MODERATO








por Lucretia



 

11

Alan acordou com os barulhos da casa vindos da cozinha. Abriu os finos olhos num pequeno susto, quando ouviu um copo caí e espalhando pedaços no chão da cozinha.

Olhou ao redor identificando o lugar em que estava, reconhecendo o antigo quarto de seu amado. Mirou cada objeto rapidamente até que seus olhos caíssem na bela figura a sua frente. Era Jack, ainda adormecido. Seu belo rosto estava calmo, apesar de levemente inchado, pelo prantos anteriores, mas mesmo assim ainda lindo. Parecia um anjo, com os seus cabelos dourados e sua pele tão clara e macia. Ficou ali, deitado ao lado de Jack, esperando q acordasse. Jack abriu os olhos, assustado. Tivera outro pesadelo. Respirou fundo acalmando-se, quando viu que Alan olhava-o com uma interrogação em seu semblante.

_ Outro pesadelo? _ perguntou, afagando os longos fios dourados de Jack.

Jack respondeu apenas com um balançar de cabeça. Tentava manter o controle das emoções, para fazer seu coração bater calmamente outra vez.

_ Bem, já amanheceu. Vamos descer e comer alguma coisa? _ sugeriu Ala, levantando-se da cama.

O loiro não respondeu, porem acompanhou todos os gestos de Alan. Levantaram-se e vestiram-se, desceram as escadas e dirigiram-se a cozinha. Lá, já estavam todos, a mãe de Jack, Paul e Jackeline. A menina possuía as mesmas feições inchadas do irmão, por chorar tanto.

Jack sentou-se ao lado da irmã, deu-lhe um beijo na testa e pegando-lhe as mãos delicadas, beijou-as cada uma.

_ Bom dia, minha querida irmã _ desejou.

Jack amava a irmã, mas nunca fora tão gentil e carinhos com ela, pelo contrario sempre procurava irrita-la. Porem seu estado de espirito pedia por outro tratamento, talvez ainda sentindo-se por ter tirado a companhia do pai de perto dela.

Todos cumprimentaram-se mutualmente, desejando um bom dia. sentaram-se a mesa e Isabelle trouxe ovos frios para Jack e Alan.

Jack olhou o prato e deu um pequeno suspiro, quase inotável para os outros, pois estavam ocupados demais com suas próprias dores, mas Alan notou. Todos comiam seus desjejuns, menos Jack, que fitava o ovo, sem mover um único músculo. Não tinha fome. Não queria nem sentir o gosto de comida em sua boca. Não se sentia digno.

Alan observava-o por sobre os olhos, desgostoso do que via, enquanto comia seu café. viu o loiro levantar os olhos do prato e olhar cada um na mesa, depois voltando seus grandes olhos azuis para o lugar onde seu pai costumava sentar-se. Estava vazio... Seu pai não estava lá, falando alto, rindo, reclamando do pão ou pedindo mais um ovo para a sua mãe. seus olhos encheram-se de lagrimas e ele voltou a enterrar seu rosto no prato.

_ Quero ir para casa, Alan _ o loiro falou, quebrando o silencio que estalara-se na cozinha, onde apenas a sinfonia dos talheres e pratos eram ouvida.

Todos pararam e voltaram seus olhares para Jack. E ele repetiu.

_ Quero ir para casa.

_ Mas você nem vai comer seu ovo? _ Perguntou Alan, tentando persuadi-lo a pelo menos alimentar-se.

_ Agora... Quero ir embora! _ seu olhar ainda era baixo.

_ Mas, Jack...

_ Não agüento mais ficar aqui. Tudo me lembra meu pai. Quero ir para minha casa.

Jack deixou que suas lagrimas rolassem, mas continuou sem encarar os outros. Jackeline também começo a chorar ao ver seu irmão tão choroso dizendo que não queria mais ficar ali. Isabelle apoiou seu queixo sobre as mãos e olhou seus filhos, segurando uma lagrima teimosa em seus olhos. e um silencio voltou a envolve-los, quebrado apenas pelos soluços dos dois irmãos.

_ Está bem, Jack. Vamos... _ Alan finalmente falou, levantando-se da mesa. Voltou-se para a mãe de seu amado e falou _ Desculpe, senhora Adams...

_ Tudo bem... Tudo bem... Leve meu filho para casa e cuide dele. E, por favor, faça-o comer algo. _ interrompendo Ala, Isabelle deu o seu parecer.

Alan respondeu-lhe um "o.k." e deu-lhe um demorado beijo em seu rosto e outro em Jackeline, que já se acalmava. levantou Jack da cadeira e com um braço envolta dos ombros dele, como num abraço fraternal, levou-o até o carro.

