A VOLTA DA ROSA



 
 

Por Jade Suyama


UM

As sombras do reino dos mortos percorriam todos os cantos escuros daquilo que parecia ser um antigo santuário subterrânio, andando as almas infelizes que caíram no Tártaro mostravam em suas feições deformadas a dor e agonia que passaram na vida e levaram para a morte. Hades, senhor dos mortos caminhava entre seus espíritos e anjos caídos. Uma sombra, mais luminosa que as outras cruzou o salão, pagando uma moeda de ouro ao barqueiro que atravessando o rio dos mortos o levara ate o Senhor dos Infernos, expulsando com seu poder as almas infelizes que agarravam suas pernas buscando por salvação.

- O que você quer cavaleiro?

- Permissão para sair daqui!

- Sair? Ninguém sai do inferno. É no Jardins do Éden que você deve passar sua eternidade.

- Mais eu vim lhe oferecer um acordo meu Senhor!

- O Deus dos Mortos não faz acordo com mortais.

- Dê-me apenas um minuto de sua atenção meu Senhor, e eu lhe convencerei que meu acordo é interessante para ambos!

- Muito bem. Disse Hades, sentando em seu trono de ouro escuro e olhando pra a figura clara e luminosa, contrastante de todo o resto daquele mundo inferior.

- Você odeia Atena, pois foi ela que o trancou nesse lugar e não deixou que seus súditos tivessem a luz do sol como os seguidores dela. Eu odeio os cavaleiros de Atena, um em especial, pois foi ele que me transformou nisso, uma sombra da beleza que já tive um dia, uma miserável perdedor. O que eu lhe proponho, meu Senhor é que me de a liberdade por alguns dias, para que eu possa achar esse cavaleiro e traze-lo para cá comigo, transforma-lo exatamente no que eu sou.

- E o que eu ganho nesse acordo?

- Esse cavaleiro é o mesmo que nasceu sobre sua estrela e que já lhe foi útil uma vez. No corpo sem alma de Andromeda, seu espirito pode mais uma vez ressurgir. E que melhor para ferir uma Deusa da Terra, guardiã de mortais do que matar um de seus mais fieis guerreiros e depois assumir o controle de todo o santuário e da Terra embaixo de seus olhos?

- O que você fala tem sentindo! Muito bem, eu vejo ódio em você, a vingança sempre deu muita força aos homens. Vá Afrodite, e traga-me o espirito de Andromeda.

Hades levantou da cadeira e com um gesto de mão fez o solo se abrir em uma fenda que levava diretamente ao Santuário de Atena. Afrodite fez uma profunda reverencia e flutuou, ate o salão onde estavam guardados os corpos dos cavaleiros de Ouro mortos na batalha das doze casas.

-

O céu grego, limpo e azul sempre deixavam Hyoga feliz. Ele passeava pelo santuário deserto, coberto com um manto de linho branco, muito fino e cheio de pregas, as sandálias trançadas nos tornozelos e o cabelo soltou ao vento, balançando na mesma cadencia que a roupa.

Chamou por Shun, mais não obteve resposta. Continuou andando até chegar estranhamente aos portões da casa de Peixes. Olhou em volta e não viu nada, voltou o olhar para seus pés e viu fileiras de rosas se enroscarem neles, puxando-o para dentro da casa. Fechou os olhos e ao abrir se descobriu em um leito de rosas. Afrodite ria a sua frente e apontava pra o teto. Hyoga seguiu a mão do cavaleiro de Ouro e se deparou com Shun, acorrentado no teto da casa pelas próprias correntes agora envoltas em rosas brancas que aos poucos se tornavam vermelhas. Gritou mais não obteve resposta, as rosas e tudo ao redor se tornaram negras e Shun abriu os olhos, seu corpo se transformou, seu cabelo crescia e se tornava branco, Hyoga estava na frente de Hades. Afrodite ria e mais a adiante, ele podia ver os guerreiros de Atena, morrendo um por um nas mãos daquele que deveria ser Shun.

- AAAAAAAAAAAA......... arf, arf, arf..

Cisne acordou assustado. tivera um sonho horrível e apesar de não se lembrar muito bem ainda ouvia a gargalhada histérica de alguem em sua mente. Olhou pra o lado tirando o suor de sua testa com as costas da mão. Viu Shun deitado na cama e encolhido, embrulhado no edredon que ele cismava em roubar enquanto dormia, não que isso fosse um problema já que Hyoga não sentia frio mesmo.

Olhou para o relógio e viu que o marcador vermelho mostrava 4:30 a.m. Voltou a se deitar e dormir. Ainda faltava uma hora e meia para que Shun acordasse e fosse para a faculdade.

-

- Hyoga, que foi?

