Curando a Ressaca...

Devia ser madrugada quando Saitou acordou. Como ainda não estava com muito humor pra acordar de vez, nem se deu ao trabalho de abrir os olhos. Deitado de costas pra cima, apenas espreguiçou-se e ajeitou melhor o rosto no travesseiro macio, tentando entender por que ainda tinha tanto sono. Como estava mesmo muito confortável, ele se ajeitou ali de novo, pensando que podia muito bem dormir mais um pouco. Nesse justo momento, uma voz irritada e mal humorada resmungou cortando o seu barato...

– Jime, você tá me arranhando!

"Droga!", pensou Saitou, "sempre isso, ainda não é hora dele começar a me aborrecer..."

– Impossível, ahou! Eu estou dormindo. Você deve estar bêbado. – falava sem nem se dispor a abrir os olhos ou tirar a cara do travesseiro. Não ia perder aqueles últimos momentos de sono.

– Droga, Jime para de me arranhar, eu quero dormir!! – Sano falava com a voz grogue de sono, mas perceptivelmente irritada.

Saitou pensou seriamente em enfiar de vez a cara no raio do travesseiro e ignorar totalmente a presença daquele moleque que, pelo cheiro forte de sake que agora percebia no ar, só podia mesmo estar bêbado, ou de ressaca. Aliás ele próprio devia ter bebido, isso explicaria por que tamanha preguiça, até de levantar a cabeça...

– Sanosuke, eu vou ter um longo dia pela frente. Trabalho, sabe o que é isso? Me deixa em paz e vê se vai curar essa ressaca...

– Porra, Saitou!! Vê se vai fazer a barba e pára de esfregar a cara na minha bunda!!!

Surpreso com isto, Saitou finalmente abriu os olhos e levantou a cabeça o suficiente para uma rápida olhada nos arredores, e percebeu que realmente não era bem num travesseiro que estava deitado, pelo menos não no sentido estrito da palavra... de algum modo tinha acordado em seu futon com o corpo deitado de barriga pra baixo entre as pernas nuas de Sano, meio arreganhadas por que o garoto era mesmo um desavergonhado, e a cara deitada em cima da bunda dele! E aliás, que bundinha... podia pensar seriamente em fazer dela um travesseiro permanente! Como chegaram a esta situação era coisa que nem valia a pena especular. O que não faz um pouco de sake! Tá bom, deve ter sido muito sake, até pela bagunça no quarto...

Passando a mão pelo rosto, concluiu que de fato a sua barba mal feita devia estar espetando a pele do garoto, afinal era uma área sensível. Achando a situação bastante divertida e ignorando os protestos dele, Saitou simplesmente deitou a cabeça de volta em seu, aham, travesseiro, e se esfregou mais um pouco, abraçando aquelas pernas incríveis, uma com cada braço, e achando que podia muito bem aproveitar e terminar seu agradável descanso. Mas parece que Sano pensava diferente. Ahou teimoso!

– A idade tá te deixando surdo é?? – grunhiu ele mal humorado, tentando levantar, e só conseguindo se remexer um pouco com Saitou segurando ele. A farra devia ter sido boa. – droga, já falei pra parar com isso, ta me arranhando, porra!! Quando eu tiver sóbrio você vai ver...

– Fica quieto. Eu não pretendo sair daqui tão cedo, então vê se pára de me encher. Não é saudável acordar assim tão mal humorado, só vai piorar sua ressaca...

– Saitou, eu tô te avisando...

– Eu é que estou te avisando pra deixar dessa frescura – disse ele aproveitando e roçando mais um pouco o rosto naquela bundinha, e mandando um tapinha numa daquelas bochechas, arrancado de Sano umas palavras bem malcriadas – eu devia era dar uma boa mordida nesse seu traseiro, só pra te castigar por fingir que não está gostando disso... – falou e se esfregou mais um pouco. Lentamente dessa vez, provocativamente, deslizando a mão por uma coxa muito bem definida, desde o joelho até a altura da virilha...

– Saitou!!! – ele bronqueou num salto, irritado, tentando se remexer mais ainda, mas o estremecimento provocado pela carícia do outro o denunciou. De repente aquela barba espetando não parecia tão ruim. Mas Sano daria o braço a torcer? Claro que não! – Merda, pode ir parando!! Se você pensa que eu vou te dar agora, esquece!! Eu tô todo ardido, vai pro, ahn, – a frase terminou num gemido, não pôde evitar. Grogue como estava e com o amante se empolgando estava difícil oferecer resistência. Como é mesmo que dizem? Ah, sim, algo como ‘!@$# de bêbado não tem dono’... – Droga, para com isso... – Saitou nem ligando...