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Levou mais de uma hora para que os dois rapazes chegassem em casa. Era uma segunda-feira daquelas e o transito estava simplesmente uma droga.

Ao entrarem no apartamento, Alan levou seu amado até o sofá, guiando-o pela mão. Sentou-o e segurando seu queixo, com delicadeza, fez com que se encarassem.

_ Eu vou prepara um banho bem gostoso na banheira para você relaxar e depois vamos comer alguma coisa. e não adianta dizer que não quer. Não te quero ver doente. _ declarou, sem deixar que Jack respondesse negativamente. E tirando o paletó, dirigiu-se ao banheiro.

Voltou pouco tempo depois, já sem camisa, encontrando seu amado sentado no mesmo sofá, com a cabeça baixa, olhando o chão pensativamente. Chamou-o com um tom de voz baixa, e quando Jack olhou-o, estendeu-lhe a mão. Jack segurou-a e foi puxado do sofá. Alan guiou-o ao banheiro. E lá ele pode ver a banheira preparada especialmente para o seu banho. O seu querido Alan tornara-se um expert em fazer tudo para agrada-lo.

A banheira estava do jeito que Jack gostava. A água morna e cheia de sais de banhos, que enchiam o ambiente de uma aroma agradável de camomila e erva doce. Alan realmente caprichara!... Tudo para tornar as coisas melhores para seu amado. Não suportava mais vê-lo sofrer daquela forma.

Jack olhou-o, como que querendo dizer-lhe que não precisava, mas não se atreveu a falar. Sabia que Alan preocupava-se com ele e não queria vê-lo sofrer.

Sem falar nada, Alan começou a desabotoar a camisa de seu amado. Primeiro os botões da frente e depois do pulso, e numa caricia, deslizando as mãos pelo peito e ombros, fez com que a camisa e o paletó caíssem no chão, ao mesmo tempo.

Em poucos instantes, Jack estava complemente nu. Olhou Alan ternamente e entrou na banheira, sentindo seu corpo sendo molhado e seus músculos relaxando. Recostou-se e acomodou-se fechado os olhos, quando ouviu a voz de Alan.

_ Chega um pouco para frente.

Quando Jack voltou a abrir os olhos, viu Alan também nu. Olhando-o, como que implorando para dá-lhe carinho, para fazer aquela dor toda desaparecer.

_ Vou esfregar as suas costas.

Jack esboçou um semi-sorriso. Alan estava sendo tão atencioso, tão carinhoso, que ele não podia ser egoísta, sofrendo sozinho e isolando-se. Chegou-se para frente, dobrando os joelhos, dando espaço para seu amado.

Alan juntou-se a Jack na banheira, abriu bem as pernas acomodando o corpo do outro contra o seu. Pegou uma esponja e colocou um pouco de sabonete liquido, afastou os longos fios dourados, colocando-os de lado, e esfregou-a, em movimentos circulares, em suas costas. Era como uma leve massagem e logo todo corpo do loiro estava relaxado.

Alan podia sentir o relaxamento do corpo de seu amante. Puxou-o pelos ombros para si, fazendo-o acomodar-se contra seu tórax e recostar a cabeça em seu ombro. Deslizou a esponja por um dos braços, com o mesmo movimento suave, passando depois para o peito de Jack. carinhosamente, o moreno ensaboava todo corpo de seu namorado, com movimentos circulares e relaxantes, que subiam e desciam. O peito, o pescoço, os ombros, os braços... cada parte do seu abdômen foi devidamente tocada pela aquela espoja, ajudada pela leve mão de Alan. Era tudo tão bom, que Jack poderia dormir ali, nos braços de seu amado.

Depois de espalhada toda espuma, foi a vez de enxaguar. Alan largou a espoja ensaboada na banheira, deixando-a boiar e, com a mão em forma de concha, levava água até o tórax do loiro, acariciando levemente sua pele. Jack cerrara os olhos, como que desfrutando cada vez mais daqueles toques e carinhos, suspirando de vez em quando. Alan tirava-lhe o sabão do corpo e dava-lhe beijos leves onde conseguia. O rosto, o pescoço, os ombros, os braços... Era bom demais! Só Alan tinha a capacidade de faze-lo sentir-se melhor, mas ainda não conseguia esquecer a morte de seu pai. seu coração ainda doía-lhe muito.

