Conflitos

 
Por Senhorita Mizuki

Capitulo 5

And you don't seem to understand And you don't seem the lying kind
A shame you seemed an honest man A shame then I can read your mind
And all the fears you hold so dear And all the things that I read there
Will turn to whisper in your ear Candle lit smile that we both share
And you know what they say might hurt you and you know I don't mean to hurt you
And you know that it means so much But you know that it means so much
And you don't even feel a thing And you don't even feel a thing

I am falling, I am fading I am falling, I am fading, I am drowning
I have lost it all Help me to breathe
I am hurting, I have lost it all
Help me to breathe

Duvet, BoA-Voz
 
 

Ficou vagando sem rumo de cabeça baixa, mal prestando atenção para onde ia ou pisava. Trombava com as pessoas, balbuciando um pedido de desculpas, sem olhar para elas.

Afinal de contas, porquê estava perturbado daquela maneira? Aquilo não deveria afeta-lo, devia ser frio e equilibrado. Teria mudado tanto ao conviver com os seus amigos, a sensação era totalmente diferente da época em que vivia isolado na Sibéria.

Pensava consigo mesmo se ainda continuava com sua ambição de se tornar o mais poderoso dos cavaleiros, havia voltado para o Japão com esse desejo. Ele desvaneceu-se, dando lugar a outros tipos de desejos, que tinha medo de descobrir e ter de admiti-los para si mesmo.

Apressou o passo, sem razão nenhuma, talvez fosse a ansiedade e a vontade de sumir do mundo. Foi acelerando até chegar numa espécie de corrida, quando uma barreira se pôs no seu caminho.

- Opa!

Trombou em alguém alto e forte, que segurou seus ombros para que não se desequilibrasse. Era tão macio, encostou a cabeça no peito largo do protetor, aspirando o perfume leve. Olhou para cima, descobrindo quem era. Trincou os dentes, seus olhos ficaram lacrimejantes de raiva. Milo com aquela cara solícita e preocupada era de matar.

- Você esta bem, Hiyoga?

- Não!

Afastou-se rudemente dos braços dele, tomando posição de defesa. Com um gemido, começou a socar a esmo o peito e o tórax do cavaleiro. Surtiam efeito algum, Milo sabia que era puro extravasamento. Deixou soca-lo, abraçando o rapaz e segurando sua cabeça, para acalma-lo.

- Eu te odeio!

Desatou em lágrimas, com o corpo sendo sacudido pelos soluços. Enterrou o rosto molhado no peito seguro do outro, deixando-se ser afagado.

- Shh...passou...passou...

Quente, macio, aconchegante...Como sentia falta daquele carinho. Falta? Um dia chegara a ter? Imaginava que era assim com sua mãe, e sempre esperou que Camus o confortasse da mesma forma.

- Por que tudo tem de ser tão complicado? Minha cabeça não condiz com o meu coração, o que um quer o outro rejeita...Já não sei o que eu quero...

- Eu sei...

- Não sabe! Ninguém entende...

- Acalme-se, vamos conversar...Às vezes duas cabeças pensam melhor q eu uma...ou fedem mais.

A piada era sem graça, mas Hiyoga não evitou que um sorriso tímido estampasse seu rosto.

Ofereceu-lhe um lenço e um café, que buscou na cozinha de um dos alojamentos. Sentou-se à sua frente, sorrindo gentilmente. Incrível como Milo conseguia ser ao mesmo tempo encantador e odiável, não havia um meio termo naquele homem. Hiyoga encolheu os ombros, sorvendo um pouco do liquido quente, remexendo o copo para observar o movimento das pequenas ondas.

Dificilmente começaria a falar, Milo decidiu arranca-lo daquela mudez.

- Está melhor? - recebeu um aceno - O que te incomoda, Hiyoga?

Deu uma risada sem graça, escondendo o rosto entre as mãos.

- ë confuso..não sei...Alias, porque estou falando logo com você?

- Porque sou o único disposto a te ouvir? Senta!

- Hunf! Claro, é o culpado disso tudo!

- Como assim? Por favor, Hiyoga! Você sabia que eu e Camus éramos bastante ligados, deve ter pelo menos desconfiado!

- Desconfiado? Eu sou bastante ligado aos meus amigos e nem por isso...tenho relações desse tipo com eles!

Escorpião cruzou os braços e recostou-se na cadeira, olhando-o descrente.