Shun estava sentado na cama, amarrando os sapatos sociais. Hyoga estava estranho o desde que acordaram. Shun levantou e abraçou Hyoga pelas costas encostando sua cabeça no ombro do cavaleiro. - Fala comigo, fala!

- Hã? Eu to bem Shun. É só que..

- Que?

- Bom, eu não dormi direito, tive um sonho ruim.

- E por que não me acordou?

- Ué? E para que eu faria isso?

- Pra que eu fizesse você dormir de novo. Abraçadinho comigo.

- Ai Shun... Só você mesmo pra me fazer rir a essa hora da manhã!

- Que bom. Por que você fica muito mais bonito rindo! Agora eu tenho que ir! Se meu irmão ligar!...

- Já sei, eu aviso que você liga pra ele mais tarde!

- Isso! Beijinho!

- Tchau!

Shun deu um leve estalinho na boca de Hyoga e saiu fechando a porta. Hyoga sentou no sofá e colocou as mãos na cabeça!

- Quem era? De quem era aquela voz?

O cavaleiro de Cisne se trocou e saiu, tinha muito que fazer, e quem sabe assim conseguia esquecer a voz que ficava martelando dentro da sua cabeça.

-

Shun já tinha feito quase tudo ate as 5:00horas da tarde. Passara no supermercado, na casa de Saory, tinha ido a biblioteca pegar uns livros e agora voltava para casa. Estava andando próximo a marina, onde Seiya morava.

Ele olhou para um lugar em especial, uma pequena mureta de madeira onde os cinco cavaleiros de Bronze se reunião quando iam para casa de Pégasus e não aquentavam ficar naquela bagunça generalizada. Shun sorriu, tinha sido ali que Ikki lhe falará que cada um constrói seu destino, antes de irem lutar nas doze casas.

Shun ia voltar ao seu caminho quando sentiu um cosmo muito forte naquela direção. Virou-se e viu uma luz dourada que parecia chama-lo. Andromeda largou os pacotes com livros e comprar no chão, seus olhos saíram do foco e ele não conseguia pensar, tudo que sabia era que tinha que seguir aquela chamado sem som e aquela luz.

- Andromeda.. Andromeda.... A mente de Shun estava preenchida com aquele chamado.

Shun viu uma figura se formar a sua frente, mais antes que pudesse chegar ate ela, uma mão em seu ombro o puxou de volta a realidade.

- Shun, o Shun...

- Ikki? O que aconteceu?

- E eu que sei? Eu tava te chamando a um tempão, e você nada... Alias, por que você estava pulando o muro?

- Muro? Shun olhou pra si e viu que uma de suas pernas estava passada por cima da muro de madeira. - Eu não sei! Tinha uma voz me chamando!

- Voz? Ikki olhou bem para Shun, colocou a mão na testa do irmão e balançou a própria cabeça em uma negativa. - Febre você não tem. Vai ver que bateu a cabeça demais nas lutas.

- Ikki!

- Tá, tá bom.. vai pra casa vai. E vê se toma cuidado que eu não to a fim de passar o resto da vida atras de você!

- Tá bom. A gente se vê!

Shun pegou as coisas do chão com a ajuda de Fênix e seguiu seu caminho para casa, com uma grande dor de cabeça.

Ikki ficou um tempo vendo o irmão se afastar e depois olhou para o lugar onde Shun tinha quase pulado. Ali a rua dava direto pra o mar que naquele lugar em especial era muito profundo.

- Estranho! Ikki disse saindo dali depois de dar mais uma olhada. E convencido de que tinha coisa ali!

-

Shun chegou em casa sem saber como, sua cabeça doía e seu corpo parecia que tinha levado uma surra, e das grandes. Entrou no apartamento que dividia com Hyoga. Deixou as compras na cozinha e foi para a sala, largando os livros lá e ligando a secretaria eletrônica, que como sempre tinha mensagens dos amigos, Seiya chamando os dois, ele e Hyoga, para jogar futebol na praia, logo depois ligou Shiryu falando para que eles esquecerem por que sempre que o Seiya cismava de ir para praia chovia. Por ultimo, uma mensagem de Ikki perguntando se ele tinha chagado bem, e pedindo para que Shun ligasse assim que chegasse.

Shun desligou a secretaria e se acomodou melhor no sofá fechando os olhos e relaxando. Passou um tempo assim até sentir um braço o envolver pelas costas e um passar de mão por sobre seus cabelos.

- Hyoga?

- Oi! Você está bem?

- Tô. É só uma dorzinha de cabeça.

Hyoga deu a volta ficou de frente pra Shun. Andromeda sorriu, Hyoga tinha acabado de sair debaixo do chuveiro. E era geralmente assim que Shun o encontrava quando chegava em casa. Cisne tinha mania de ir pra academia no fim do dia, o que era duplamente bom, primeiro que Shun sempre o encontrava cheiroso e segundo que assim ele mantinha a forma já que Hyoga era o próprio chocolatra.

