por Lucretia
4
Alan entrara num período estranho de sua vida. Deixara de ser ele mesmo, desde o dia em que aquele sentimento, maldito, como costumava chamar, fora despertado em seu peito. Não conseguia mais se concentrar para compor novas musicas e muito menos para ensaiar as velhas.
Nem mesmo seu amigo, e fonte de todo aquele "mal", conseguia entende-lo. Jack sabia que alguma coisa estava acontecendo com Alan, que travava uma batalha contra ele mesmo, mas nada perguntou, esperando que a iniciativa partisse de seu amigo. Tentara pelo menos ser compreensivo e deixa-lo perdido em seus pensamentos, embora isso o deixasse triste.
Alan sentiu-se perdido, não conseguia deixar de amar seu amigo, mas não tinha coragem suficiente para assumir. Ela realmente estava no meio de uma guerra, da qual não haveria um vencedor ou um perdedor.
Às vezes, tinha vontade de ir embora, sair de perto de Jack, talvez conseguisse matar o que sentia, mas para onde iria. Na tinha família como Jack e não queria preocupar sua irmã, que era casada e tinha suas preocupações, com aquele assunto tão banal.
Ficou durante dias, com aquele sofrimento corroendo por dentro. Deixou de se alimentar direito e não dormia como antes, por vezes passava a noite inteira acordado. seu sofrimento crescera tanto que Alan esquecera de cuidar do seu próprio corpo. E dentro de dias caíra na cama com uma febre alta, que parecia fazer seu corpo todo queimar.
Jack desesperou-se, nunca vira seu amigo daquele jeito. É lógico que estivera doente outras vezes, mas nada que se comparasse com aquela febre sem sentido. Então, num ato de completo desespero, Jack chamou Ana, a irmã de Alan, que era enfermeira, e talvez pudesse ajudar em alguma coisa.
Chegando ao apartamento dos dois rapazes, Ana correu para o quarto de Alan, sem nem cumprimentar Jack que abrira a porta. Amava demais seu irmão, pois era a única pessoa que restava de sua família, e não gostava de vê-lo doente, mesmo quando era apenas um simples resfriado.
_ Oh, meu irmão!!... O que você fez com você? _ A voz de Ana quase falhou quando viu a figura pálida e magra a qual seu irmão havia se tornado.
_ Está em chamas!!!! _ Exclamou colocando sua fina mão sobre a testa de Alan.
Rapidamente abriu sua pequena maleta e tirou de lá um termômetro, colocando-o debaixo do braça de sue irmão, enquanto Jack observava apreensivo a tudo o que acontecia. Algum tempo depois, Ana retirou o termômetro e verificou a temperatura. Viu que chegava aos quarenta.
_ Onde está o telefone, Jack? _ virou-se para o loiro com um ar de preocupação em seu rosto tão grande, que parecia estar frente a frente com a própria morte.
_ Está na sala _ Jack respondeu, mas sua voz quase não saiu. Sabia que o que estava acontecendo era grave, e podia ver a preocupação nos olhos de Ana. E antes que ela pegasse o telefone, ele perguntou _ Afinal, o que ele tem, Ana?
_ Não sei, não sou medica _ e pegando o telefone, Ana demostrou sua impaciência, numa resposta mal educada.
Ana ligou para um medico amigo seu, que talvez pudesse ajudar. Jack voltou para o quarto e sentou-se na cama ao lado de seu moribundo amigo, ao mesmo tempo que ouvia a irmã dele dá o diagnostico.
Alan estava tão pálido quanto a própria morte, suava frio e tremia, como se estivesse deitado em uma cama de gelo. Jack olhava-o com imensa preocupação, sentia como se seus braços estivesse atados, queria ajudar, mas não sabia como. No mesmo instante em que estava mergulhado em seus pensamentos, a irmã de Alan entrou no quarto como se fosse um furacão, desconcentrando-o.