- Certo! Esquece o que eu disse, mas isso não livra da culpa!

- Que culpa, por Zeus?

- Fez Camus se afastar de mim, e conseqüentemente, de você!

- Tem certeza?Será que não foi essa sua mania de ser um revoltado que causou isso? De qualquer forma, é culpa de ninguém, Camus sempre foi assim, se algo o incomoda, ele simplesmente se afasta.

Ao contrario do que imaginava, Milo Não estava atiçando nem brigando com ele, falava tranqüilamente, olhando-o nos olhos. O loiro ficou desarmado com essa nova postura do cavaleiro, não era justo, conseguia manter a superioridade da conversa.

- Fala sem pensar muitas vezes, Hiyoga. É a sua fraqueza. Atinge as pessoas sem perceber, e depois se arrepende.

Cisne levantou-se e andou um pouco pelo aposento, ouvindo o moreno falar manso. Encostou-se na parede, com os braços cruzados, olhando fixo para o chão. Milo aproximou-se, ficando de frente para ele.

- Tem a tendência de não saber ao certo o que quer, vive oscilando para ambos os lados. Falta-lhe firmeza nas suas decisões.

Inclinou-se, colocando uma mão na parede, ao lado da cabeça do menino. Hiyoga estremeceu com a proximidade, o outro percebeu sua inquietude. Forçou-o a olha-lo, levantando seu queixo com o dedo indicador.

- Vê? É isso que te incomoda. Não sou eu, mas você. Porque luta contra si próprio? Não é isso que seu corpo quer, que seu coração pede?

Achegou-se mais, encostando a boca na testa do loiro, que pressionou-se mais contra a parede, numa vã tentativa de fuga. A respiração ficou mais rápida, assim como as batidas do coração.

- Não há como escapar do que sente. Se nem Camus conseguiu, porque você conseguiria?

Afastou-se um pouco, o suficiente para encarar Cisne. Logo depois afastou-se rapidamente, sem explicação. Shun apareceu na porta ofegante e assustado, Hiyoga ficou surpreso.

- S-Shun? O que faz aqui?

Não respondeu, estava agitado, devia ter corrido muito até ali. Milo ficou preocupado.

- Respira fundo, calma...O que foi?

- Uma...uma ligação...de...Sorento...

- Fala logo, por Zeus!

- ...é sobre Camus.

- Como?

- Ele está no hospital.

Os dois ficaram em silêncio, pasmos com a noticia, fitando o garoto que ainda se recompunha. Milo sentiu o coração falhar, a visão ficou turva, e balançou para trás. Foi amparado por Andrômeda.

- Mestre!

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O lugar era familiar. Montanhas cobertas de neve e pinheiros estendia-se por todo o horizonte, nevava forte.

A região era inabitada, exceto por um casarão. Perto dele, um pequeno garoto, moreno e de tez pálida, carrega algumas toras pesadas em suas frágeis costas infantis.

A porta da casa foi aberta por um homem já idoso, que espera o menino entrar, para depois fecha-la. Deposita aliviado a madeira no chão da sala grande, suas paredes eram cobertas de estantes carregadas de livros. Alimentou o fogo fraco com as toras que havia recolhido.

O velho sentou-se na poltrona de couro negro, acendendo um charuto e observando o rapazinho. Olhou receoso após cumprir sua tarefa, recebendo um olhar gélido em troca.

Encolheu os ombros e dirigiu-se para a imensa mesa onde pilhas de livros o esperavam pela tarde. Vigiava-o de sua confortável poltrona, sempre com seu charuto na boca, soltando prazerosamente as baforadas.

Chamava-o de "senhor". Não sabia ao certo se realmente aquele homem era seu pai, só sabia que fora criado por ele desde que era apenas um bebê de colo.

Desconhecia outro sentimento ou relação a não ser a que mantinha com essa criatura estranha. Viviam enclausurados naquela jaula aconchegante, sozinhos, afastados de qualquer outro ser. Chegaram a ter uma governanta, mas ao que parecia, ela acabou se metendo onde não devia e acabou sendo despedida.

Fora educado por ele, tanto nas várias línguas e cultura, quanto nas artes da luta e da resistência. Fazia-o ler varias coisas sobre a glória dos cavaleiros da Grécia Antiga, fantasiando em ser como um deles.