– Pelo jeito eu vou ter mesmo que te castigar... essa sua mania de ser teimoso – agora ele subiu a mão até o bumbum espremendo ligeiramente uma daquelas bochechas carnudas, só preparando o lugar...

– Você não se atrevAARGH!! – a mordida veio com vontade, fazendo ele se contorcer na cama, afinal era a mordida de um lobo! Seu amante o tinha bem preso, agarrado pelas pernas. Sabia que ia ficar por bom tempo com a marca daqueles dentes... agora estava puto – porra, Saitou, por que não põe logo uma placa de propriedade aí??!! Ta pensando o quê? – começando a gritar histérico.

– Certamente não é por falta de vontade, ahou, não é por falta de vontade... – foi o que se limitou a responder, concentrando-se em beijar suavemente o local pra fazer passar qualquer dor... nada que um beijo bem molhado não pudesse resolver...

E como... aquela boca e aquela língua mais aquela dorzinha residual eram demais pra ressaca braba do Sanosuke. Com um gemido ele se resignou a esconder a cabeça no colchão e dobrar o braço por cima, deixando Saitou fazer o que bem entendesse, o prazer fazendo ele se remexer sob a boca e as mãos do amante, pra satisfação dele, e também pra poder esfregar no colchão a ereção que estava despontando...

Sentindo a rendição do rapaz, Saitou começou espalhar mordidelas por onde pudesse alcançar, nos dois montes daquela carne ao mesmo tempo rija e macia, nos lados, em cima, no encontro com as coxas, naquelas partes mais tenras da curva do rego... Sano estava pirando, e ficou mais ainda quando Saitou, depois de roçar mais um pouco com a barba, arranhando delicadamente e fazendo ele se arrepiar, começou a repetir todo o processo, desta vez com os lábios e a língua, praticamente dando um banho nele, que só gemia e rebolava...

Enquanto isso as mãos de Saitou não ficaram paradas... estavam fazendo um serviço completo, acariciando, agarrando suas coxas, subindo até o quadril, o abdômen, circundando a cintura, apertando, voltando às coxas, por dentro, por fora, na virilha... em toda parte menos onde Sano queria, e ele protestava furiosamente por isto, o que fazia Saitou sorrir maldoso, deleitando-se na própria crueldade, vez ou outra agarrando e raspando as unhas na pele dele...

Quando a boca do amante começou devagar a se aprofundar naquela fenda Sano cerrou os punhos no colchão e nos lençóis, se perguntando com seu resto de consciência se um dia o cara teria pena dele e chegaria ao seu destino...

– Você disse que estava ‘ardido’, ahou? Lamentável... acho que posso fazer algo a respeito... é o que você quer? – Saitou perguntou com a voz meio rouca, e sem esperar pela resposta que Sano não estava em condições de dar, finalmente, bom... enfiou a cara no travesseiro...

Sano grunhiu alto desta vez, sendo abafado pelo colchão, tentando não arrancar nenhum pedaço... estava suando, ofegando, sentindo-se muito quente, muito duro, e ao mesmo tempo o corpo amolecendo debaixo daquela carícia louca. Esfregava-se na cama o quanto podia e só não se contorcia mais por causa mão de ferro do amante plantada em sua coxa, deixando pouco espaço pra movimento...

O beijo esquisito de Saitou era a tortura mais doce, era demais e não era o bastante... Primeiro chupando ao redor, depois a língua lambendo descaradamente suas preguinhas e finalmente mergulhando, banhando o buraquinho apertado, fazendo ele se sentir extremamente devasso, estremecer inteiro, arreganhar mais as pernas e gemer o nome do amante sem pensar em mais nada...

Também a outra mão de Saitou finalmente encontrou seu caminho e agarrou aquele pau duro, só pra torturar mais ainda, fazendo gritar a garganta já rouca do garoto. Ele por sua vez se sentia um bicho faminto, querendo sentir o gosto do seu ahou tanto quanto possível, beijando, lambendo, enfiando a pontinha molhada e sentindo o anel tenso apertar em torno, esfregando a própria ereção no colchão através das calças...

