado. Do outro lado uma imensa cratera de erosão
se formara. A estrada ficaria impedida até eles consertarem. Olhou
adiante. O templo poderia ser visto dali, mas ninguém poderia vê-lo.
Não dava pra ir a pé. A chuva estava muito forte. Droga,
droga, droga! Teria de passar a noite numa pequena cabana perto dali, onde
reuniam-se depois dos treinos. A luz da lareira chamaria a atenção
da Mestra e Hiei reconheceria seu youki. Já era alguma coisa...
As lágrimas desciam tristes acompanhando a chuva. Só após
a tempestade veria o precioso demônio de fogo, e isso não
seria antes do amanhecer pela aparência das pesadas nuvens. Fechou
o carro, carregando pouca coisa e sentindo-se em total abandono. Hiei.
Tão perto e tão longe. Estava sem Hiei...
**
Os dois cavalheiros de Atena permaneciam calados
dentro do carro estacionado no pequeno posto de estrada. O Dragão
olhava a face do amigo incomodado. Precisavam conversar, sua mente brilhante
não achava o ponto inicial. Foi Cisne a quebrar o silêncio:
-
Porque vieram comigo? Poderia tê-los deixado
na casa do Seiya e vindo sozinho. Era só indicarem o caminho. Eu
já disse, é assunto particular. Não preciso de vocês.
-
Ora veja! E nos deixar enfrentar Saory, Kamus e Milo
sozinhos? Nem pensar! Onde fica o "um por todos e todos por um"? – riu
tentando relaxar. - Se formos gentis, talvez a mestra desse templo afastado
nos deixe ficar alguns dias até tudo se acalmar...
-
Não é por isso que estão aqui.
Não tente me iludir.
-
Certo. Quanto tempo mais vamos ter de esperar até
resolver abrir esta cabeça dura e nos contar alguma coisa? Ajuda
nunca é demais...
-
O mesmo de você me contar o que está
escondendo. Segredos não vão me ajudar também! – ironizou.
Shiryu baixou a cabeça. Eram amigos fiéis
e conheciam-se muito bem. Não dava mesmo para esconder.
-
Bem... Corre um boato lá no santuário...
Do Ikki e o Shaka, você sabe... – Hyoga luziu furioso batendo no
carro – Faz muito tempo Hyoga. Porque você não esquece? Éramos
extremamente jovens. Shun e Seiya muito novos para nos atrair. Foi só
fogo de aventura. Passado. Todo cavalheiro sente essa necessidade na puberdade,
só fase... Pense bem, agora você tem o Shun.
-
É? Tem certeza? Guarde seus conselhos para
você mesmo – encarou o outro friamente – Se é assim, então
porque vira e mexe você vai visitar o Mu. Afinal você tem o
Seiya...
Shiryu torceu o nariz. Era verdade. No santuário,
as rígidas condutas de vida faziam muitos mestres, aprendizes e
cavalheiros criarem laços além da amizade. A maioria perdia-se
no tempo, alguns ao contrário permaneciam fortes e podiam até
criar desavenças onde o grande mestre era obrigado a interferir
pessoalmente acalmando os ânimos para todos voltarem a boa convivência.
A regra era sem rixas de amor e todos respeitavam. Separar-se de Mu não
fora tão difícil, mas quando a saudade batia...
No caso do Ikki e Hyoga fora complicado, apesar
de durar pouco. Deixara cicatrizes. Ele também não gostava
de Shaka. Conhecia histórias dele com Mu no mínimo, desagradáveis.
Pontadas de ciúmes. Não era perfeito. Porém Ikk e
Shaka pareciam estar se dando tão bem. Não tivera coragem
de comentar isso com Hyoga. Esperava um momento propício. Cisne
estava decepcionado com a recusa de Ikki ir morar com eles embora não
demostrasse. Era tenebrosa a frieza de Fenix em relação a
ele e o Dragão desejava nunca passar por aquilo. Graças a
Atenas, Áries sempre o confortava quando queria. Não era
um triângulo, mas não incomodava ninguém.
-
É por isso que aquela loira zen cabeluda estava
aqui? Pra me confrontar? Pena não saber. Mais um pra lista, ultimamente
anda crescendo... Uma bonequinha ruiva de promoção e agora,
a barbie falsificada de camelô. Estou colecionando inimigos e me
tornando impopular. Deve ser por isso o estranho comportamento do Shun
nos últimos tempos. Más companhias. Não acredito!
E você dizendo-se meu melhor amigo... Porque não contou que
ele estava na casa do Ikki? Tá contra mim? – explodiu.
-
Não, Hyoga! Nada a ver. Ele não veio
pelo Ikki, ele veio a pedido do Santuário para visitar essa mestra
em especial. O Shun ficou sabendo e pediu a missão pra ele. Sabe
como ele adora lugares históricos. Não deve ter contado com
medo da sua reação... Ele é ingênuo, não
deve saber de nada, foi tudo muito rápido, são poucos a fazer
suposições. Eu mesmo não sei muito mais, juro. Estou
tão espantado quanto você. Não arrisco nenhum palpite.