O cavaleiro loiro tirou a toalha que passava pelo seu pescoço, estava de chinelo e moletom. Abriu os braços e chamou Shun.

- Vem abraçar seu homem molhado.

- O que? Shun disse caindo na risada.

- Anda, vem.

Andromeda levantou e foi a té Hyoga, o abraçando e beijando. Cisne que era mais alto levantou Shun do chão e o levou ate a varanda. Os dois sentaram na poltrona larga, Shun no colo de Hyoga e ficaram olhando o céu mudar dos tons azuis para os vermelhos do por do sol.

- O que você aprontou hoje?

- Hã?

- Eu ouvi a mensagem do Ikki, ele parecia preocupado.

- Ah! Não foi nada.

- Tem certeza?

- Tenho.

Shun segurou o pescoço de Hyoga e voltou a beija-lo. Hyoga retribui, sem mais preocupações.

- Hyoga.

- Oi!

- Eu quero fazer amor com você!

Hyoga sorriu! Abraçou Shun mais forte e levantando levou-o para o quarto. Os se deitaram na cama e cisne começou a tirar a roupa de Andromeda bem devagar, brincando com o corpo do outro cavaleiro, deslizando os dedos pelo peito claro que subia e descia com mais velocidade minuto a minuto.

- Hahahaha. Faz cócegas! Shun riu do movimento circulares que os dedos de Hyoga faziam sobre sua barriga, um pouco abaixo do umbigo.

- Vai melhorar!

Hyoga desceu, deixando as calças de Shun fechadas e indo tirar seus sapatos, fez cócegas na planta do pé de Andromeda que se contorceu de tanto rir. Cisne beijou os pés de Shun, subindo as mãos pelos tornozelos.

Voltou subir a cabeça e beijar Shun. Descendo pelo seu pescoço, passando a ponta da língua em sua orelha e segurando sua cintura, puxando-o para baixo de si e acomodando-o melhor. Tirou as calças claras de Shun e quando o outro olhou para ele, Hyoga beijou seu sexo, levantando suas pernas devagar e se acomodando entre elas.

Hyoga começou a penetrar Shun devagar, deixou que o cavaleiro relaxasse e foi entrando, enquanto beijava o peito dele, sugando os mamilos, falando algumas obscenidades divertidas, que faziam Shun rir e se entregar mais e mais. Hyoga deixou Shun gozar primeiro para depois aproveitar a onda de sensações que invadiram seu corpo.

Cisne deitou ao lado de Andromeda, puxando-o pra cima de seu peito, fazendo cafuné nos cabelos esverdeados e agora molhados de suor.

- Eu te amo!

- Eu também!

- Também se ama?

- Hyoga!

- Haha, brincadeira!

- Seu tonto.. eu te amo viu!! Sempre!!

- Hum.. que bom!

- Vamos dormir? Eu to com sono!

- Passou a dor de cabeça pelo menos?

- Passou, acho q é por que eu estou cansado demais para sentir qualquer coisa que não seja vontade de dormir!

Hyoga puxou Shun para mais perto e deixou que ele dormisse embalado pelas batidas do coração de Cisne.

-

Shun acordou no meio da noite. Tinha ido dormir muito cedo e não estava mais com sono. Olhou para o relógio e para a janela.

- O dia já vai amanhecer. Voltou sua cabeça e viu Hyoga, como sempre sem o edredon. - E depois ele reclama que eu puxo o cobertor, ele é que joga tudo pra cima de mim. Shun riu e saiu da cama tomando cuidado para não acordar Hyoga.

Vestiu uma roupa leve e um tênis. Escreveu um bilhete para Hyoga dizendo que ia correr um pouco na praia.

Saiu de casa sentindo novamente aquela dor de cabeça, igual a do dia anterior. Andou algumas quadras e logo chegou a praia, saiu do0 calçadão e foi direto para a areia, junto do mar. Shun começou a correr mas parou alguns metros a frente.

- De novo, aquele cosmo!

O cavaleiro de Andromeda viu novamente a luz saindo da água. Coçou os olhos tentando focar o resto ao seu redor mais novamente só conseguia ver a luz e ouvir o chamado. Foi andando até o lugar onde as ondas se desfaziam engolidas pela areia. A figura voltou a se formar por entre a luz, de braços apertos e um sorriso nos lábios. A voz melodiosa guiava Shun para a água. Ele se deixou envolver por braços suaves olhando o brilho azulado dos cabelos claros que caiam sobre seu rosto.

- Eu te peguei Andromeda!

Shun se assuntou, tentou se solta. Conhecia aquela voz, mais não acreditava. Levantou a cabeça e encontrou os olhos claros de Afrodite sobre si, perversos e com uma energia diferente.