Ficaram na banheira por algum tempo, em completo silencio. escutavam um a respiração do outro. Alan podia sentir a respiração pesada de Jack, como se respirar fosse um esforço muito grande, como se doesse. sofria ao ver a pessoa que mais amava sofrendo daquela maneira, mas não havia nada que pudesse fazer, então permanecia calado.

Saíram do banho, após quase uma hora e vestiram-se ambos em dois roubos cada um. Alan num azul-bebê e Jack num branco.

Roubos estes, que foram comprados a pouco tempo e essa era a primeira vez que usavam. Alan lembrou-se do dia em que os comprara, enquanto amarrava a faixa felpuda na cintura de seu amado. Fora num supermercado, um dos quais encontra-se quase de tudo, para fazer compras, quando, passando pela sessão de toalhas, viu uma super promoção de roupões de casais. O inverno estava chegando e não gostava de sair do banho apenas coberto por uma mísera toalha. No verão tudo bem, mas quando fazia frio... Brrrr... não gostava nem de lembrar. Então resolveu leva-los. compraria dois praticamente pelo preço de um, e, também, evitaria problemas de brigas como o Jack por causa de um roupão só. Revirou o balcão quase todo a procura de uma embalagem em que tivesse um roupão azul e outro branco, ou qualquer coisa que não fosse o rosa. Depois Jack riria dele, dizendo que a cor não importava, que ele podia trazer o rosinha mesmo, pois ninguém os veriam de roupão. insistiu, revirou, remexeu, e quando já estava quase desistindo, finalmente encontrou o bendito roupão branco.

Agora estavam usando-os pela primeira vez. Alan desejava que fosse num ocasião mais alegre, em que eles teriam terminado de fazer amor. Mas já não importava mais. Olhou para seu amado ternamente. Jack não chorava mais, contudo ainda tinha suas feições triste e ainda podia-se ver um leve inchaço abaixo de seus olhos. O moreno deu-lhe um leve beijo nos lábios, que não passou de uma brisa e puxou-o num abraço caloroso e quente. Jack abraçou-o também, encaixando sua cabeça na curva do ombro de seu amado, escondendo seu rosto na escuridão dos cabelos de Alan.

_ O que você quer comer? _ perguntou o belo rapaz de cabelos negros, afagando os loiros fios da cabeça do outro _ Me diz, que eu faço.

_ Nada... Não quero comer nada _ respondeu Jack.

_ Não, senhor... Você vai comer alguma coisa sim, nem que tenha que te empurrar goela abaixo. _ Alan declarou , afastando Jack pelos ombros, irritado com a persistência dele em não querer comer nada. Pegou-o pelo pulso e levou-o até a sala _ senta aqui! Eu vou para aquela cozinha e quando eu voltar você vai comer o que eu trouxer. Não quero te ver doente!

Jack não falou nada, nem tentou retrucar. Enterrou seus olhos no chão, recebendo a bronca que sabia ser merecida. E em matéria de bronca, Alan era especialista... Não era como ele que vira Alan emagrecer, pedido por sua ajuda, e nada fizera.

O loiro ficara sentado no sofá, quieto, enquanto Alan retirou-se para a cozinha. Da sala, Jack pode ouvir o barulho de portas de armários, panelas, geladeira, talheres... Não se atreveu a sair de onde estava, não ousava desobedecer seu namorado que parecia muito irritado com ele, por causa da preocupação que causara.

Alan ficou alguns instantes parado no meio da estreita cozinha. Vasculhou todas as partes procurando por algo rápido para fazer, antes que aquele loiro teimoso fugisse. Encontrou então uma daquelas embalagens de sopa instantâneas arrumada a um canto de um dos armários. Pegou-a e olhou-a pensativamente, lendo as letras que afirmavam o sabor: Creme de Cebola. Era exatamente aquilo que procurava. Leu as instruções rapidamente e pôs-se a prepara-la.

Em poucos minutos, voltava para a sala, com uma bandeja com um borbulante creme de cebola e um copo d’água. Sorriu de leve ao ver que Jack continuava sentado onde o tinha deixado. Sentou-se ao seu lado e pousou a bandeja na mesa de centro a sua frente. Olhou para seu amado e chamou-o.

_ Jack... Desculpe por ter brigado com você daquele jeito.

_ Tudo bem, eu merecia. _ retrucou Jack com resignação.

Alan aproximou-se mais de Jack, acariciou seu belo rosto com as costas da mão e deu-lhe um beijo carinhoso numa bochecha. Pegou o prato com o conteúdo quente em suas mãos, recolheu um pouco do creme com a colher, assoprou para dá-lhe uma esfriada e estendeu-as para Jack. O loiro olhou nos olhos oblíquos de Alan, realmente não sentia fome, mas seu amor tinha razão, se não se alimentasse logo estaria doente, então abriu a boca, aceitando o alimento.