Chegando à sua maturidade aos treze anos, o levou até a Rússia, uma terra gelada que só conhecia antes pelos livros e jornais que lia. Ficaram um dia num vilarejo, no seguinte, bem cedo, andaram pela região gélida, indo parar no meio do nada. Para qualquer lado que olhassem, era quilômetros e mais quilômetros de puro branco.

O levou para um lago congelado, escorregando desajeitado pela superfície lisa e molhada. Frente a frente, o menino não entendia o porquê de estarem ali, mas não se atrevia a perguntar, temendo as represálias.

O eterno silêncio entre eles foi quebrado pelo homem, ressoando sua voz forte e firme, que raramente tinha o prazer de ouvir.

- Creio que chegou no meu limite, Camus. Não há mais nada que eu possa ensinar a você. Quero que prove que meus ensinamentos foram bem passados e aproveitados.

O rapaz franziu as sobrancelhas, de que raios estava falando? Após uns minutos, arregalou os olhos surpreso, ele estava falando sério, como sempre. Havia sido treinado esse tempo todo para ser um cavaleiro? Por um momento ficou eufórico, seu sonho iria se concretizar, ia vestir uma armadura, conhecer o mundo. O homem notou sua alegria, e cruzou os braços dando um sorriso sarcástico.

- Sinto desaponta-lo, mas ainda falta uma última prova.

- Sim senhor...- tratou de disfarçar o entusiasmo.

- Quero que me ataque com todas as suas forças, usando tudo aquilo que lhe foi ensinado.

Tomou a posição de luta, incitando a fazer o mesmo. Como o outro demorava para iniciar o ataque, entendeu que ele próprio deveria começar. Partiu com tudo para cima, gritando o nome do golpe.

- Trovão Aurora!

Sem efeito. Foi facilmente repelido, recebendo um contra-ataque, sendo arremessado contra o chão de gelo. Este trincou ante o impacto, Camus estremeceu ao sentir a superfície frágil cedendo. Inesperadamente, o mestre deu um golpe rápido, abrindo um buraco e fazendo o garoto cair no lago.

Afundou facilmente, sentia seu corpo ser puxado mais e mais para o fundo, a água entrava em seus pulmões, estava sufocando. Mas o desespero o fez nadar, mexendo os braços desordenadamente, nem soube como conseguiu chegar na superfície.

Encontrou a figura alta, olhando-o furioso para ele. Tirou-o da água bruscamente, pegando-o pela gola da camisa ensopada. Jogou-o no chão com força, Camus encolheu de medo. Seu corpo tremia e seus dentes não paravam de bater , por causa do imenso frio que sentia. Como ele queria que lutasse? Seu corpo mal se mexia, estava praticamente congelado! O frio daquele lugar era muito superior do que aquele que estava acostumado.

- Você me envergonha, Camus. Não acredito que perdi meu tempo com um traste. Não é digno de usar uma armadura sagrada, nem de usar o meu nome!

O rapaz levantou com dificuldade, não sentia as pernas. As afastou e juntou as mãos, não ia permitir que seu sonho ruísse, não agora.

- Trovão Aurora!

Repelido novamente, impaciente, o homem o fez cair com apenas um dedo.

- O que eu ensinei? Que esses golpes chulos não funcionam contra mim, porque meu nível de poder é superior, terá que usar a Execução.

Olhou-o surpreso, conhecia a técnica, mas infelizmente não conseguira domina-la. Ficara meses e meses sozinho embrenhado numa floresta, tentando, e voltara para casa de mãos abanando. Era preciso atingir o sétimo sentido, o máximo de poder que um cavaleiro poderia alcançar. E sabia que ele estava longe disso...

Apesar de um pouco distraído, conseguiu desviar-se numa fração de segundos do soco, o gelo do seu lado estilhaçou, trincando toda a superfície do lago. Agora nenhum lugar que pisasse seria seguro, o homem sorriu, complicara sua situação.

- A questão é essa: ou me mata, ou você morre. Uma simples regra da natureza, matar ou morrer...

- M-matar?

Lançou mais um golpe, rachando ainda mais o gelo, estava falando sério, muito sério. Desesperado, Camus despejou inúmeros "Trovão aurora", que continuavam sem efeito.

Cansado e sem energias, não se afastou quando o viu se aproximar de si, com um pedaço de gelo em forma de punhal. Enfiou no seu ombro, jorrando sangue para todo lado. Camus caiu ao chão, gritando de dor. O velho mantinha a expressão impassível, levantando a mão com os dedos juntos, imitando uma arma.

