Abençoados são os músicos. Esses filhos de Apolo possuem a capacidade de transformar um ambiente frio e sério em algo alegre e aconchegante. Uma fera se torna um ser manso ao som de sua melodia e até mesmo o curso de uma guerra pode ser mudado com a música. Na mitologia grega, Eurídice caiu de amor aos pés do deus das música, Orfeu. E além disso, os músicos têm o poder de conquistar todos à sua volta. Não há ninguém que escape da sedução de suas notas e da doçura de seus tons. Será? Se é assim então por que eu não consigo tocar o coração daquele a quem amo? Por que eu, sendo filho de Apolo, não consigo fazer minhas notas soarem no coração de meu amado? Por que?
Mime se fizera essas perguntas várias vezes. A sua frustração por não conseguir tocar o coração de Siegfrid não tinha tamanho. Não sabia mais o que fazer e como essa dor o perseguia. Há anos é assim . Começou quando ainda era bem criança, tinha uns cinco anos mais ou menos. Durante uma brincadeira, Siegfrid, se querer, acabou esbarrando em Mime e tocou os seus lábios nos dele. Aquilo foi o suficiente. O menino de cabelos alaranjados, mesmo não tendo muito entendimento das coisas, sentiu os seus lábios queimarem àquele toque tão travesso e inocente e desde então nunca conseguiu esquecer aquela sensação. Até hoje Mime sente este mesmo calor em sua boca. À medida em que foi crescendo, a doce e atrevida sensação foi passando dos lábios para o coração. Siegfrid foi o primeiro e único amor de Mime. Embora ele fosse cortejado por moças e rapazes belíssimos em Asgard, conscientizou - se de que não poderia pertencer a mais ninguém a não ser o guerreiro – deus de Alfa. "Como entregar-se a uma pessoa se seu coração pertence a outra?" Este era o pensamento do guerreiro - deus de Eta. Só se entregaria se fosse ao seu amor.
Mas como entregar-se a alguém que nem sequer nota a sua existência?
Mime resolveu tentar mais uma vez. Já ouvira dezenas de "nãos" saídos da boca de seu amado toda vez que lhe falava de seus sentimentos. Sabia do caso que ele mantinha com Hilda, e que ela o amava e ele parecia corresponder a esse amor. Mas ainda sim nutria esperanças. Mantinha em seu coração o sonho de que seu amor seria correspondido, nem que fosse apenas por uma única vez na vida. Partiu confiante de sua cabana. Em uma das mãos, a harpa. A companheira inseparável, sua melhor amiga e confidente do qual as notas musicais pareciam ser captadas direto do coração do seu dono.
O momento era oportuno. Siegfrid costuma treinar numa das colinas próximas à casa de Mime. Este não demorou muito à encontrá-lo.
Siegfrid ensaiava uma técnica nova. Um tipo de golpe do dragão que persegue o inimigo em qualquer lugar do universo. Basta sentir o cosmo do adversário e o dragão o perseguirá. Era uma técnica que exigia grande força e concentração. Mime se escondeu um pouco nas árvores para poder ver o seu amor em incógnita. No momento em que Siegfrid invocava seu novo golpe, todos os seus músculos ficavam à mostra. Como ele era lindo! O homem mais lindo de toda Asgard. O coração de Mime parecia que não iria agüentar de tanta emoção, admiração e paixão. Saiu de seu esconderijo e aproximou-se para cumprimentar o guerreiro – deus de alfa.
__ Como vai, Siegfrid. Vejo que tem mais um golpe a acrescentar no seu currículo. Hilda vai gostar de saber que o guerreiro – deus mais forte dela está ficando cada vez mais poderoso.
Siegfrid agradeceu ao elogio com um radiante sorriso. O mais belo sorriso que se pode imaginar.
__ Que bom que você acha isso, Mime. Eu espero com isso proteger Hilda e Asgard cada vez mais.
De repente os olhos de Mime baixaram. Ele sabia que Hilda era uma adversária sentimental forte. Notava isso pela empolgação com o qual Siegfrid falava dela. Era de cortar o coração. Achou melhor ir direto ao assunto.
__ Siegfrid, tem algo que eu quero te falar.
__ Pois então fale. Sou todo ouvidos.
__ Na verdade eu venho falando sobre isso com você à anos. Você já deve até imaginar sobre o que se trata.
__ Agora você me deixou preocupado. Fale. Sobre o que é?
Mime respirou fundo e olhou Siegfrid bem nos olhos.
__ É sobre os meus sentimentos por você. Eu não consigo tirar você da minha cabeça e muito menos do meu coração. Não consigo me imaginar com mais ninguém que não seja você. Eu ... eu te amo.
