Distrito 24


Por Fernanda del Rey


Parte 3
 

Culgan foi até a máquina de xerox, copiar alguns documentos de que precisava, e deu de cara com Seed, que vinha entrando na delegacia com uma mancha de graxa na ponta do nariz.

'Ah, não.... o que foi agora, Seed?'

'Lembra daquela viatura com defeito no carburador?'

'Não havia nenhuma viatura com defeito no carburador!!!'

'Pois é.... agora tem....'

'... Seed, eu devia punir você por isso, sabia? Você não pode ficar destruindo o patrimônio da delegacia e...'

Seed deu um sorriso fofo e disse.

'Ah, Kuru-chan, foi sem querer....'

'.... odeio esse seu sorriso.... oras.... vai cuidar da vida, vai!'

Seed sai correndo, guinando por entra as mesas da delegacia e quase tromba com Flik.

'Ei, cuidado!'

'Foi mal!' sai correndo de novo.

Flik sorri e vai chamar Viktor para almoçar.

'Viktor... já é hora do almoço, quer ir?'

'Hum, que bom... tô morrendo de fome, sabia? Vam´lá!'

Saem do distrito e ficam parados na calçada, discutindo onde iriam comer. Depois de alguns minutos de indecisão, decidiram ir a um restaurante por quilo, ali perto. Chegando ao restaurante, pegaram seus almoços e foram sentar.

'Viktor, como você come.... deve ter quase um quilo aí...'

'Olha meu tamanho.... fora isso, eu não sou anoréxico que nem você...'

'Eu não sou anoréxico!!! Não sou é faminto!!!'

'HARHARHAR!'

Comeram em silêncio, cada um pensado consigo.

Flik: "Viktor é tãosimpaticão.... defeitos? Sim, ele tem uma porrada... mas cada vez que ele dá aquele sorrisão kuma para mim, eu fico.... ahgn... será que eu estou apaixonado??? Imagine, que besteira... eu só conheço Viktor a um mês.... como poderia? Fora isso, nunca fui rapaz de amores à primeira vista.... ou sou? Erc.... será que eu gosto dele? ... ... Que diabos tem nessa salada?"

Viktor: "Esse Flik é o cara mais estressado que eu já conheci.... ele vai morrer aos trinta, assim.... se bem que quando ele tem as crises apopléticas dele, ele é um amor.... a franjinha cai no olho e ele fica todo descabelado e.... desde quando eu presto atenção em homem??? Ave maria.... eu não gosto disso não.... mas a barriguinha reta do Flik é a coisa mais linda.... e esses olhos azuis? Meus deus, e esses olhos azuis? Cada vez que ele olha para mim com aqueles olhos, eu fico meio bambo.... e desde quando eu presto atenção em homem??? ... vixe, será que eu sou um mega-enrustido? Mas eu sou bem enrustido, porque nem eu sabia... ... ... ... Que diabos tem nessa salada?"

Acabaram de comer e saíram, resolveram voltar ao distrito através do parque. Viktor caminhava um pouco atrás de Flik e não pode deixar de notar como os quadris do outro eram bem proporcionados.... egingavam de cá para lá, de lá para cá e....

'Viktor, vamos tomar um sorvete?'

'Oi? que? É comigo?'

'Lógico que é! Quer tomar um sorvete?'

'Ah, sim... por que não?'

Compraram dois sorvetes e recomeçaram a andar. Flik caminhava um pouco atrás de Viktor e não pode deixar de notar como os ombros do outro eram largos. E como ele era alto e...

'Flik, vamos sentar ali naquele banco?'

'Oi? Que? É comigo?'

'Com quem mais seria? Vamos sentar?'

"ah, sim, vamos sim...'

Sentam-se e ficam curtindo seus sorvetes. Viktor não pode deixar de notar como os lábios rosados de Flik ficavam mais rosados por causa do frio do sorvete e...

'Viktor, tem sorvete no seu nariz....'

'Oi?'

'Tem sorvete na ponta do seu nariz....'

Viktor foi limpar o sorvete, mas ao invés de, como uma pessoa normal, limpá-lo com a mão ou com um lenço, resolveu usar a pá de sorvete e acabou jogando sorvete, tanto da pá como do nariz, em Flik.

'Oops.. desculpa, Flik.'

'...'

'Flik?'

'.... .... COMO ALGUÉM PODE TIRAR SORVETE DO NARIZ COM UMA PÁ DE SORVETE?!?!' apoplético. 'EU DEVIA.... EU DEVIA.... '

Viktor não resitiu e calou o outro com um beijo, não muito exigente, apenas um beijo roubado.

'Devia o que?'

'... ahm? eu tava falando alguma coisa?'

'Estava...'

'Esqueci...' levantou-se, meio zonzo e foi andando para a delegacia.

'Peraí!' Viktor levantou-se e foi atrás de Flik. E não pode deixar que tinha acabado de beijá-lo. E que não fora nem um pouco ruim, muito pelo contrário. Pensou consigo: "Isso ainda vai virar vício...

***

Seed levou o almoço de Culgan, junto com o dele próprio, para o escritório.

'Comida, Kuru-chan!!!'

'Obrigado, Seed... e tire os pés da cadeira! Você não pode sentar como gente?'

Seed tira os pés da cadeira e senta-se ao lado de Culgan.

'Kuru-chan....'

'Que é?'

'Num gosto de cenoura..... posso te dar?'

Culgan suspira e pega as cenouras rejeitadas do prato de Seed.

'Coma, agora....'

Seed come, feliz, feliz. Depois que acabam de almoçar, e os pratos são devidamente colocados fora do alcance destrutivo de Seed, os dois começam a conversar.

'Há muitas coisas para fazer ainda?'

'Naum.... só o de sempre, Kuru-chan..... arquivar, guardar, quebrar...'

'Seed, quebrar não faz parte do currículo de uma pessoa normal...'

'Viu? Eu sou especial!'

'Você é um capeta, isso sim.... as pessoas devem achar que eu sou um pedófilo, andando com você....'

'Mas eu tenho 22!!!'

'Mas tem cara de 16...'

Seed ficou emburrado.

'Naum é assim, também....'

Culgan sorriu e roubou um beijo de Seed. Este, mais que depressa, sentou-se no colo do outro.

'Kuru-chan....'

'Por que você me chama assim?'

'Ah, é tão bonitim....'

'...'

Leona entreabriu a porta para entrar e entregar uns documentos, mas ao ver a cena que se desenrolava lá dentro, fechou a porta discretamente e resolveu ir fazer outra coisa. E avisou aos outros funcionários.

'Culgan está em reunião importantíssima. Não o interrompam.'

***
CONTINUA