- Não merece viver, um inútil como você só atrapalha!

Desceu a mão em direção do seu pescoço, num momento de consciência, Camus repeliu o ataque, tirando o pedaço de gelo da própria ferida e abrindo uma no tórax do agressor.

Surpreso inicialmente, ficou satisfeito com o objeto inesperado cravado no seu corpo. Riu divertido.

- Acha que isso basta? É um ingênuo se pensou isso.

- Não, não basta.

Bem próximos, Camus sequer se deu ao trabalho de tomar distância para lançar o golpe fatídico.

- Execução Aurora!

O corpo do homem voou longe, indo bater numa montanha de gelo, que de partiu em milhares de pedaços. Caiu desfalecido, entre os fragmentos. O menino esperou um pouco, não havia movimento algum. Teria...? Rezou para que tivesse resistido, não era sua intenção.

- Pai!

Correu até o local, tirando os destroços de cima dele. Aliviado, constatou que ainda respirava. Com cuidado, ergueu seu tronco, apoiando-o em si.

- Pai? O senhor está bem?

Entreabriu os olhos, sorrindo ternamente. Acariciou-lhe o rosto gelado.

- Parabéns, estou orgulhoso de você, meu filho. Com certeza será um poderoso guerreiro, e não acabará como eu.

- Orgulhoso? Eu quase o matei!

- Eu já estava morrendo, tinha que deixa-lo pronto para me substituir. Era a última lição que tive de passar, escute isso: não deve nem amar e nem odiar seu inimigo. Os sentimentos atrapalham o desempenho de uma batalha, são armadilhas.

"Criei você como a um estranho, longe dos outros, para que não desenvolvesse as fraquezas que um dia me derrubaram. Minha missão está encerrada, é digno de me suceder. Obrigado..."

Morreu em seus braços, Camus sentiu um inexplicável aperto no coração, algo que não havia sentido antes, por isso não compreendia.

Depois de fazer-lhe um enterro honroso, decidiu aperfeiçoar-se sozinho. Iria viajar por vários lugares, conhecer outros cavaleiros, para então partir para o Santuário e tomar o que era seu por direito. Possuía dinheiro e nome para transitar sem problemas pelos países, o velho tinha planejado tudo direitinho.

A postura elegante e gentil que usava, era uma mascara que escondia a personalidade fria e indiferente que herdara. Em uma de suas viagens, recebeu a noticia de que convocavam cavaleiros de todo o mundo, para um campeonato, os pr6emios eram as cobiçadas armaduras de ouro. Chegara a sua hora.

Como ele, milhares de jovens dirigiram-se ao Santuário. Eram de variadas nacionalidades e estilos de luta, havia um período de treinamento antes que se iniciassem as provas.

Nos dois primeiros dias, manteve-se afastado dos outros. Foi quando conheceu Milo.

Um garoto inquieto e encrenqueiro, mesmo assim atraente, a quem tomara amizade assim que se conheceram. Não desgrudava dele, a toda hora o puxava para lá e para cá, simplesmente não conseguia se livrar dele,. Desistiu de tentar, o que havia de mal?

Como unha e carne, onde um estava o outro também estava. Era tão fácil se soltar com ele, seu entusiasmo o atingia a ponto de abrir a guarda, erro que nunca se permitiu cometer.

Um dia, Milo roubou um objeto de um dos cavaleiros de prata, por molecagem. Tinha raiva de alguns deles, e nessa vingancinha acabou envolvendo Camus na história. O francês só foi saber no que estava envolvido tarde demais, já estavam fugindo da fúria da pequena "gangue".

Esconderam-se nas ruínas longe do templo, despistando os homens. Assim que pareciam estar seguros, Camus quis entender o que acontecia.

- Muito bem, posso saber porque estamos fugindo deles?

- Por causa disso!

Tirou de dentro da calça um bracelete de ouro, cravejado de rubis. O outro pegou o artefato boquiaberto, estava protegendo um ladrão?

- Você os roubou? Milo, isso é ridículo e inaceitável! Por que?

- Ora! Eu tinha que me vingar de alguma forma, num tinha?

- É um maluco...porque ainda ouço você?

- E porque você tem que ser tão certinho, engomadinho? Relaxa! Foi só uma brincadeira...

- Sei...Que arriscou nossos pescoços...

Sentou-se no chão, encostando-se na parede. Assustado pegou a mão de Milo, Havia sangue pingando do cotovelo aos dedos dele.

