Encontro ou Reencontro?
CAPITULO 5
Era tarde da noite quando terminaram, voltando exaustos para a casa de Kuwabara.
- Vamos ter mais um trabalhão para achar e pegar aquele traficante!- Yusuke se jogou no sofá.
Ficaram em silêncio, na sala escura. Shizuka apareceu de pijamas e acendeu a luz.
- O que vocês estão fazendo no escuro?- ninguém lhe respondeu, notou o desânimo do grupo.- Chegaram tarde, como foi a missão?
- Foi um fracasso, não é mesmo?- Yusuke olhou para Yuri com sarcasmo.
- Vai continuar insistindo nessa mentira?- desistiu de discutir- Certo, para sua felicidade essa é a primeira e última missão que eu participo com vocês. Koenma, vou trabalhar sozinha, quando tiver um servicinho sobrando, me chama.- levantou-se e se dirigiu para a porta.
- Ah, já vai embora?- Shizuka se interpôs no seu caminho.- Não quer ficar para um chá, uns biscoitinhos?- disse sorridente.
- Dá um tempo! Ta tarde para comer!- Kuwabara reclamou.
- Ofereci para você?- olhou-o fulminante e voltou-se toda doce para Yuri( doce? Acho que exagerei...).- e então, fica mais um pouco...
Estavam todos assustados, o que acontecia? Nunca fora tão simpática, estaria doente. Kurama sabia muito bem do que ela sofria, estava era flertando com Yuri, e ela correspondia com uma certa delicadeza.
- Agradeço.- sorriu- mas preciso ir, tenho que acordar cedo. E a dona da pensão me mata se perceber que eu cheguei tarde.
- Eu te levo.- Kurama se levantou.
- Não!- estava com os nervos à flor da pele, não conseguiria ficar dentro de um carro com Kurama, não depois do que aconteceu.- Vi que não estamos longe da pensão, dá para ir a pé.
- Nessa escuridão, é perigoso.
- Sei perigoso para uma menininha!- se irritou- Céus, eu sei me cuidar sozinha, fiz isso a minha vida inteira!- fechou a porta atrás de si.
- Hiei.- Kurama lançou-lhe um olhar, e o youkai logo entendeu.
- Certo.- partiu para segui-la.
- Me-menininha?- Shizuka titubeou.
- Pois é...- Kurama olhou para o teto...
- O que ela quis dizer com aquilo?
- Yuri foi criada num orfanato, a mãe dela a abandonou. Preferiu se virar do que ficar esperando que alguém cuidasse dela ou a adotasse. Por isso ficou irritada, odeia quando acha que alguém insinue que é indefesa.- Koenma explicou.
- Tenho de reconhecer que ela é bem ágil e habilidosa.
- Uma das minhas melhores detetives, com 3 anos se comunicava com espíritos, aos sete fora convocada a caçar fantasmas e youkais errantes pelo Ningenkai. Acabou contraindo uma personalidade solitária e rebelde, por isso pode ser difícil lidar com ela.
- Como ela aprendeu aquela técnica de combate, a do pêndulo?- Kurama continuava intrigado.
- Não sei, conheceu tantos youkais, algum deles deve tê-la ensinado, quem sabe?
- Está tarde!- Yusuke bocejou- Vamos dormir.
Caminhava com as mãos nos bolsos, de cabeça abaixada. Parou de súbito.
- Sai daí Hiei. Não gosto que fiquem me seguindo escondido na escuridão, me dá uma péssima sensasão.
O koorime desceu de um muro, sem fazer barulho.
- Koenma te mandou?- pegou uma flor e passou a desmembra-la.
- Não, foi Kurama.
- Suichi?- "quem ele pensa que é?"
- ...
- Fala alguma coisa, garoto!
- O que?
- Sei lá! Qualquer coisa, isso aqui ta silencioso e escuro demais- encolheu os ombros.
- Não vai me dizer que está com medo...- zombou.
- Medo? Eu? Que é isso, só está me incomodando um pouco.- a verdade é que lembrava o pesadelo que vinha tendo.- vai para a casa de Suichi hoje?
- ...
- Perdoa ele, foi um engano. Seria uma pena perder um amigo como ele.
- Hn.
- Se quiser eu posso continuar trazendo doces da Ami, são deliciosos, não são?
- Não me interessa o que você faz.- disse indiferente.
- Tem razão, não é justo com ela. Estou me aproveitando da boa vontade dela.
Hiei fez uma cara de menino emburrado.
- Há há, não fica assim...Suichi cozinha, pede para ele fazer.- parou de andar.-Chegamos. Agradeço pela agradável companhia.- colocou a mão na cabeça do pequeno, desmanchando levemente o cabelo espetado.- Tchau.