- Afrodite? Não. Você está morto! Shun gritava e fazia força para se soltar.

- Não, não estou, mais logo você estará.

Shun empurrou Afrodite, se afastou um pouco ainda se recuperando e tentando entender.

- Não adianta Andromeda, você esta sem suas correntes.

- Eu não preciso delas. Já derrotei você uma vez e posso fazer isso de novo. TEMPESTADE NEBULOSA.

A areia da praia começou a se mexer com a fúria do vento que se formava. Logo um redemoinho de ar atacava Afrodite, misturando-se com água e areia.

De dentro das densa nuvem que o ataque de Shun formou Afrodite começou a rir.

- Hahahaha... Andromeda, poupe-me. Eu não sou mais um simples guerreiro de Atena. Eu tenho outro Deus e sou mais forte que você.

Afrodite caminhou até Shun, passando pelo golpe de vento e voltando a abraça-lo. Peixes apertou Shun contra si e aos poucos sufocou o cavaleiro que caiu inerte no chão.

- Agora sim meu querido. Você está exatamente onde eu quero!

-

Ninguém tinha visto Shun o dia inteiro. Hyoga já ligara para todos os conhecidos e Saory, Seiya, Shiryu e Ikki que ajudavam a procurar não tinham achado nada também.

- Não é possível. Esse garoto foi correr ate onde? Tatsume perguntou meio que para as paredes pois para varias ninguém prestava muita atenção nele.

- A gente não precisa se preocupar tanto. Afinal, o Shun já é homem feito, e sabe se defender. Vai ver que ele tá treinando pra maratona!

- Seiya! Shiryu falou um pouco mais alto e olhando pra Hyoga que tinha o olhar na rua. - Para com essas brincadeiras que isso não está ajudando.

Estavam todos na mansão Kido. Saory tinha mandado todos os seus detetives e seguranças atras de Shun mais nada ate agora e já estava noite alta.

- O Ikki ainda não chegou Hyoga. Vai ver que ele conseguiu alguma coisa.

- Acho que não Seiya. Ikki disse entrando na sala e jogando o casaco no sofá!

- Nada mesmo? Shiryu tinha levantado e agora andava pela sala de um lado pra o outro. - Isso é estranho, o Shun é tão responsável!

- Ikki!

Todos olharam para Hyoga que agora tinha se virado para a sala e falava com Fênix!

- O que foi Cisne?

- O que aconteceu ontem com o Shun?

- Como assim?

- Por que você ligou lá pra casa?

- Ah, Isso? bom, eu achei o Shun na rua ontem e ele estava entrando no mar. Disse que tinha ouvido vozes. Eu não senti nada de estranho.

Hyoga voltou a abaixar a cabeça, estava realmente preocupado. Todos ficaram quietos por alguns minutos até Hyoga dar as costas e sair.

- Onde você vai? Seiya perguntou olhando Cisne sair da casa.

- Pra casa, não adianta ficar aqui.

Hyoga saiu e fez exatamente o que havia dito, foi para casa. Assim que entrou no apartamento e olhou o bilhete de Shun ainda sobre a mesa sentiu uma dor no peito. Pegou o recado e foi para a cama, estava cansado e já não raciocinava mais, seus olhos doíam porque ele já tinha chorado pensando no que tinha acontecido. Deitou e em minutos estava em um sono pesado.

-

- Hyoga... Hyoga.. me ajuda!

- Shun?

Cisne acordou em um lugar estranho, escuro e com alguns raios do lado de fora. Parecia uma das casas do santuário da Atena. Olhou ao redor tentando achar de onde vinha a voz fraca de Shun. Começou a andar e se sentiu pisando em algo um pouco duro, que se quebrava aos seus pés. Olhou para baixo e se viu pisando em rosas. Novamente a risada entrou em sua cabeça.

- Afrodite! É ele, Afrodite! A voz...

Cisne correu mais foi barrado por uma parede de rosas brancas que parecia surgir do nada, atras dela Shun sangrava, preso com sua próprias correntes. Estava nu e uma rosa branca lhe passava o peito. Ele ia se transformando devagar, o cabelo crescia e mudava de cor.

- Hades! Shun olhou para Hyoga, e seus olhos já não eram os mesmos.

- Morra. Um raio de luz saiu do corpo de Shun e atingiu Hyoga. Afrodite ria ao lado, segurando os braços de Andromeda.

-

- NÃO.. SHUN!!!! Hyoga acordou suando e assustado. - Shun! Não pode ser! Cisne pulou da cama e correu pra o armário onde ficavam as duas armaduras de bronze. - eu tenho que ver se isso é verdade.

Cisne saiu do apartamento indo ao aeroporto e pegando o primeiro avião para a Grécia!
 

CONTINUA



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