- Que foi?

- Esta sangrando...

- Ah...um deles deve ter me atingido na fuga, não prestei atenção...AI! não aperta!

- Isso vai infeccionar, aí você vai aprender a parar com essas idiotices!

- Blá blá blá...

Tirou a camisa, rasgando-a em tiras. Milo ficou abobado, aquele doido estava destruindo a roupa, iria pegar friagem, aquela noite ia ser umas das mais frias. Limpou o sangue ainda úmido, e depois amarrou uma tira com força no braço, para estancá-lo.

- Mas...não esta sentindo frio? Meus ossos estão congelando!

- Frio? Esse lugar é quente demais para mim.

- Ah sim...esqueci que você é da classe de cavaleiros do gelo.

O rapaz sorriu matreiro, terminando de ajeitar o curativo. Com um suspiro, Camus deitou-se no chão, improvisando um travesseiro com as folhagens que encontrou. Fechou os olhos, aquela corrida deixou-o fatigado, precisava dormir. Logo abriu-os novamente, Milo tremia feito uma vareta.

Foi buscar gravetos secos, fazendo uma fogueira. Encolheu-se perto do fogo, mas parecia que não adiantara muito.

- Você esta bem, Milo?

- Tudo, é só um pouco de frio, logo, logo eu durmo.

Camus deitou-se novamente, perturbado. Aquela temperatura não o atingia, mas Milo podia pegar uma pneumonia, não importava o quão resistente era seu corpo. Um espirro o fez levantar decidido. Puxou-o para si, o outro ficou confuso.

- Esta melhor, assim?

- Esta quente...esta bom...muito bom...- falou sonolento.

Ruborizou com o comentário do amigo, não sabia o porquê. Milo aconchegou-se mais a ele, escondendo mais o rosto no seu peito nu, caindo no sono profundo. Se já estava com calor, seu corpo pareceu ferver com o contato da sua pele com a outra. Perdera completamente o sono, inexplicavelmente.

Sua vontade era a de passar a noite inteira observando-o dormir agarrado a si, e afundar o nariz nos cabelos macios e despenteados.

Milo curvou o corpo para trás, sentindo espasmos tomarem conta de todo ele. Suado e fatigado, deixou-se cair ao peito nu de Camus, sentindo o coração bater tão acelerado quanto o seu. Aconchegou-se ao amante, sem pudor ou reserva, para cair num sono profundo e recompensador.

Abraçou o Escorpião, afagando os cabelos e observando o rosto sereno. Para si, era o mesmo menino de anos atrás, a quem oferecera abrigo para o frio com o próprio calor.

Abriu os olhos, adormecera? Milo continuava dormindo sobre seu peito, sorriu aliviado. Fechou os olhos, mas rapidamente os reabriu, assustado. Havia fios grudados no seu braço e nariz, um aparelho grande ao lado da cama. Aquele quarto era estranho, branco, com imensas janelas que deixavam a luz da lua passar. A única coisa que reconhecia ali, era Milo debruçado sobe ele, e sentado numa cadeira.

Tentou erguer-se, para sentar-se, mas uma dor intensa percorreu sua cabeça, fazendo-o voltar a deitar-se. Escorpião acordou com a agitação, e abriu um grande sorriso ao vê-lo desperto. Abraçou-o choroso e emocionado, Camus ficou confuso. Não se lembrava do que tinha acontecido, do porque de estar ali.

- Milo...onde...onde estamos?

- No hospital.

- O que?

- Não se lembra?

- Creio que não...

- Não se preocupe, depois eu digo...

Apertou um botão preso á cama, e em pouco tempo várias pessoas vestidas de branco entraram e passaram a examina-lo. Deixando-se, Camus apenas olhava para a figura um pouco afastada, do outro lado do quarto. Não importava o que acontecia a sua volta, estava atraído pelo olhar do amante. Este sorriu divertido com a cena, deixando uma lágrima escorrer pelo rosto.

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CONTINUA
N.A.: xi, marquinho...ta muito ruim, né? Vou terminar logo essa fics, senão vou me complicar mais ainda...

Olha só, nem me dei ao trabalho de revisar, deve ter uma montoeira de erros...desculpem-me. Qualquer duvida, escrevam, ta? kaho.mizuki@bol.com.br  Eu já respondi umas que apareceram por ae, por isso eu sei que vai aparecer mais...