Continuou no mesmo lugar, até que ela entrasse
na casa. Levou a mão ao cabelo, ele tinha permitido que chegasse
perto e o tocasse. Apenas à Kurama isso era permitido, precisava
manter-se frio como fazia com todos. "Garoto? Isso que ela pensa que eu
sou?"
Passaram-se duas semanas. Yuri ficara um pouco distante de Kurama, estava fria com ele, sem motivo aparente. "O que eu fiz para merecer isso?", olhava-a de seu lugar.
Continuava a mesma em relação às outras pessoas do trabalho, ainda flertava com as meninas assanhadas. Aquilo era só com ele. Quando falava com ela, simplesmente metia a cara no computador e respondia apenas o necessário. Falava tão pouco que até parecia seu koibito.
Descobrira o que o fez voltar a pensar em Kuronue, foi quando conheceu Yuri. Ela o lembrava, os olhos azuis escuros, alongados, o sorriso zombeteiro, e ainda tinha aquele maldito pêndulo. Percebera também que possuía agilidade e habilidade de um ladrão, tinha experiência o bastante para afirmar isso.
Koenma lhe dissera que talvez um youkai a tivesse ensinado, será que...? "E se Kuronue sobreviveu? Poderia tê-la ensinado na arte do pêndulo e do roubo.", franziu a testa,"seria o youkai que a acompanha, e que Koenma odeia que fique perto dela?" Essa história tinha de ser tirada a limpo.
"Aaah! Vai ter de acabar com essa frescura, eu não tenho tanta paciência!" Foi até Yuri e sentou-se a seu lado. Percebeu sua irritação.
- O que foi que eu fiz?
- Porque está perguntando?
- Ficou fria comigo, só comigo.
- Ah, é? Puxa, pensei que estivesse sendo polida.
- Demais!- viu Yuri virar o rosto para o outro lado- Desculpa, pelo o que quer que eu tenho feito.Não te conheço direito, por isso não sei como você reage a certas coisas. Que tal consertar isso?
- ...
- Sabe aquele milionário que não conseguimos pegar?- esperou o sinal afirmativo- Acho que encontramos o seu comparsa.
- Que bom- respondeu indiferente.
- Eu estava falando co Koenma, e ele concordou comigo de que você seria muito útil...
- Suichi, eu já disse, ou você é surdo? Esquece.
Kurama aproximou os lábios da sua orelha, sentiu aquele arrepio de novo, ao sentir o hálito quente contra a pele. Era justamente daquela sensação que vinha fugindo!
- Vamos para o Makai, se trata de um youkai.
- Jura?- os olhos de Yuri brilharam- Vão para o Makai?- logo desanimou- Boa sorte, então. Uma pena eu não poder ir.- disse num muxoxo.
- Pena, né?- deu-lhe uns tapinhas no ombro e se levantou. Foi impedido por um puxão na camisa.
- Eu...avisa o Koenma que eu vou.- disse sem graça.
- Claro.- sorriu-lhe.
- Charlie, eu vou para o Makai!- abraçou o youko, derrubando-o.
- Ai, ai, ai! Desce de cima de mim! Você ta pesada!
- Está insinuando o quê?- levantou o punho.
- Nada, he he.- se defendeu.
- Hnf!
- Vai para o Makai? E pode?
- Posso, vou numa missão.
- Sozinha? Eu te acompanho.
- Não, eu vou com o grupo de antes. Mas você pode vir.
- Melhor não, o da chupeta num vai com a minha cara. Mas prometo ficar por perto, se precisar de mim...- se esse tal de Suichi ia, seria melhor ficar de olho nele.
- Beleza!
- Novidades?
- Que novidades?
- Sobre o ruivo! Dá para saber se ele é o...
- Não...O amigo dele não abre a boca, o comportamento de Suichi nãon condiz com o esperado, a única pista é que Koenma e os outros o chamam de Kurama, mas pode ser um mero apelido. Acho que vou desistir.
- Não faça isso! Olha, os youkos dominam as plantas, transformando-as em armas e em outras coisas. Você já me viu fazendo isso...Preste atenção, não viu ele lutando para valer, viu?
- Não...Tem razão, ainda é
cedo para se afirmar qualquer coisa!- animou-se.
Estava no Makai, o mundo onde sempre imaginara como seria, desde pequena. Um lugar sombrio, cheio de demônios, de raças diferentes. Palco de grandes batalhas selvagens, entre poderosos das trevas!"Alguém me belisca."
- Vamos logo, Yuri.- a voz de Koenma a tirou do seu devaneio.
- Falta o Hiei ainda.
- Ele já se encontra no território inimigo.
- Com Mukuro!- Kurama disse com desdém.
Ao chegarem no local, uma batalha se realizava. Hiei e Mukuro lutavam com inúmeros youkais, em cima de um despenhadeiro.