Jack tomara quase todo creme, que Alan oferecera-lhe, dando colher por colher em sua boca, como as mães fazem com seus filhos pequenos.

_ Não agüento mais _ Jack declarou, virando o rosto e empurrando a colher.

_ Tudo bem. Já comeu o bastante _ afirmou Alan, pousando o prato quase vazio na bandeja. Ofertou o copo d’água para Jack, que deu apenas um gole, devolvendo-o de volta quase cheio.

_ Bom menino... _ falou Alan satisfeito com o amado.

Depois que Alan colocou o copo de volta a bandeja, Jack deitou sua cabeça no colo de seu amado. Sentia-se cansado, e, talvez, aqueles sais de banho despertaram-lhe o sono. Mesmo após o banho seu corpo pesava uma tonelada e tudo que ele queria era dormir. Es pudesse, a vida toda...

_ Quer dormir um pouco? _ Alan perguntou, afagando os cabelos de Jack, que assentiu com a cabeça e os olhos cerrados.

Alan então levantou a cabeça de Jack de seu colo, forçando-o abrir os grandes olhos azuis e encara-lo, enquanto era puxado por um dos braços e posto de pé. O rapaz de cabelos escuros guiou-o até o quarto. deitou-o na cama, com cuidado de tirar-lhe o roupão úmido e vesti-lhe um pijama bem quente. Alan deitou-o, cobriu-o e afagou-lhe os longos fios dourados, fez tudo com enorme amor e ternura. Não queria que o seu Jack sofresse mais, sabia que o tempo era o melhor remédio, mas talvez com a sua ajuda...

Resolveu deixar Jack sozinho para que ele relaxasse e dormisse tranqüilamente. Deu um breve beijo e levantou-se na direção da porta, mas foi impedido pelo loiro. Jack segurou numa das mãos de Alan e implorou, com um olhar triste e carente.

_ Deita aqui comigo...

Alan olhou-o por um instante e sentiu seu coração apertado ao ouvir o pedido de seu amado.

_ Por favor, meu amor... Preciso do seu carinho... _ Jack insistiu no seu pedido, com uma voz chorosa e melancólica.

_ Espera só eu tirar esse roupão e vestir algo mais quente?

Jack concordou mais relutou em soltar a mão de seu amante. Parecia ter medo dos próprios sonhos, temendo que se tornassem realidade. Que ao atravessar o corredor que dividia os quartos Alan sofresse algum acidente e não voltasse mais para sua companhia. Alan apenas aproximou-se dele, deu-lhe outro beijo breve, dizendo que voltaria o mais rápido possível, conseguindo assim soltar as mãos e sair para o seu quarto.

Voltou o mais rápido que pode, como prometera ao seu amado. Vestia apenas uma calça de pijama e seus chinelos. Olhou brevemente para Jack da porta do quarto deste e viu sua expressão de medo. Jack tinha os grandes olhos azuis bem abertos, fazendo com que eles parecessem bem maiores. Era um menino com medo do quarto escuro. Mas seu quarto estava claro, ainda era dia, apesar do céu está levemente nublado e com a cara de chuva.

Alan fechou a porta a suas costas e dirigiu-se a janela, abaixou as persianas, deixando o quarto a meia-luz, onde os dois amantes podiam se olharem. Deitou-se, finalmente, satisfazendo a vontade de seu amado e acomodou-o contra seu peito.

Sentia o quanto Jack estava abalado. Ouvia-lhe a respiração pesada e percebia-lhe a relutância de entregar-se ao sono. Alan acariciou-lhe a cabeça e as costas, puxou-o mais para si, acomodou-o mais, abraçou-o. Tudo para que Jack dormisse... Ainda sentiu-o relutando um pouco, mas seu corpo não agüentou muito tempo e deslizou calmamente para o mundo dos sonhos.

Apesar de não ter a intenção de dormir, Alan também deixou-se guiar pelo cansaço do corpo e pela noite anterior mal dormida. E os dois namorados acabaram adormecendo um nos braços do outro.

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Horas depois Alan abria seus miúdos e belos olhos azuis. Já era noite quando acordara. Não tinha a menor idéia de que horas eram, mas sabia que dormira a muito tempo.

De repente dera-se conta de que Jack não estava mais ao seu lado na cama. Acordara antes dele e levantara-se. Mas onde estaria?... Chamou-o, num sussurro.

_ Jack...