Sabe que não gosto de Virgem também. Nunca me aliaria a ele
de jeito nenhum. Ah, se pudéssemos nos livrar dessa figura... Nessa
horas tenho vontade de jogar pro alto meu voto de cavalheiro...
Silêncio.
-
Hyoga? – Cisne encarou Dragão de cara feia
- Não somos mais amigos? Não vvai me contar nada?
Hyoga suspirou observando Shiryu no seu mudo
pedido de pazes. Sempre se deram bem. Porque ser tão radical com
ele? Tinha se metido em desavenças demais...
-
Bem... É uma história superesquisita...
O Shun me traiu com um filhinho da mamãe ruivo da faculdade, coisa
da idade sei lá, e eu resolvi ir a forra seduzindo o amante dele...
– riu – o cara não gostou de ser chifrudo. Deu o maior rolo porque
o Shun tinha negado, mas era verdade... Pensando bem... Agora o Miss Rosinha
tá me devendo uma e eu não vou deixar barato! – sorriu perverso,
alisando a joía-lágrima junto a Cruz do Norte no seu pescoço.
-
Como é que é? Explica isso melhor...
*
As chamas crepitantes da lareira não conseguiam
aquecê-lo o suficiente. Era o frio da alma o pior. Trocou suas roupas
úmidas de ningen por uma mais alegre para se animar. Não
adiantou. A roupa, uma das suas preferidas, perdera o brilho. Ele deveria
estar engordando. Seria uma ruga aquela dobra? O cabelo avermelhado em
definitivo precisava de um tratamento. Daria um jeito na volta.
Analisou o rival mentalmente. Tinha um cabelo
loiro de água oxigenada barata todo desgrenhado, o seu era mais
bonito e brilhava ao sol. Os olhos azuis iguais a peixe morto nunca seriam
páreo para os verde esmeralda sensuais. E os modos e roupas grotescos?
Nem comparação! O que Hiei vira nele? Toya seria um rival
melhor...
Balançou a cabeça. Poderes de Gelo.
Ele não os tinha... Mas e amor? Amor não contava? O Picolé
Azul nunca daria tanto amor ao pequeno Koorime quanto ele. Nunca o compreenderia
em completo ou faria tantas loucuras para tê-lo. O amor da sua vida.
O amor eterno e imortal tão procurado. Era dele, só dele!
Eles tinham problemas e brigavam. E daí? Todos os casais brigam.
Não ficam um mês desaparecidos dentro do Makai ou incendeiam
sua planta preferida, mas brigam! E eles eram demônios e demônios
vivem assim, pronto! Era um bom relacionamento não era? Tratava
todas as suas feridas após as lutas, cuidava das roupas, da alimentação.
Nunca fizeram greve de sexo! Bom sinal! Um ningen... Um mísero ningen
e pôs tudo em xeque. Que ódio! Se estivessem no Makai, onde
a lei do mais forte domina, o loiro estaria morto a muito tempo sem interferências
e ele estaria dando o castigo merecido ao amante, tranqüilo. Ele era
o mais forte, Hiei lhe pertencia por direito. Era a lei. Eles eram demônios,
não ningens! Ninguém além dele podia tocar aquela
pele, aqueles lábios e permanecer vivo.
Já matara concorrentes por muito menos
pra provar soberania. Porque tinha de se submeter as regras ningens e do
Reikai? Conquistar um demônio reservado como aquele foi quase impossível.
O monastérico sangue Koorime era forte. Ele conseguira com muito
esforço e dedicação. Domara seus instintos de youko
com dor e paciência esperando o momento certo, vencera.
Roubara aquele coração, o mais raro
de todo o Makai. Era o legendário Youko Kurama. Sorriu orgulhoso.
Fora o primeiro e Hiei seria o seu último amante. Casinhos não
contavam. Dormiria o repouso do inverno naqueles agraciados braços
sob uma delicada chuva de joias-lágrimas negras vivendo a mais doce
e longa história de amor de toda sua vida milenar. Aprendera o significado
de Felicidade, seu maior tesouro. Hiei era sua redenção e
seu paraíso. Aquela pedra de gelo tinha de aparecer? Ainda mais
um ningen! Pela primeira vez, concordava com o demônio de fogo, certos
ningens eram detestáveis! Talvez pudessem viver algum tempo no Makai
até tudo se acalmar, uns 15 a 20 anos. E Shiori? Não podia
abandoná-la. Se morassem numa das fronteiras podia trabalhar e ajudá-la,
desde que Hiei permanecesse do lado do Makai, é claro! Quem sabe
se em vez de matar pudesse conviver com a idéia de ter arrancado
um olho ou uma perna. Ou passado o chicote por toda aquela maldita pele
esbranquiçada até ele ficar irreconhecível? Não
era morte, e Koema...Ah! Estava ficando doido! Onde estavam Yuusuke e Kuwabara
quando precisava? Ele não podia ficar sozinho a noite toda... Por
Inari, se não aparecesse uma alma viva, ele era louco o suficiente
de sair na chuva em plena escuridão. Tinha de aparecer alguém!