O grupo observava-os de baixo, não havia como chegar lá em cima. À medida que os inimigos investiam nos ataques, mais os dois se aproximavam da ponta. Mukuro olhou para o precipício abaixo de si, uma distração que bastou para que um youkai conseguisse ataca-la. O chão sumiu sob seus pés, e Hiei a viu desaparecer de vista. Com apenas um golpe, jogou todos para longe, e debruçou-se sobre a ponta. Mukuro conseguira se salvar, segurava-se nas pedras, pendurada. Mas suas mãos e pés não tinham um apoio firme, escorregava.
- Ela vai cair, é muito alto.
- Hiei não vai conseguir pegá-la, estão muito longe um do outro!
Enquanto o grupo falava entre si, Yuri havia se aproximado do despenhadeiro, ficando logo abaixo de Mukuro.
- Pula!- gritou.
Ouvindo tal absurdo, olhou para baixo tentando ver o cretino que havia gritado. No mínimo, devia ter sido Kurama.
- Está doido?
- Eu te pego, confie!
- Pega uma ova! Isso é ridículo, é suicídio. Droga!- se segurava pelas pontas dos dedos. Não agüentou e acabou soltando.
Caiu numa grande velocidade, mas Yuri conseguiu pegá-la, como prometido. Mukuro manteve-se encolhida nos seus braços, tremendo como uma vara.
- Que maluquice foi essa?- Kurama estressou.
- Ora, se eu tivesse parado para pensar ela estaria morta! Pelo jeito vocês não iam se mexer para salvá-la.
Ouvindo as vozes, Mukuro abriu os olhos. Ficou ruborizada, um rapaz a segurava. Por instinto teria pulado de seu colo e assumido sua superioridade. Mas havia algo que a mantinha naqueles braços protetores, aconchegantes.
- Você está bem?- sorriu-lhe gentil, um sorriso tão lindo...
- E-estou...- não, não estava, seu coração estava batendo forte. Havia se esquecido das pessoas em volta deles.
- Desculpa, foi perigoso, mas era a única idéia que me veio à cabeça.
- ...hu-hum.- fora mais um suspiro que uma resposta.
Ninguém estava entendendo nada, mas Kurama já havia se tocado. "Mas que atrevida, além de monopolizar Hiei, agora dá em cima de Yuri, isso é demais!"
- Tem certeza de que está bem?- Yuri estranhava o comportamento dela.
- Você me salvou...- murmurou.
- Dá um tempo, Mukuro!- explodiu Kurama- Você ia sair dessa sem ajuda. Aquele precipício não era assim tão perigoso para você, sabe muito bem disso!
- Vai para o inferno!
- Acabou a mamata, vai descendo daí, vai!
Mukuro desceu furiosa, fuzilando Kurama com o olhar. Hiei chegou a tempo de presenciar a animosidade entre os dois. "Já começaram?", revirou os olhos.
- O que foi aquilo, Hiei? Com quem lutavam?- Yusuke decidiu acabar com aquela briga.
- Com os capangas, nos descobriram há pouco tempo.
- Então ele sabe que estamos aqui.
- Mas duvido que vá fugir como o seu sócio, tem proteção de youkais de níveis A e S de poder. E depois, estamos no território dele, o que nos dá desvantagem.
- Isso aqui parece mais um labirinto, vai ser difícil chegar nele.
- Vamos nos dividir em dois grupos, o que conseguir sinaliza para que o outro possa localizá-lo, certo?
- Certo, vem Yuri.- Kurama a puxou para o eu lado.- Hiei?
- Eu vou com vocês.- Mukuro se prontificou.
- Não vai, não. Vai com o outro grupo, só tem Yusuke e Kuwabara nele.
- E Koenma, não conta?
- Não, ele não luta.
Relutante e fumegando de ódio, teve de concordar. Fazer escândalo na frente deles não era uma boa idéia agora, mais tarde iria pegar aquela raposa de jeito.
- Vamos ficar com a enfezadinha?- Kuwabara sussurrou para Yusuke.
- Veja pelo lado bom, ficamos com uma, enquanto que Kurama fica com dois enfezadinhos.- sussurrou de volta.
Cada grupo tomou um caminho oposto.
- Escuta, Hiei.- se aproximou do pequeno- porque ele está to agitado assim?-apontou para Kurama, que estava mais à frente cortando as plantas do caminho, como se estivesse desmembrando alguém.
- É uma história complicada...- disse meio sem jeito.
- Tem a ver com Mukuro, a moça que estava com você, não é?
- ...- apenas revirou os olhos para cima, disfarçando.
- Hum...- lançou-lhe um sorriso zombeteiro-
acho que já entendi...que rivalidade!
CONTINUA