Mas sua voz era tão baixa e ainda um pouco sonolenta que o loiro não escutaria, a menos que estivesse ao seu lado. Ouvira então um barulho que vinha da cozinha. Bom, pelo menos ele estava em casa e talvez acordara com fome, pensou Alan com o coração mais aliviado. Poderia ser aquilo uma reação? Foi quando ouviu Jack gritar da cozinha e o barulho de alguns talheres caindo no chão.

Deixando a sonolência de lado, Alan levantou-se da cama e cruzou a sala como um furacão. Tropeçou no sofá e quase caiu, mas continuou, enquanto o chamamento de Jack misturava-se com o pranto.

_ Oh, Deus!... Alan, Alan!... Oh, Deus! Sangue!

Alan parou na porta da cozinha e mirou a cena que encontrara. Alguns talheres espalhados no chão e uma figura sentada sobre as pernas dobradas com o rosto deformado pelo pranto e uma mão ensangüentada.

_ O que foi? O que aconteceu, minha vida? _ Alan perguntou, ajoelhando-se bem perto de Jack, desesperado com aquela cena. Em sua mente passavam os piores pensamentos.

_ Sangue... Tem sangue em minha mão, Alan... _ Jack chorava desesperadamente, estendendo a mão para Alan, mostrando-lhe o corte que sangrava muito.

_ Clama... É só um corte, Jack...

_ eu... só queria comer uma maçã _ ainda envolto em lagrimas e soluços, Jack tentava formar frases, uma explicação para seu amado _ Mas a faca fugiu... E agora eu... Eu tenho sangue nas mãos...

_ Vamos cuidar disso... Calma.... Eu estou aqui, querido... _ Alan abraçou-o bem junto a si, falando numa tentativa de acalma-lo.

_ Tira isso de mim, meu amor... Me ajuda... _ Jack implorou.

Alan não deixou que Jack falasse mais nada. Levantou-o do chão e levou-o ao banheiro, onde lavou-lhe o corte, livrando toda mão do sangue, que horrorizava seu amado, depois cuidou do corte, fazendo um curativo.

Jack não parou de chorara um só minuto, como uma criança gravemente ferida, cuja a dor é insuportável. Ver seu próprio sangue na mão fez com ele lembrar-se do pai morto, do qual as feridas pôs as mãos. Era um trauma, que Alan não tinha conhecimento, mas procuraria ser compreensivo a aquelas crises. E sabia que seriam muitas, até seu amado superar tudo. seria um período difícil para os dois.

Depois da ferida tratada, Alan trouxe Jack outra vez para a sala. Jack estava abraçado a Alan, a cabeça encostada no ombro do outro, enquanto ainda soluçava e lagrimas escorriam de seus belos olhos azuis.

Alan sentou-se no sofá e deixou que o tristonho loiro se aconchegasse em seu colo. a cabeça de Jack contra o seu peito, ouvindo as batidas do coração. Acomodou-o como uma criança contra seu corpo. Jack parecia tão frágil... Nunca o vira assim! Ele sempre era só alegria. Mas agora estava daquele jeito, triste, melancólico, traumatizado, sensível... Alan pensava nessas coisas enquanto olhava para o rosto de seu amado. Pensou que talvez não mais veria o lindo sorriso que sempre dava, nunca mais veria o alegre brilho que os vivos olhos deles emanavam... E naquele momento sentiu seu coração doer, uma dor quase insuportável, que fazia seu peito arder. Levou uma das mãos a alguns fios de cabelos dourados de Jack, que lhes cobria o rosto, e afastou-os para poder mirar-lhe a bela face. Como amava-o! Não queria que ele sofresse, mas era inevitável... Puxou-o mais para si, num abraço forte. Um pequeno calor surgiu em seu rosto e lagrimas brotaram em seus olhos. Não queria chorar, mas não conseguia evitar que elas surgissem. Então chorou...Finalmente era tomado pela emoção. Deixou que sua face umedecesse e chorou copiosamente, como uma criança abraçado a Jack. Soluçava alto, sem se importar com nada. Era um desabafo... Um dolorido desabafo.

Os dois rapazes ficaram ali na sala. Abandonados a seus prantos. No escuro, onde apenas um pequeno fio de luz entrava pela janela, oferecendo uma meia-luz. Jack chorava baixinho, mas Alan soluçava alto, as lagrimas inundavam seu belo rosto, enquanto ele lamentava ardentemente por não poder fazer nada por seu amor.

_ Oh, Jack... Eu te amo... Te amo tanto... Não queria te ver sofrendo... Oh, Deus...

CONTINUA...