**
Shun e Ikki permaneciam ajoelhados sobre os tatamis
da sala do templo. Genkai e a Hiei a frente deles, sentados com as pernas
cruzadas.
A mestra falava sobre Youkos, porem nada mais
do que poderia se encontrar em livros sobre demonios e lendas amtigas.
Ela gastara tempo acalmando Hiei que queria saber de onde havia surgido
aqueles fios prata e longos na mão de Shun.
O garoto espilcara qye eram da Fundação
Graad, que estava patrocinando uma pesquisa sobre lendas antigas do Japão.
Hiei não acreditou, era muita coincidencia o amiguinho de Kurama
aparecer com pelos de uma raposa milenar prateada, mais a pedido de Genkai
ficou quieto.
Ikki observava tudo um pouco atras de Shun. O
olhar aparentemente perdido no ceu que escurecia, cheio de carregadas nuvens
de chuva, mais a mente atenta a tudo que acontecia na sala e as palavras
da velha mulher.
Genkai parou de falar tomando um pouco de chá.
Levantou sobre os olhares dos tres e disse se virando para Shun.
-
Espera aqui. Eu vou buscar uns livros para você.
Shun agradeceu e assim que a mestra saiu Ikki relaxou
sentando no chão de pernas cruzadas.
Shun sorriu, se virou para o irmão encostando
nele.
-
Ela tem muito poder não? É diferente
do nosso, mais é bem forte.
-
Não é ela. Esse dai que me encomoda
mais.
Shun virou para tras vendo Hiei, já de pé
olhando para os dois. Andromeda sorriu e colocando a mão sobre o
ombro de Ikki balançou a cabeça.
-
Fica calmo está bem? É um amigo.
Shun se levantou caminando ate Hiei, voltando a sentar
ao lado dele.
-
Oi.
-
...
-
Você não gosta de mim não é?
-
...
Shun riu. Hiei o olhou de rabo de olho lembrando
de Kurama.
-
Como estão você e o Minamino?
Hiei pensou no chilique que Kurama tinha dado de
manha. Queria saber se aquele humano faria a mesma coisa se ele seguer
mencionasse o que tinha acontecido. Olhou para o outro ninguem sentado
no chão, de penas cruzadas, olhando atentamente para os dois, como
se fosse pular a qualquer movimento mais rapido de Hiei. O demonio do fogo
não respondeu. Não tinha que falar nada para aquele humano,
apesar de que a pergunta o deixara curioso. Sera que Kurama tinha contado
dos dois, ou ele tinha adivinhado. Bem se lembrarava que ele e Hyoga era
amantes tambem, era provavel que ele tivesse descoberto por si mesmo.
O silencio reinou na sala ate que Genkai voltasse
com alguns livros sobre demonios, muitos tão velhos que estavam
com folhas comidas, soltas ou borradas.
-
Talvez ajude.
-
Tenho certeza que irá. – Shun disse sempra
muito amavel. – Obrigado.
Ele e Ikki iam saindo do templo, passando por Yusuke
e Kuwabara que continuavam excitadissimos com a ideia de um proximo Torneio
Galatico e eles na primeira fileira.
Genkai ia com os dois visitantes ate a porta do
templo, quando algumas cotas começaram a cair, antes que pudessem
descer os primeiros degrais a chuva aumentou se tornando uma tempestade.
A mestra chamou os dois devolta. Shun e Ikki entraram
pingando na proteção de madeira que cobria a casa, a mudança
de tempo fora tão rapida que eles nem tinham se previnido com guarda-chuvas
e não queria elevar seus cosmos ali.
-
Você não vão conseguir sair daqui
com essa chuva. A floresta fica inundada. É melhor ficarem aqui
e esperarem passar.
Yusuke e Kuwabara concordaram imediatamente. Agora
mais animados ainda e querando medir forças com aqueles dois, coisa
que lhe foi proibida antes de mesmo de mencionarem por Genkai que os conhecia
bem demais e ja sabia o que aqueles dois moleques tinham em mente.
Ikki sentou no chão, olhando aborrecido
para a chuva. Tinha mais o que fazer. Principalmente porque tinha uma visita
bem interessante em casa. E agora estava preso naquele lugar.
Shun olhou para o irmãoaborrecido e sorriu,
de nada adiantaria pedia um pouco de paciencia a Ikki agora. Olhou para
o lado vendo Hiei olhando para a chuva bastante aborrecido.
Sentindo o olhar encima de si, o demonio do fogo
se virou dando de cara com Shun o olhando, imagem de Kurama lhe passou
pela cabeça outra vez, não conseguia parar de relacionas
os dois. Virou de costas indo se esconder em algum lugar longe da chuva.
-
Era só o que faltava. O demonio disse se afastando.
Continua!
Ai..essa fics parece que num termina nunca!!!!
^__^.... bom, se bem que agora ja ta na metade!
Perola J. e Jade Suiyama