Sano já não era mais uma criatura racional, ele só sentia, e o que sentia era deliciosamente bom e explodiria a qualquer momento. Estava quase lá, quando num segundo, tudo se foi... a repentina falta da sobrecarga sensorial foi tão opressiva que o fez gritar e estremecer de frustração, querendo entender o que tinha acontecido...

Saitou estava agora de agachado ao lado do seu futon, trabalhando pra dominar o bicho selvagem que tinha se apossado dele, apreciando o espetáculo do seu jovem amante, largado e trêmulo sobre os lençóis, o corpo alongado e musculoso, as costas, as pernas espalhadas, a bundinha redonda, empinada e firme que o deixava louco... deuses, o que não faria por ele... resolveu acordar o cabeça-de-galo (com os cabelos mais rebeldes que nunca depois da noitada) pra realidade com outro tapa ali mesmo, desta vez um tapa sonoro, que deixou a pele avermelhada e empurrou com alguma força a ereção de Sano contra o colchão. Num instante este processou o que aconteceu, e virou furioso, disposto a saltar direto em sua garganta.

Saitou, tão ágil quanto sempre, o fez desistir dessa idéia, de pé com a ponta de sua katana diretamente sobre o pescoço dele, forçando-o a ficar encostado na parede, sentado no futon, de frente pra Saitou...

– Que porra você tá tentando fazer comigo??? Me enche de tesão e me larga, quer que eu exploda?? – disse o garoto, rouco, arfante, louco da vida e olhando pra ele com olhos vidrados de paixão...

Sabia que depois teria que ralar pra conseguir o perdão de Sano por deixa-lo nesse estado, sem contar o seu próprio desejo insatisfeito. Não importa. Valia a pena. Só pra vê-lo assim. Ali sentado, nu, o peito arfando, os biquinhos rijos cujo gosto conhecia tão bem, o abdômen definido, o umbigo... as pernas fortes abertas, deixando ver todo seu desejo por ele, o sexo orgulhoso, apetitoso, molhado e duro... todo ele suado e tenso, cheio de tesão, prisioneiro da sua espada... o pescoço um tanto curvado pra trás, atrevidamente desafiando sua lâmina, a expressão indescritível no rosto e nos olhos... o rapaz era a criatura mais sensual que Saitou Hajime já tinha visto. E provavelmente não fazia idéia da sua perfeição.

– É melhor você sossegar aí quietinho, ahou. É o que você ganha por ficar me aborrecendo logo cedo. E não me olha feio assim, não. Foi você mesmo quem disse que não ia me dar agora, então eu vou tratar dos meus assuntos...

Sano ficou louco de ódio... mas percebeu um fogo bravio nos olhos do amante, e contra a vontade sentiu a raiva ir pro espaço. Então ele tinha prazer em deixá-lo na vontade? Pois que aproveitasse bem... iria compensar depois, e com juros, ah, se ia!!

– Droga, Jime... você não tem direito de me deixar no bagaço desse jeito – disse já com um sorriso maroto e tentando parecer ainda mais sensual, pra deixar ele na vontade também – agora eu vou precisar de um banho frio!

– Hn! Eu sabia que tinha um bom jeito de te obrigar a tomar banho, ahou!

Saitou também sorriu. Vendo que era seguro baixar a espada e sabendo muito bem as intenções do garoto, concentrou-se em tomar um banho e se tornar apresentável, indo finalmente fazer a barba e se sentindo com um humor muito bom.

Em pouco tempo tinha tirado os odores e sabores que aquela noite deixou em seu corpo, esfriado o próprio ânimo e vestido seu uniforme... Sano, que ainda não tinha se dignado a sair da cama, recebeu, desta vez na boca, o segundo beijo do dia, tão impetuoso quanto o primeiro e prometendo muito, antes mesmo que se acendesse o primeiro cigarro. Com um gemido preguiçoso, e vendo o amante partir, voltou a se virar de barriga pro colchão, como estava antes, distraidamente passando mão onde Saitou tinha mordido e já devia estar ficando roxo, e percebendo feliz que não havia mais sinal daquela ressaca que estava sentindo pouco antes...

"Que banho, que nada..." pensou, decidindo começar a resolver seu ‘probleminha’ ali mesmo, pois, pelo que podia perceber, os lençóis já estavam num estado em que teriam de ser lavados logo de qualquer jeito... "Putz! Deve ter sido uma farra muito boa..."

 

FIM

Jou-chan

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