__ Que bom que você sente tudo isso por mim. É o mesmo que eu sinto por você.
Os olhos de Mime se arregalaram. Ele mal podia acreditar no que estava ouvindo. Siegfrid estava dizendo tudo aquilo de coração ou estava apenas brincando com os seus sentimentos?
__ Mas ... mas se você sente por mim o mesmo que eu sinto por você, por que não me disse nada antes? Por que me negou esse tempo todo?
Siegfrid olhava fixo nos olhos de Mime. Seus belos olhos rubros, grandes e apaixonados.
__ Não tive coragem. A minha fixação em proteger Hilda e Asgard era tão forte que eu não me permitia envolver com mais nada que não dissesse respeito a isso. Acabei fechando minha mente e meu coração. Principalmente quando houve aquela batalha com os cavaleiros de Atena e com Sorento. Só depois que Odin nos ressuscitou é que eu pude avaliar as minhas ações e perceber quantas coisas importantes eu deixei de lado. Uma dessas coisas é você, Mime.
Mime ficou atônito. Ou aquilo era um sonho ou ele estava delirando.
__ Mas por que você não me procurou antes? Por que continuou calado apesar disso?
__ Achei que depois de tantos foras você tinha desistido de mim, então pensei que não era mais digno de pedir o seu amor.
Naquele momento, os olhos de Mime abandonaram o seu aspecto de surpresa e se esvairam em lágrimas. Finalmente o seu sonho estava sendo realizado. O seu amor estava sendo correspondido após tantos anos de indiferença. Ao ver o pranto de seu amado, Siegfrid lhe acariciou o rosto, procurando secar-lhe as lágrimas.
__ Por que chora? Pensei que isto o deixaria feliz.
__ Eu estou feliz. São lágrimas de felicidade. Finalmente você reconheceu o meu amor...
Siegfrid, então, pôs os dedos delicadamente sobre os lábios de Mime, silenciando – o . O silêncio só foi cortado pelo som de um doce e ardoroso beijo que os jovens trocavam. O mundo parou para eles naquele instante. Era como se não existisse mais nada além deles. Quando Siegfrid se afastou, extasiado, Mime continuou parado, de olhos fechados e lábios entreabertos, como se imaginasse que aquele beijo iria durar para sempre. Um estalar de dedos de Siegfrid fez com que ele "acordasse".
__ Mas e Hilda? Sei que você se relaciona com ela. E o seu amor por ela?
__ Eu não a amo. Gosto de estar com ela porque é muito bonita e divertida. Mas fora isso, não possuo nenhum outro sentimento profundo. A não ser o senso de proteção, por ela ser a representante de Odin na terra.
Mime sorriu. Hilda, por fim, não era a forte rival que ele pensava ser. Parecia que tudo estava se tornando favorável a ele. Hilda fora do caminho; seu amado finalmente reconhecendo que o ama. Esse pensamento se traduziu num sorriso profundo, doce e feliz. Como confirmação de que tudo o que estava acontecendo era verdade, ele tocou novamente os lábios de Siegfrid com os seus.
O calor da paixão e do êxtase inundou os corpos dos dois guerreiros. O doce ósculo foi se tornando cada vez mais intenso e ofegante. Suas línguas se encontravam numa maravilhosa e sensual dança, como se possuíssem uma a outra. A forte respiração se tornou cada vez mais pesada, traduzindo em sons a sensualidade molhada daquele beijo. Os lábios de Siegfrid, então, soltaram-se suavemente dos de Mime e deslizaram úmidos pelo rosto até o pescoço do belo músico. Este sentiu o fogo da excitação percorrer-lhe todo o corpo, desde os pés até a cabeça. Arrebatado pelo êxtase, Mime não percebeu que deixou sua harpa, sua companheira inseparável, escapar-lhe das mão até o solo. Agora ele não conseguia pensar em mais nada a não ser no grande prazer que era ser tocado e beijado pelo maravilhoso guerreiro de cabelos da luz do sol. Como era delicioso ter aquela boca tão quente e gostosa percorrendo o seu pescoço. Se apenas nesse lugar Siegfrid já provocava esse prazer todo, imagine no resto do corpo. Como seria ter aquela língua percorrendo os seus cantos mais secretos, invadindo-o com toda a paixão que lhe era permitido até desfalecer com o prazer total?
Esses pensamentos fizeram o fogo de Mime arder ainda mais. Suspirou extasiado quando Siegfrid acariciou seu peito, sentindo o intumescer de seus mamilos por cima da roupa. Quis retribuir a deliciosa e ousada carícia deslizando suas mão pelas nádegas pequenas e macias do seu futuro amante, porém foi interrompido por este, surpreendentemente.