_ Jack, escuta bem o que vou te dizer. Chamei um medico para olhar o Alan, ele chegará em breve. Enquanto isso, vamos tentar abaixar essa febre. _ Ana colocara sua pequena mão na testa de Alan, e Jack pode ver em seus olhos castanhos algumas lagrimas se formando, mesmo assim ela mantinha sua postura séria e altiva.
_ O que eu posso fazer? Eu quero muito ajudar ! É meu melhor amigo!! _ Jack implorava a Ana, demostrando toda sua dor, quase que gritando
_ Você vai ser muito útil aqui, calma. Preciso que me traga uma toalha e uma bacia com água fira, por favor.
Jack saiu em disparada, para trazer logo o que lhe fora solicitado. Ana ficou ao lado de seu irmão, esperando pacientemente pela água fria. Nesse meio tempo Alan abriu os olhos, tossiu um pouco, e, reconhecendo a irmã, começou a falar:
_ Ana?! Oh, minha doce irmã...
_ Não fale, querido, não fale... _ Ana tentou fazer seu irmão calar, para poupa-lhe do esforço.
_ Eu vou morrer, não vou? _ a voz de Alan era tão fraca, que parecia quase um fino sussurro.
_ Não, não vai! Pare de falar, Alan, por favor! Não fale mais essas coisas! _ Ana caiu em desespero profundo, agarrou-se a ele, num abraço que o levantou um pouco, mas que não foi correspondido.
_ Vou sim, mas antes preciso te confessar uma coisa _ Alan sussurrava quase sem fôlego, enquanto sua irmã voltava a recostar sua cabeça no branco travesseiro _ Ana, eu amo o Jack, mas não conte a ele. Eu o amo. Eu amo o Jack, Ana.
Jack chegara a porta do quarto e ouvira o que Alan pronunciava como um delírio, quase deixou a bacia com água caí. Suspirou forte em meio a um " Meu Deus!", que fez Ana voltasse em direção. Os dois ficaram em silencio, enquanto Alan, agora de olhos cerrados, debatia-se e pronunciava frases como: " Eu o amo", " não conte".
_ São delírios... Traga-me a bacia _ Ana resolveu quebrar aquele silencio assustador, pois só pensava na saúde de seu " irmãozinho". Colocou a toalha molhada em sua testa, enxugando o suor que fazia seus belos cabelos negros grudarem, numa tentativa de faze-lo calar também _ Shiiii... Descanse...
A voz de Ana pareceu acalmar Alan, pois ele voltou a adormecer, embora seu corpo ainda tremesse por causa dos calafrio provocados pela febre.
Vinte minutos depois ao telefonema, a campainha tocava no apartamento, acabando com o silencio sepulcral que preenchia todos os espaços. Era o medico. Ana o encaminhara até o quarto de seu irmão, onde ele foi examinado e devidamente medicado. Alan ficaria curado, estava um pouco anêmico, mas nada que alguns pratos de canja não ajudar-se, e a febre só piorara por causa da falta de alimentação.
Após a consulta, Ana despediu-se de seu amigo medico mais aliviada por saber que seu querido e amado irmão logo estaria melhor. Voltou ao quarto e observou o cuidado e a delicadeza com que Jack molhava a pequena toalha e voltava a coloca-la na testa de Alan. Eram gestos tão doces, que pareciam dá-lhe prazer, pois em seus lábios esboçou-se um pequeno sorriso.
Logo depois, Ana voltou-se para Jack dando-lhe pequenas tarefas, que ele podia seguramente cumpri sem maiores problemas. infelizmente não podia ficar para cuidar do irmão, tinha um plantão a fazer, mas garantiu que voltaria na manhã bem cedo.
Jack também tinha seu plantão para fazer. Cuidaria de
seu amigo a noite toda, mas com enorme satisfação. Desejava
que Alan se recuperasse o mais rápido possível.
CONTINUA...