__ Que foi? Por que não deixa eu te tocar?
__ Eu ... eu não devia ter começado isso aqui. Estamos muito expostos. Acho melhor esperar até irmos a um lugar mais reservado.
__ Que bobagem, meu amor. Estamos numa colina deserta, no meio da neve. Ninguém vai nos aborrecer aqui.
__ Sim , talvez. Mas...
__ Nada de mas, querido. Eu não posso esperar nem mais um minuto. Vem, me faz sentir o calor da sua boca mais uma vez. Vem...
Dizendo isso, Mime Puxou Siegfrid para perto de si e arrancou-lhe um outro beijo, cândido e ao mesmo tempo cheio de sexo. Tocou maravilhado o belo peito do seu loiro guerreiro- deus e enquanto ia sentindo a maciez de cada músculo dele, desabotoava a sua túnica delicadamente. Siegfrid correspondeu ao toque de seu amado fazendo o mesmo. Tiravam uma peça de roupa equivalente a do outro, descobrindo pouco a pouco a beleza de seus corpos. Até que finalmente ficaram nus. Siegfrid não conseguia conter a sua admiração. Como Mime era lindo! E pensar que durante tanto tempo ele o dispensou, desprezando sem dó os seus sentimentos. Agora finalmente ele tinha a chance de reparar esse erro e oferecer a Mime todo o amor e carinho a qual ele tinha direito.
__ Está nervoso? Perguntou docemente.
__ Não. Estou ansioso. Finalmente nós seremos um só, meu amor. Você me pertencerá e eu pertencerei a você.
Siegfrid segurou o seu futuro amante de cabelos alaranjados no colo e o deitou com suavidade na neve. E depositou beijos tão leves no rosto do belo músico que mais pareciam o suave pousar de uma borboleta. Começou pela testa, indo depois para os olhos, o nariz, as bochechas, o queixo e foi descendo sensualmente em direção ao pescoço. Então junto com os lábios, sua língua deslizava novamente em sua pele quente e sensível, provocando-lhe as mais deliciosas sensações.
Mime se contorcia e suspirava extasiado. Parecia que ia desmaiar de tanto prazer. Siegfrid continuou com a carícia, descendo do pescoço até o peito, indo em direção aos belos mamilos intumescidos de seu amante. Ele beijava, chupava, lambia vagarosamente ou em círculos rápidos. Mas queria mais que isso. Queria sentir cada centímetro da pele cheirosa e macia de seu amor, por isso continuou os beijos e lambidas por todo o peito até chegar no ventre. Os gemidos de Mime ficavam mais altos e intensos, demonstrando todo o seu prazer.
__ Aaahh!!... isso meu querido ... me chupa todo ... me faz seu aqui, agora...aahh!!... assim...
Essas palavras faziam o pênis rijo de Siegfrid pulsar ainda mais, ansioso por invadir o corpo daquele belo rapaz de cabelos laranja. Sua boca ia descendo cada vez mais e mais. Passou a lamber a parte interna das coxas e depois os testículos macios, até que finalmente abocanhou o membro ereto e teso de seu amante. Indo com movimentos cada vez mais rápidos, a deliciosa felação fez Mime delirar. Querendo também ver o êxtase de seu amado, Mime agarrou seu pênis e começou a esfregá-lo em movimentos rápidos e firmes, arrancando suspiros extasiados de Siegfrid.
__ Siegfrid, querido ... aaahhh!! ... me come... vai... eu quero sentir você todo dentro de mim ... anda querido... me faz seu, me faz seu...
Essa frase contínua deixou Siegfrid ainda mais louco.
__ Me faz seu ... me faz seu... me faz seu ...
Não resistindo mais a esse pedido insistente, Siegfrid levanta as torneadas pernas de seu querido Mime e as afasta ainda mais, revelando a gruta do amor do músico guerreiro. Com uma lambida lenta e provocante, ele lubrifica o delicioso caminho e atende ao insistente pedido de seu amante introduzindo parte de seu membro naquele buraquinho piscante.
__ Aaahh!! ... isso...assim meu amor...enfia tudo... entra bem gostoso em mim...
Siegfrid obedeceu ao excitante pedido. Primeiro com um vai e vem suave mas intenso o suficiente para alargar ainda mais aquela entradinha virgem e tão desejosa. Quando percebeu que Mime já estava bem largo, ele o invadiu todo num único movimento, forte e vigoroso. O guerreiro – deus de Eta se segurou ao máximo para não gozar naquele momento. Queria sentir o seu Siegfrid dentro se si por mais algum tempo.
E Siegfrid recomeçou o vai e vem com estocadas cada vez mais fortes, mais rápidas, e provocava a viga tesa de Mime ao comprimi-la com os seus ventres colados. Mime puxou o seu loiro adorado para mais um beijo. Suas línguas se enroscavam mais uma vez enquanto as estocadas se mantinham mais fortes, mais intensas, mais provocantes.
Até que Siegfrid se desvencilhou do sensual beijo e mordeu com força o pescoço de Mime. Foi o suficiente para que o jovem de Benetona atingisse o clímax e inundasse o peito de seu amado com seu fluído maravilhoso; prova de seu prazer. Ao sentir que seu amado finalmente gozara, Siegfrid não resistiu e também explodiu de prazer, preenchendo Mime por inteiro com seu líquido do amor.
__ Ainda bem que não me entreguei a ninguém antes de você, meu amor... Foi maravilhoso pertencer somente a você... Eu sou e sempre serei somente seu.
__ E pensar que eu te rejeitei durante tantos anos. Como fui idiota! Pensar que esse corpo delicioso podia ter sido meu a mais tempo.
Ambos deitaram-se na neve, extasiados. Mime recostou a cabeça no peito de seu amor. Seus cabelos eram acariciados lentamente enquanto eles adormeciam, relaxando do amor tão gostoso que acabaram de fazer.
Quando acordou, Siegfrid não viu Mime ao seu lado. Poderia tudo ter sido um sonho? Não. Ele estava nu. Suas roupas estavam espalhadas pelo chão e o perfume de Mime impregnava o seu corpo. Então aonde estava o seu amado?
Logo após pensar nisso, Siegfrid ouviu uma bela música soar ao longe. Uma música alegre, apaixonada. Como se mostrasse toda a felicidade do músico que a tocava. Imediatamente reconheceu o seu querido Mime, pois a lindíssima melodia era entoada por uma harpa. Vestiu-se rapidamente e correu em direção à música na ânsia de encontrar o seu amante.
A maravilhosa melodia enchia toda a colina e parecia inebriar todos os seres vivos que a ouviam. Flocos de neve caíram então, enfeitando a corrida do guerreiro – deus de encontro a seu querido músico e aumentando a poesia do momento.
Finalmente o encontrou. Mime estava sentado num tronco de árvore caído, dedilhando sua inseparável amiga. Seu rosto, tão luminoso, trazia estampado um sorriso típico de um apaixonado que teve o seu amor reconhecido. Siegfrid neste instante contemplou uma das mais belas cenas que já vira em sua vida. Aproximou-se calmamente de seu amor fazendo o belo jovem interromper a sua doce música e oferecer ao protetor número um de Asgard o mais belo dos sorrisos, que só foi interrompido devido a mais um enamorado beijo.
__ Não vi você ao meu lado e me assustei. Pensei que tinha ido embora.
__ Embora? Sem você? Não. Nunca mais. Vou ficar ao seu lado para sempre.
__ Que bom! Porque é assim que quero ficar com você de agora em diante.
Olharam-se durante algum tempo, contemplando a beleza de seus rostos. Finalmente eram um só e nada mais podia separá-los.
__ Que música linda você estava tocando.
__ Compus agora.
__ Por favor, continue tocando.
Siegfrid não precisou pedir novamente. Seu pedido logo foi atendido e a bela música voltou a encher a colina.
__ Que tipo de música é? Uma de amor, eu suponho.
__ É um réquiem.
__ Um réquiem? Como pode tocar um réquiem depois de tudo o que aconteceu entre nós?
__ Mas é também uma música de amor.
__ Agora eu não entendi. Como um réquiem pode ao mesmo tempo ser uma música de amor?
__ Antes o que você sentia por mim era a indiferença e o meu coração doía por meu amor não ser correspondido. Agora a indiferença se foi e você me ama. Ao mesmo tempo em que estou celebrando o nosso amor estou celebrando também a morte dessa dor.
Ao ouvir tais palavras, os olhos de Siegfrid se encheram de lágrimas. Ele percebeu dentro de seu coração que era exatamente isso o que a música queria passar. Sentou-se no tronco, abraçou seu querido músico por trás e depositou vários beijos em seus cabelos.
__ Eu te amo, Mime. Sempre te amarei. Por favor, continue tocando. Continue celebrando o nosso amor.
__ Claro, meu querido. Também sempre te amarei.
E assim permaneceram por todo o fim do dia. Juntinhos e apaixonados. Siegfrid abraçava amorosamente seu querido Mime, enquanto ele continuava dedilhando sua eterna amiga, a harpa, e encantando a colina com o seu maravilhoso réquiem.
Seu réquiem para a morte da tristeza.
Seu réquiem para o fim da indiferença.
Seu réquiem para um amor não correspondido.
FIM